Economia

Lojas virtuais tornam mercado mais competitivo

Adérito Veloso

Jornalista

O comércio electrónico em Angola está em crescimento, tendo registado, em 2020, a existência de cerca de 600 lojas virtuais inscritas no Instagram e Facebook, com seguidores activos.

23/03/2021  Última atualização 09H55
No sector bancário, serviços como o BAI Directo ou Multicaixa Express estão a garantir uma maior mobilidade aos clientes © Fotografia por: DR
Para fazer face à dinâmica do comércio digital, várias empresas nacionais e estrangeiras desenvolvem aplicativos, visando à facilitação desse ramo de actividade.
Em entrevista ao Jornal de Angola, o director-geral da empresa Select Services, que actua no desenvolvimento de softwares, websites e aplicativos para iOS e Android, Lizandro Chissupa, disse que este segmento está "bastante” competitivo internamente.

Recentemente, a empresa Select Services realizou um "pequeno" inquérito, tendo chegado a conclusão que o confinamento despertou a necessidade por serviços digitais.
Segundo disse, as variadas "marketplaces" testemunham a existência de um mercado de lojas virtuais em ascensão no país.
"Temos presença de firmas internacionais que são ainda as líderes do mercado, mas acreditamos que com o tempo e foco, as empresas angolanas consigam competir de forma satisfatória”, augura o gestor.


Mercado
A Select Services está no mercado desde 2017. Presta serviços em quase todo o país, mas com um grande foco para Luanda. No exercício económico de 2021, por exemplo, a empresa teve um volume de negócios de 70 milhões de kwanzas. A empresa tem como principais clientes a Sociedade Mineira do Cuango, Bonws Seguros, Marktest Angola, Media Nova e a Clínica General Katondo.

"Este ano pretendemos alavancar o comércio digital em Angola. Pretendemos divulgar ao máximo o Cometa para que mais lojistas tenham acesso e consigam vender online”, afirmou.
Quanto aos eventuais constrangimentos que o mercado tem registado, principalmente os crimes de burla, o especialista disse que, dada a complexidade do mercado, houve mesmo empresas do sector que tiveram de fechar as portas, tal é o caso da "OLX Angola”.

Lizandro Chissupa mostrou que, com o sucesso de aplicativos como Tupuca e Buitanda, os clientes ganharam mais confiança nas compras virtuais, apesar de reconhecerem a existência de burladores, que usam os meios digitais para lucro fácil.
"Acho que as autoridades são chamadas aqui para regularizar esta actividade e aumentar a confiança dos compradores. A única garantia que as pessoas têm é a reputação da loja”, disse.


Sector fértil

Por sua vez, o administrador da empresa SOBA Store, Cláudio Kiala, que opera há cinco anos no sector do comércio electrónico, pagamentos online, distribuição e logística, assegurou que o mercado é "muito fértil", mas desregulado em termos de legislações específicas.
"É instável à nível de legislação, mas promissor no crescimento”, adianta.

 O empresário salientou, por outro lado, que a Covid-19 criou uma relação entre as empresas do sector e outras que actuam no mercado tradicional.
"Supermercados, por exemplo, passaram a estar mais flexíveis a trabalhar com empresas do nosso sector”, revelou, depois de informar que a SOBA Store tem uma média de mais de 15 mil transacções anuais em toda a plataforma, em diferentes categorias de produtos e serviços.
 Quanto ao risco da prática de burla, Cláudio Kiala tranquiliza, afirmando que os endereços, contactos, e outras informações legais, como o Número de Identificação Fiscal (NIF), associado ao facto de estar inserido no sistema bancário angolano como uma entidade em toda a rede Multicaixa, faz com que os clientes tenham uma segurança extra.


Desafios

Por seu lado, Sílvio do Amaral Gourgel, da Stekargo, empresa ligada ao mercado de intermediação digital, destaca que o segmento no país está, acima de tudo, muito interessante.
"Não deixa de ser desafiante, uma vez que trabalhamos muito com importações, mas tem uma componente interessante muito grande: desde a questão de ser um segmento relativamente novo no nosso país, onde existe muito para ser explorado, até a questão de criar nos clientes o hábito de comprar on-line”, manifestou.

Sílvio Gourgel defende também que se melhore a questão dos pagamentos online, os custos e leis associadas aos mesmos e a legislação específica para o comércio digital. Apesar destes constrangimentos, o empreendedor revelou que estes não podem ser factores que façam com que o comércio digital não comece a dar os seus primeiros passos em Angola.
Este ano, a Stekargo tem em carteira o lançamento de um aplicativo que visa à integração de sistemas de pagamentos on-line, para que os clientes possam efectuar o serviço sem ter de sair do aplicativo, além de um assistente de compras que funcionará com a inteligência artificial.


  Governo quer melhorar acesso à Internet

O Governo angolano está a trabalhar no sentido de regular a actividade económica que se realiza nas diferentes plataformas digitais, já que o comércio electrónico é uma ferramenta fundamental para fomentar e diversificar a economia nacional. Por esta razão, o Governo ambiciona um crescimento de 85 por cento de utilizadores de Internet, aproximadamente 12,8 milhões de utilizadores até 2022.

Dados do Instituto Nacional das Comunicações (INACON), até 2019, Angola contava com mais de seis (6) milhões de utilizadores, com uma taxa de crescimento de cerca de 13 por cento em comparação ao ano 2018. Segundo dados estatísticos disponibilizados pela entidade reguladora do sector, até 2019, havia mais de 14,8 milhões de utilizadores de telefonia móvel em Angola.
Este número tende a crescer já que existe um projecto do Governo que prevê, até 2022, ter uma taxa de penetração média nacional dos serviços de  telefonia móvel de 59,33 por cento.

O número de utilizadores de smartphones em Angola tem estado a aumentar cada vez mais, o que tem permitido o fácil acesso a informações de preços, produtos e serviços independentemente da localização geográfica. Um estudo sobre o sector digital, elaborado pela "Hootsuit e a We are social" revela que em Janeiro de 2020, havia cerca de 2,2 milhões de utilizadores de redes sociais em Angola. O número de utilizadores de redes sociais em Angola aumentou 200 mil (mais 10 por cento) entre Abril de 2019 e Janeiro de 2020. A penetração da media social no país ficou fixada em 6,8 por cento em Janeiro de 2020.


Banca destaca-se  
Há quase seis anos que no mercado angolano tem vindo a surgir novos meios de pagamento electrónico. Neste particular, destaca-se os serviços que a banca comercial tem posto à disposição dos seus clientes, principalmente os meios de pagamento online. Serviços como o e-Kwanza BAI , Multicaixa Express e BAI Directo têm estado a facilitar e garantir maior mobilidade aos clientes.
Entre as vantagens do comércio electrónico, o facto recai para a facilidade na transacção sem deslocação física à entidade comercial, permitindo a entrega do produto ao domicílio, a um preço baixo para o cliente.

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