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Líder do Mali discutiu com Putin situação no Níger

O líder militar do Mali, Assimi Goita, revelou, terça-feira, que manteve, recentemente, uma conversa por telefone com o Presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a situação actual no Níger.

16/08/2023  Última atualização 07H20
Goita disse que Presidente russo é a favor de uma resolução pacífica para a crise em Niamey © Fotografia por: DR
Segundo a AFP, numa mensagem compartilhada na plataforma de media social X (antigo Twitter), Goita afirmou que Putin enfatizou a importância de uma resolução pacífica para garantir a estabilidade na região do Sahel.

As nações ocidentais estão apreensivas de que o Níger possa seguir o caminho do Mali, onde um golpe anterior levou ao envolvimento do grupo russo Wagner em esforços de contra-insurgência.

Putin pediu a restauração da ordem constitucional no Níger.

Por outro lado, Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo Wagner, expressou apoio ao golpe.

Curiosamente, houve um aumento notável no sentimento pró-Rússia no Níger desde o golpe, evidente em comícios onde os apoiantes da junta acenavam bandeiras russas.

Por seu lado, os EUA expressaram ontem desaprovação às ameaças dos governantes militares do Níger de tentar processar o presidente Mohamed Bazoum, alertando que a medida exacerbaria as tensões.

"Estamos consternados com os relatos de que a detenção injusta do Presidente Bazoum foi ainda mais longe”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, citado pela CNN.

"Agora que a Junta Militar está a ameaçar com um processo, podemos dizer que essa acção é completamente injustificada e não vai contribuir para uma resolução pacífica da crise. É mais uma afronta à democracia, à justiça e ao respeito do estado de direito. Ressalta, por isso, a urgência de respeitar a ordem constitucional no Níger”, sublinhou.

O bloco regional da África Ocidental, a CEDEAO, impôs sanções ao Níger e aprovou o envio de uma força militar "de prontidão” para reverter o golpe de 26 de Julho, no qual os militares depuseram o líder eleito Bazoum.

O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, falou ao telefone com o secretário de Estado, Antony Blinken, na segunda-feira.

Blinken fez história ao viajar para o Níger em Março, na visita de mais alto nível de uma autoridade dos EUA.

Durante a conversa, o diplomata americano elogiou os esforços de Tinubu à frente da CEDEAO, apoiando a decisão de "manter a pressão” sobre os líderes militares do Níger.

Os legisladores da oposição do Ghana criticaram ontem uma proposta da iniciativa Ecowas de potencialmente empregar uma intervenção militar no Níger, com o objectivo de restabelecer a ordem constitucional dentro da nação, instando o Presidente Nana Akufo-Addo a interromper imediatamente todos os preparativos para o envio de soldados para essa eventual missão.

Samuel Okudzeto Ablakwa, membro do comité de Relações Exteriores do Parlamento, comunicou à BBC que aquela instituição ainda não se envolveu em discussões sobre este assunto, ao contrário de outras nações que tiveram a oportunidade de deliberar e aprovar resoluções relevantes.

Neste momento, segundo disse, "o Presidente Akufo-Addo carece de um mandato do povo a esse respeito. Acreditamos firmemente que recorrer à intervenção militar não é a solução ideal”.

Membros do partido minoritário no Parlamento ghanense defendem a diplomacia e o diálogo construtivo como os caminhos preferidos para a resolução da crise no Níger.

Os legisladores minoritários do Ghana sustentam que os recursos limitados do país devem ser canalizados para enfrentar as dificuldades económicas, especialmente após um resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Eles afirmam que o Ghana deve evitar envolver-se num "confronto geopolítico por procuração”.

Anulada sentença  contra apoiantes da Junta

Um tribunal de Niamey   anulou, ontem, uma sentença de prisão de nove meses dada a Abdoulaye Seydou, chefe de um importante grupo de activistas que apoia os militares no poder.

Seydou, chefe do grupo M62, estava atrás das grades há sete meses num caso que envolve um ataque aéreo do exército contra supostos jihadistas no Sul do país.

"O Tribunal de Recurso de Niamey cancelou a decisão do Tribunal Superior, que condenou o nosso camarada Abdoulaye Seydou a nove meses de prisão”, disse o secretário-geral do M62, Sanoussi Mahaman.

"Sempre dissemos que a detenção de Abdoulaye Seydou era uma decisão arbitrária, orquestrada do início ao fim”.

O movimento M62, criado há um ano, é uma coligação de cerca de 10 grupos e ONGs que se opõem à presença de militares franceses no Níger.

Nas últimas semanas, liderou as convocações para comícios para apoiar os oficiais que a 26 de Julho derrubaram o Presidente eleito do país, Mohamed Bazoum.

Seydou foi detido em Janeiro e condenado em Abril.

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