Sociedade

Lubango assinala centenário com várias acções viradas ao crescimento sustentável

Estanislau Costa | Lubango

Jornalista

A população na capital da província da Huíla tem motivos suficientes para comemorar, com pompa e circunstância, um século desde que Lubango foi elevada à categoria de cidade, a 31 de Maio de 1923.

31/05/2023  Última atualização 07H50
© Fotografia por: DR

Lubango regista um crescimento notável. As obras de impacto social executadas e em execução dão nova imagem à cidade, ajudam a melhorar a qualidade de vida da população e a atrair turistas.

A cidade conta, desde 2010, com mais espaços para projectos habitacionais. Estão disponíveis mais de 27 mil hectares para infra-estruturas integradas, das quais 141 no bairro Mutundo, 280 na Chavola, 345 na Figueira, 8.000 na zona urbanística da Quilemba e 19.000 na comuna da Eywa.

Nos espaços em referência, as autoridades definiram as áreas para a construção de moradias de diversas tipologias, escolas de vários níveis de ensino, hospitais, estabelecimentos comerciais, de lazer e recreação, vias de acesso,  sistemas de captação e distribuição de água e de fornecimento de energia eléctrica.

Os projectos estruturantes gizados pelo Governo Provincial, com o apoio de iniciativas do sector privado, com destaque para os condomínios da Omatapalo, Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM), do Ministério das Finanças, Polícia Nacional, aldeamento do Grupo Cosal e outros contribuíram, substancialmente, para o reforço e ampliação das infra-estruturas sociais e económicas das terras altas da Chela.

A maioria dos habitantes e turistas nacionais e estrangeiros já passou a considerar a Centralidade da Quilemba, localizada 25 quilómetros a Leste da cidade do Lubango, com mais de 8.000 moradias, como o maior projecto habitacional executado na capital da Huíla, após a conquista da Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975.

Foram construídas no local casas isoladas, geminadas e apartamentos de tipologia T3 em edifícios de três andares. A empreiteira chinesa CITIC, que se ocupou das obras de construção civil, construiu, também, dezenas de escolas, hospitais, pavilhões gimnodesportivos, jardins e espaços para os jovens demostrarem as suas iniciativas artísticas.

O Jornal de Angola constatou que no interior da considerada nova urbe das terras altas da Chela estão reservados vários espaços para a construção de infra-estruturas necessárias à prestação de serviços às famílias residentes no complexo habitacional.

Estão, também, reservados espaços para empresários nacionais e estrangeiros que queiram apostar na construção de bancos, estabelecimentos comerciais e outros serviços relevantes para o bem-estar das famílias, de modo a evitar que seja necessário deslocações ao centro da cidade ou mercados informais.


Centralidade da Quilemba é referência obrigatória

A Centralidade da Quilemba acolhe, há três anos, mais de quatro mil famílias de vários estratos sociais, que se manifestam satisfeitos com as condições existentes e aplaudem a iniciativa do Executivo de construção de fogos habitacionais em várias localidades do país.

Os primeiros a serem contemplados foram antigos habitantes do bairro Kamazingo, localizado no centro da cidade do Lubango, que viviam em casebres desprovidos de condições de salubridade e segurança.

O bairro Kamazingo surgiu em consequência do conflito armado, tendo as populações    deslocadas utilizado material precário para erguer a maioria das casas, com realce para blocos de adobe, madeira e chapas de zinco, que, devido ao tempo, permitiam a entrada da água das chuvas, criando vários transtornos às famílias.

O soba João Francisco, que viveu o drama do Kamazingo, explicou que, a dado passo, o bairro se transformou num "autêntico esconderijo de malfeitores, que, de dia ou de noite, assaltavam transeuntes em avenidas próximas e criavam pânico às populações”.

"Eles controlavam as pessoas que saiam para o trabalho ou outros afazeres para arrombar portas ou janelas, usando macacos de automóveis, martelos e outras ferramentas, que facilitavam a escavação das paredes ou mesmo arrancar as portas e janelas”, explicou, acrescentando que os meliantes levavam tudo que lhes interessava.

O soba João Francisco agradeceu a autorização, há três anos, do Presidente da República, João Lourenço, que permitiu que as famílias do ex-bairro Kamazingo ocupassem um dos blocos da Centralidade da Quilemba, que lhes conferiu mais dignidade.

O professor Paulo Gonçalves, residente num dos blocos da Centralidade da Quilemba, manifestou-se satisfeito com as novas condições que permitiram à sua família, esposa e duas filhas, viverem hoje  com  dignidade, acrescentando que não tinha recursos para suportar os custos da renda das moradias no centro da cidade do Lubango.

"As moradias da Centralidade da Quilemba chegaram no momento certo, por dar oportunidade aos jovens de materializar o sonho da casa própria e constituir família”, disse reconhecido.

Outra munícipe, identificada, apenas, como Conceição, disse esperar com ansiedade pela conclusão das obras do sistema de captação e distribuição de água da Centralidade da Quilemba. "Vamos ter, também, alternativas de energia eléctrica, com o arranque das obras de construção da central fotovoltaica, cujo espaço já foi vedado”.

Outra zona habitacional de referência está projectada na localidade da Eywa, que faz fronteira com o espaço do Aeroporto Internacional da Mukanka, acolhendo, actualmente, acima de 700 mil habitantes. No local, além de se erguerem dois edifícios que acomodam médicos expatriados, existem áreas residenciais dos ministérios das Finanças, das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação e de empresas privadas.

Segundo dados fornecidos ao Jornal de Angola, nas novas urbanizações estão disponíveis mais de 15 mil lotes para o fomento da autoconstrução dirigida, projecto que vai beneficiar vários jovens.

