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Lynne Tracy defende diálogo com o Governo de Moscovo

A nova embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy, a primeira mulher a exercer o cargo, defendeu, segunda feira, o diálogo com o Kremlin (Presidência russa), apesar da "tensão sem precedentes" entre as duas potências.

31/01/2023  Última atualização 06H00
Embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy © Fotografia por: DR
"A embaixadora Tracy atribui especial atenção à manutenção do diálogo entre as capitais dos nossos países, num período de tensão sem precedentes", indicou a Embaixada dos Estados Unidos na plataforma digital Telegram.

Lynne Tracy, que chegou na semana passada a Moscovo, depois de ser aprovada pelo Senado (câmara alta do Congresso), também centrará o seu trabalho nos cidadãos norte-americanos detidos em território russo e na promoção das relações entre os povos russo e norte-americano.

A diplomata foi recebida ontem na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo pelo vice-ministro, Serguei Riabkov, a quem entregou as suas cartas credenciais.

Segundo a agência oficial RIA Novosti, a visita de Tracy não durou mais que meia-hora, após o que deixou a sede da diplomacia russa sem fazer declarações à imprensa.

"A chefe da missão diplomática norte-americana foi informada de que o actual rumo de confrontação de Washington é contraproducente e trará inevitavelmente consequências negativas", declarou, por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Os dois diplomatas abordaram o estado das relações bilaterais, "que ultimamente se agravaram de forma dramática por culpa de Washington", acrescentou.

"A parte russa espera que a embaixadora cumpra estritamente, nas suas actividades, a legislação russa, respeite as nossas normas e práticas e se mantenha fiel ao princípio de não-ingerência nos assuntos internos do país em que se encontra", sublinhou ainda.

Nas imediações da sede do MNE russo, esperavam a nova embaixadora norte-americana vários jovens que se pronunciaram contra a política da Casa Branca.

Antes de receber a embaixadora norte-americana, Riabkov afirmou que não faz sentido falar com Kiev ou com os seus "marionetistas" depois de os Estados Unidos e seus parceiros terem decidido fornecer à Ucrânia tanques e veículos blindados.

Lynne Tracy é a primeira mulher a assumir o cargo de embaixadora dos Estados Unidos na Rússia e sucede a John Sullivan, que deixou Moscovo em Setembro passado, após três anos de missão no país.

Anteriormente, embaixadora na Arménia, Tracy fala russo e foi a "número dois" da representação diplomática norte-americana em Moscovo entre 2014 e 2017.

Diplomata de carreira, ocupou também o cargo de "número dois" na Embaixada dos Estados Unidos no Turquemenistão e trabalhou igualmente nas do Paquistão, Quirguistão e Cazaquistão. Foi, além disso, assessora sénior sobre a Rússia no Departamento de Estado e sub-secretária de Estado adjunta para a Ásia Central.

  Ucrânia nega progressão de forças russas

A Ucrânia contestou, ontem, informações avançadas por responsáveis russos e negou que as suas tropas estejam a avançar em direcção à cidade de  Vougledar, no Leste da Ucrânia, onde os combates se intensificaram recentemente.

"As nossas unidades continuam a avançar (...). Unidades estabeleceram-se no leste de Vougledar e os trabalhos continuam nas imediações", afirmou, ontem de manhã, o responsável da Rússia na região de Donetsk, Denis Pushilin, citado por agências russas. Um porta-voz do exército ucraniano nesta região, Yevguen Ierine, afirmou, porém, à agência noticiosa France-Press (AFP) que os ataques russos na área falharam.

Segundo a fonte, as forças ucranianas conseguiram repelir os russos com "armas de fogo e artilharia". "O inimigo não registou sucesso e recuou. Não perdemos as nossas posições", sustentou Yevguen Ierine.

Por sua vez, Denis Pushilin afirmou que o exército ucraniano entrincheirou-se numa área que tem "um grande número de instalações industriais e edifícios altos", o que facilita as operações defensivas.

"Presumimos que o inimigo resistirá", prosseguiu o representante. O Ministério da Defesa russo disse apenas vagamente que as suas tropas "tomaram posições mais vantajosas" nos arredores de Vougledar ao infligir perdas às forças ucranianas.

Vougledar, uma cidade mineira que tinha 15.000 habitantes antes da ofensiva militar russa, está localizada a 150 quilómetros a sul de Bakhmout, província de Donetsk, uma das zonas mais intensas da guerra na Ucrânia nos últimos meses, com um elevado número de baixas de ambas as partes. Denis Pushilin disse que "combates ferozes" prosseguiam perto de Bakhmout, mas era "muito cedo" para falar sobre um cerco da cidade pelas tropas russas.

"A luta está em andamento, estamos a manter as linhas de defesa infligindo-lhes perdas", disse à AFP outro porta-voz militar ucraniano, Sergey Tcherevaty.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no domingo que Bakhmut, Vougledar e outras áreas da região de Donetsk estavam sob "constantes ataques russos".

O Kremlin (Presidência russa) prometeu conquistar toda a região de Donetsk depois de reivindicar a sua anexação em Setembro, juntamente com outras três regiões ucranianas: Lugansk no Leste, Kherson e Zaporijia, no Sul.

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