Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, fez a radiografia do sector, dando ênfase aos avanços registados em 22 anos de paz. Neste período, houve aumento do número de camas hospitalares, de 13 mil para 41.807, e da rede de serviços de saúde, que tem, actualmente, 3.342 unidades sanitárias, das quais, 19 hospitais centrais e 34 de especialidade. Sobre a realização de transplantes de células, tecidos e órgãos humanos, a ministra disse que, com a inauguração de novas infra-estruturas sanitárias e a formação de equipas multidisciplinares, o país está mais próximo de começar a realizar esses procedimentos
Assume-se como uma jornalista comprometida com o rigor que a profissão exige. Hariana Verás, angolana residente nos Estados Unidos da América há mais de 20 anos, afirma, em exclusivo ao Jornal de Angola, que os homens devem apoiar as mulheres e reconhecer que juntos são mais fortes e capazes de construir uma sociedade equitativa e próspera. A jornalista fala da paixão pela profissão e da sua inspiração para promover as boas causas do Estado angolano, em particular, e de África, em geral.
Em entrevista ao Jornal O Litoral, o governador provincial de Benguela, Luís Nunes, fala das acções e conquistas alcançadas em 2022, e afirma que é imperativo criar condições para o bem-estar das populações.
Para o governante, as acções de desenvolvimento estrutural são, actualmente, uma realidade que orgulham e motivam para se fazer mais e melhor, com vista ao bem-estar social das populações da província de Benguela.
Quase dois anos depois da sua nomeação, como governador de Benguela, é possível apresentar o balanço do que já foi feito, e do que ainda há por se fazer?
Muito obrigado pela oportunidade que me dão. Antes, quero dizer que os 12 meses do ano passado foram "sui generis" e marcados por efemérides muito especiais, onde a realização das quintas eleições gerais, além de fortalecer a nossa jovem democracia serviu, também, para enaltecer a maturidade cívica dos angolanos, particularmente, dos benguelenses, a quem, permitam-me felicitar pela demonstração de alta maturidade democrática. As adversidades do fim da legislatura tiveram o esperado impacto na materialização dos projectos, com os inerentes constrangimentos operativos, mas ainda assim, foram concretizadas muitas das acções previstas, em cumprimento do compromisso que há um ano anunciava como prioritários.
Penso que este não será ainda o momento próprio para apresentar um relatório exaustivo de realizações. Mas somente quem não quer ver pode duvidar do muito que foi feito em cada comuna, município e em cada cidade, nomeadamente na edificação e apetrechamento de infraestruturas de apoios aos sectores sociais e produtivos.
Sei que é imperativo criar condições para o bem-estar das populações. Há ganhos nesse sentido, em Benguela?
É imperativo criar condições para o bom e eficaz funcionamento, e conservação desses ganhos, para que os mesmos possam de forma directa e impactante, contribuir para a resolução dos problemas das diferentes comunidades. Permita-me destacar que a prioridade nos sectores da saúde e educação, da base ao topo, do Litoral ao interior, onde foram construídas novas unidades, devidamente equipadas, para dar resposta às exigências emergenciais de cada quadrante, com ênfase para o Campus Universitário da Catumbela, que agrega todas as unidades orgânicas da Universidade Katyavala Bwila, assim como o Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) Benguela, ganhou, no ano passado, novas instalações e condições de funcionamento. Não podemos nos esquecer do investimento efectuado no ensino geral, com o objectivo de suprir as necessidades da população, relativamente à inserção de mais crianças no sistema de ensino, bem como proporcionar melhores condições de frequência às aulas. O objectivo é melhorar a assistência social, garantindo assim um maior interesse e motivação das crianças na escola, bem como no processo de ensino-aprendizagem.
Quais foram as acções realizadas no sector da saúde?
Na saúde, entre muitas concretizações, tanto na área urbana como no interior da província, realizaram-se várias acções. Estamos certos de que ainda haja muito por se fazer. Mas, verdade seja dita, deram-se passos seguros. Quero aqui referir a conclusão do Hospital Geral da Baía Farta e dos novos serviços de especialidade do Hospital Geral de Benguela, como é o caso do centro de hemodiálise. A construção de inúmeras unidades de saúde e seus devidos apetrechamentos, sendo pólos de referência nos diferentes municípios, são outras realizações que aproximaram os serviços de saúde aos cidadãos.
