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Lixo ameaça circulação de comboios em Luanda

O Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) poderá suspender temporariamente a circulação de comboios, por receio de um descarrilamento, em consequência das elevadas quantidades de lixo concentradas na linha férrea.

18/03/2021  Última atualização 18H40
Quantidades de lixo sobre a via férrea são um risco à circulação © Fotografia por: Alberto Pedro | Edições Novembro
Segundo o porta-voz do CFL, Augusto Osório, as quantidades de lixo afectam, sobretudo, as linhas férreas nas zonas da Boavista, Sambizanga e Viana. Augusto Osório pediu às administrações dessas áreas  para que "façam o possível para retirar o lixo”.

"A sua concentração de forma intensificada sobre a linha férrea poderá levar-nos um dia a suspender, temporariamente, a circulação dos comboios só para a retirada do lixo e essa não é a nossa missão”, disse Augusto Osório em declarações à Rádio Nacional.

O porta-voz do CFL frisou que se prevê, com o início das chuvas, que esta situação vá causar maiores constrangimentos, salientando que a presença de lixo "altera as características técnicas da linha”. "A linha foi feita com determinadas características técnicas e só com essas características os comboios podem circular em segurança. A presença de lixo gera insegurança”, referiu.

De acordo com Augusto Osório, é necessário que quem de direito perceba que a insegurança causada pelo lixo, gerada por outras actividades desenvolvidas ilegalmente na linha férrea, pode ter como consequência o descarrilamento de comboios”, sublinhou.
A capital angolana vive uma grave crise de limpeza e recolha de resíduos sólidos, na sequência da suspensão, pelo Governo da Província de Luanda, de quatro das seis operadoras que tinham essa responsabilidade.

Em Dezembro de 2020, a governadora da província de Luanda, Joana Lina, anunciou a suspensão dos contratos com as empresas por incapacidade de continuar a honrar os compromissos assumidos em 2016, celebrados em moeda estrangeira e ao câmbio do dia.

Para reverter o actual quadro, o Presidente da República, João Lourenço, atribuiu, em Fevereiro, 34,8 mil milhões de kwanzas para a aquisição de serviços de limpeza pública e recolha de resíduos sólidos.

A dívida com as empresas de recolha de lixo em Luanda ascendia os  246 mil milhões de kwanzas, até Novembro do ano passado. Angola produz anualmente 6,3 milhões de toneladas de lixo, metade das quais em Luanda. A situação agravou-se na terça-feira, com as fortes chuvas que atingiram Luanda e que arrastaram para as ruas enormes quantidades de lixo.

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