Com o propósito de despertar o interesse dos jovens, foi construída, na zona do ordenamento da Eywa, uma escola com 20 salas e um Hospital Psiquiátrico, apetrechado com equipamento moderno.

A zona do ordenamento da Eywa faz fronteira com a comuna da Arimba, distrito urbano do município do Lubango, onde, além do ramal do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM), que dá acesso ao interior da província da Huíla e litoral (cidade de Moçâmedes), está implantada uma central termoeléctrica, que permite reforçar o fornecimento de energia à urbe.

Na circunscrição em referência foram, também, erguidas infra-estruturas do Instituto Superior Politécnico da Huíla, adstrito à Universidade Mandume ya Ndemufayo (UMN), com diferentes cursos, entre os quais Ciências da Computação, Engenharia de Minas, Engenharia Agronómica, Agropecuária, Design e Geologia Minas.

 Bairros periféricos estão mais iluminados

Nos novos bairros do Tchituno, Kwakwa, Fiqueira e Chavola foram feitas mais de 2000 ligações domiciliares e instalados postes de iluminação pública, no quadro do projecto de electrificação das novas zonas habitacionais da sede da província da Huíla.

O administrador municipal do Lubango, Lizender André, num encontro com jornalistas, no âmbito dos festejos do centenário da cidade do Lubango, disse que se pretende, com o programa, conferir mais dignidade às novas áreas habitacionais.

"Estamos empenhados em ter uma cidade cada vez mais atraente, onde, além da execução da primeira fase das obras integradas, estão em execução vários projectos para melhorar a qualidade de vida da população e a imagem da região”, avançou.

Lizender André apelou aos munícipes "a considerar o património da urbe como sua propriedade, de modo a proporcionar condições para preservação e conservação dos bens instalados e dar a possibilidade de outras gerações desfrutarem dos novos bens públicos”.

Segundo ele, o tratamento do lixo deve merecer atenção especial dos munícipes, para que a cidade continue a posicionar-se no topo de lugares mais limpos do país e evitar o contágio de doenças provocadas pela picada dos mosquitos ou outros insectos.


Recolha de resíduos sólidos regista melhorias

A cidade, que também já se chamou Sá da Bandeira, foi, há dias, contemplada com vários equipamentos de recolha de resíduos sólidos, entregues pelo governador da Huíla, Nuno Mahapi Dala, que, na ocasião, considerou "o tratamento do lixo uma prioridade que deve envolver todos”.

Nuno Mahapi Dala orientou os gestores das terras altas da Chela a reforçarem o saneamento básico nas zonas periféricas, para evitar que se convertam em focos de propagação de doenças, e que se melhore, cada vez mais, as condições de salubridade das novas urbanizações do Lubango.

Fez saber que o Governo investiu mais de 500 milhões de kwanzas na aquisição de camiões equipados com sistemas de recolha e tratamento de resíduos, facto que reforça a capacidade de resposta da Administração Municipal, fazendo com que a frota tenha disponíveis 15 camiões.

O administrador Lisender André destacou o novo modelo de recolha de lixo porta-a-porta, que conta com 120 motorizadas.


Obras em vias de acesso decorrem a bom ritmo

As obras da circular externa da cidade do Lubango já permitiram asfaltar mais de nove quilómetros, dos 38  programados. Foram, também, instalados sistemas de iluminação pública, de drenagem de água e outros arranjos.

A circular está enquadrada no Plano Director Municipal da cidade, para descongestionar o trânsito no casco urbano, sobretudo de camiões de longo curso. Importa realçar que foram acrescidos à obra 2,3 quilómetros e acções que visam a melhoria da envolvente externa da nova área hospitalar.

Um técnico das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação explicou que a circular está situada entre o acesso à província do Cunene e termina no cruzamento da via Lubango-Bibala, Namibe. "A obra criou 500 postos de trabalho, dos quais 250 directos”.

O novo troço vai facilitar a ligação com as províncias de Benguela, Cunene e Huambo, através das estradas nacionais 105, 280, 354, assim como com o Cuando Cubango, pela Estrada Nacional 280. Participam na obra dez engenheiros expatriados, que estão a erguer 69 passagens hidráulicas de seis e 21 metros de largura.

O troço, com duas faixas de rodagem, foi projectado para ter uma largura variável entre 19 e 24 metros e berma em cada sentido. Foi, também, delineado um separador central, seis pontes e um viaduto do comboio do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes.

Para evitar embaraços no  trânsito, estão a ser instaladas rotundas com sinalização horizontal, vertical e iluminação pública. As autoridades perspectivam que o troço torne, também, fluído o trânsito nas futuras zonas habitacionais.

A obra, iniciada em Abril de 2022, com termo previsto para Novembro do próximo ano, foram visitadas pelo Presidente da República, João Lourenço, aquando da sua deslocação à cidade do Cristo Rei.


Estádio da Tundavala à espera de jogos internacionais

O Estádio Nacional da Tundavala, que surge no âmbito do CAN-2010, tornou-se num dos locais que movimenta multidões não só da Huíla, mas também das províncias do Cunene, Cuando Cubango e Namibe. Erguido numa superfície de 25.807 metros quadrados, com capacidade para acolher 21.060 pessoas sentadas, o recinto, além do Clube Desportivo da Huíla, recebeu jogos de várias equipas do país.

O governador Nuno Mahapi Dala, amante do desporto, prometeu fazer advocacia para que jogos de equipas da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) possam realizar-se no Estádio Nacional da Tundavala, que acolheu partidas do Grupo B do CAN 2010, com a presença das selecções do Gabão, Tunísia, Camarões e Zâmbia.

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