Para que esta aproximação e integração de acções se concretize, é bom que não esqueçamos as infraestruturas públicas de base, com realce para as obras profundas operadas no âmbito do projecto das Obras Emergenciais das Cidades de Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Farta, onde se destacam a reabilitação integral da Avenida Serpa Pinto, conhecida, maioritariamente, por Estrada da Maxi, recentemente inaugurada, assim como a Estrada da Soba Catumbela, que liga ao Campus Universitário e ao Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela, com previsão de extensão à comuna da Praia do Bebé, constituindo-se como meio facilitador e integrador do desenvolvimento socioeconómico.
Durante algum tempo, falou-se muito de obras emergenciais. Qual é o objectivo deste tipo de investimento?
As obras emergenciais das cidades do Litoral, ainda em fase primária de execução, resgatam a qualidade de vida dos seus habitantes, colocando as urbes nos melhores postais de viagens, o que dignifica e enriquece em tudo a nossa província, como podemos vislumbrar da nova imagem que as Avenidas Sócrates Dáskalos, Salvador Correia e a rua Manuel Cerveira Pereira, conferiram ao município do Lobito, sem nos esquecermos do pendor económico que as mesmas desempenham na nossa província, em particular, e no o país, no geral.
Para quem fala da melhoria da qualidade de vida das populações, torna-se evidente referir-se aos sectores da energia e água. Neste contexto, qual é o estado funcional destes sectores, aqui em Benguela?
No sector da energia e da água, destaco, entre muitas acções, o arranque das obras das ínfra-estruturas de abastecimento de água à zona alta do Lobito e o reforço da capacidade de produção da Estação de Tratamento de Água do Luhongo, no sentido de repor o abastecimento às zonas que ficaram privadas de água, devido ao exponencial aumento demográfico, e estender a rede para mais zonas habitacionais.
A ligação ao sistema nacional de energia, aliado à entrada em funcionamento do parque fotovoltaico do Biópio e da Baía-Farta, figuram-se como parte da resolução das lacunas ainda existentes no fornecimento de energia, sendo por isso prioritário para nós, a extensão da rede de distribuição, com mais ligações domiciliares nos bairros pe-riurbanos, o que certamente, vamos continuar a fazer.
Referiu-se, também, ao aumento da produção e distribuição da capacidade geradora de energia térmica, com ênfase para os municípios do interior. Há passos seguros neste sentido?
É motivante para todos, ver projectos tornarem-se realidade. Mas devemos ter a consciência de que, meios e equipamentos, sem que haja capital humano capaz de os operacionalizar, com disciplina, conhecimento técnico e eficácia, para que se concretizem efectivamente, como um ganho impactante na qualidade de vida dos cidadãos. É nesta aposta que reside a nossa prioridade, pôr a máquina a funcionar efectivamente, com um quadro técnico cada vez mais qualificado. Para tal, é vital um investimento sério na qualificação e responsabilização de profissionais capacitados e comprometidos com o real desenvolvimento, com a terra e com as pessoas.
É, sim, prioritário que estejamos juntos nesta missão, na busca de soluções que vão, realmente, de encontro à especificidade de cada contexto, procurando e adaptando as melhores estratégias para contornar os inúmeros obstáculos.
Como agir para a concretização do desiderato a que se referiu?
É imperativo comunicarmos mais entre os diferentes sectores da sociedade, porque não há transformação sem prévia interpretação. Para tal, quero manifestar que, é nossa pretensão e objectivo intensificar a auscultação pública, facilitando a comunicação e a aproximação de ideias entre sociedade e Governo, criando fóruns e canais próprios para uma governação mais participativa e inclusiva, empoderando a liberdade de ex-
pressão e cidadania, que muito diferem do uso desregrado das novas Tecnologias de Comunicação, que nos dias que correm têm servido como meio de eleição da calúnia e de acusações levianas e infundadas, sob a regra do vale tudo.
Qual é a posição a adoptar, senhor governador?
Quero com isso reafirmar o compromisso de continuar a comunicar melhor e de forma mais séria, pugnando pelo respeito pela verdade, pela dignidade do próximo e pela credibilidade das instituições. Vamos nos comunicar melhor para construir. Vamos continuar a governar para todos e com todos, trabalhando sobre eixos evolutivos bem definidos, onde, em última instância, está o crescimento sustentável da província, com incidência directa na melhoria de vida das populações. Não seria justo se deixássemos de nos servir do momento que este Jornal "O Litoral” nos concede, para tecer algumas palavras aos nossos empresários e distintos agentes económicos, que têm sido verdadeiros parceiros do Governo Provincial de Benguela, que muito têm feito para o crescimento da nossa província, e, por isso, vai o nosso merecido reconhecimento.
O que mais gostaria de transmitir a eles?
Exorto a resiliência e engajamento de todos naquilo que considero como grandes linhas traçadas para o desenvolvimento da produção nacional, optimizando meios e políticas para produzir mais e com mais qualidade, contribuindo com valor agregado ao equilíbrio da economia e, para a criação de mais postos de trabalho, com a consequente valorização da mão de obra nacional e do poder de compra das diferentes populações abrangidas. É com base nesta premissa que apoiamos directamente as comunidades agrícolas e piscatórias, cooperativas e outros mecanismos de organização associativa, através da distribuição de diversos insumos e inputs, bem como de meios técnicos, formativos e suas componentes, para potenciar a produção, salvaguardando a segurança alimentar e nutricional, enquanto aspecto prioritário da melhoria de vida dos benguelenses, sendo que neste diapasão, ao longo do ano que findou (2022), várias famílias, associações e micro-negócios beneficiaram de apoio efectivo, no âmbito dos diferentes programas de incentivo à produção e a economia.
Alguma importância a atribuir aos fazedores de cultura?
Aos fazedores de cultura e turismo, elogio o desempenho e encorajo a continuidade na elevação e promoção da nossa identidade, património cultural e belezas naturais, elegendo assim Benguela como um destino especial. Foi pensando no potencial artístico que a nossa província detém, que nos motivou a idealizar o projecto de construção de uma oficina de artesanato, onde os artistas, artesãos, e não só, além de poderem executar os seus trabalhos com maior dignidade, também pudessem desenvolver um programa de formação para os mais novos, sendo que, a referida infra-estrutura encontra-se inaugurada já alguns meses, e foi construída com recursos do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Sente que tem o apoio de todos os benguelenses?
Conto com todos e sem excepção, para agregar o futuro à terra, e para que o futuro se orgulhe de nós. Ao povo de Benguela, do interior ao Litoral, quero em nome pessoal e da minha família, mais uma vez agradecer o abraço com que fomos recebidos, e o sorriso que nos transmitem no quotidiano. É esse calor humano que me motiva e solidifica a minha determinação em dar o meu melhor por este povo, e por esta terra. Resta-me desejar a todos um feliz ano novo, muitas prosperidades, realizações e conquistas para 2023.
Obras avançam também nas comunidades
Claro que são. Foram feitas
muitas intervenções que já estão ao serviço e à disponibilidade das
comunidades, como é o caso das obras de Asfaltagem das sedes municipais do
Cubal, Ganda e Balombo, bem como a reabilitação das vias de comunicação
inter-comunais, permitindo ligar as sedes às diversas comunas, contribuindo
assim para a materialização do processo de diversificação da economia, na
medida em que, serão vitais para que as comunidades agrícolas encontrem maior
fluidez no escoamento da sua produção, no sentido de garantir a sua
auto-sustentabilidade, reduzindo assim, as assimetrias, os níveis de pobreza e
o subdesenvolvimento que ainda assolam Benguela.
Vantagem de Benguela ser a sede do Corredor do Lobito
Temos a grande vantagem de ser a sede do Corredor do Lobito, que cada vez mais, vai sedimentando a sua posição estratégica de rede de comunicação que liga Angola ao exterior, constituindo-se numa plataforma estrutural de elevado potencial de desenvolvimento, e de prosperidade da região, e não só.
Gostaria de acrescentar, ainda, que o binómio Porto do Lobito-Caminho de Ferro de Benguela, fazendo parte de uma rede transcontinental, possibilitam o fácil acesso ao exterior dos produtos provenientes das províncias vizinhas e, claro, das zonas mais interiores da província, ao mesmo tempo que cria um mercado para o intercâmbio de produtos e a circulação de pessoas e bens.
Quer com isso dizer que existem várias oportunidades de negócios?
Sem dúvidas. Anexas as duas super-estruturas de viabilização económica, surgem cada vez mais oportunidades de fixação de empresas multissectoriais, constituindo um aglomerado colaborativo que reforça a importância geoestratégica da província. É desta forma que reitero a nossa receptividade ao investimento nacional e estrangeiro, de forma a empoderar a classe empresarial, que deve solidificar a breve prazo a sua posição, como motor da economia e da sustentabilidade.
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