O julgamento do “caso Lussati”, que envolve militares e funcionários civis ligados à então Casa Militar do Presidente da República, desde há algum tempo redenominada Casa Militar, começou ontem em Luanda no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.
Quando correu a fuga para o domínio público do "draft" do documento que estava a ser "cozinhado" pelos juízes do Tribunal Supremo americano, um facto sem precedentes no sistema de Justiça dos Estados Unidos ao mais alto nível, muitos encararam tal incidente como uma tentativa de sectores pró-aborto medirem a pulsação e a reacção pública, ante a perspectiva de revogação da histórica decisão judicial conhecida por Roe v Wade.
Há 48 anos, os capitães de Abril levaram a cabo uma revolução original em Portugal: sem derramamento de sangue, puseram termo ao regime fascista que se prolongava no país desde 1933 e, além de devolverem a liberdade ao povo português, negociaram com os movimentos de libertação das antigas colónias o fim da guerra colonial, abrindo, assim, o caminho para a independência dos novos países.
A relação entre a luta dos povos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe e Moçambique e o 25 de Abril é, pois, intrínseca: o desejo de acabar a guerra colonial (a que os povos africanos chamavam guerra de libertação nacional) foi o factor determinante que esteve por detrás do 25 de Abril.
Quase cinco décadas depois, o debate sobre a liberdade continua, não apenas em Portugal ou nos novos países surgidos tardiamente na sequência do 25 de Abril, mas em todo o mundo. Para além das manipulações ou dos equívocos inconscientes ou estrategicamente alimentados (vide as intervenções imperiais nos países incómodos, sob a alegação da implantação da democracia à força dos canhões ou das "revoluções híbridas”, com resultados desastrosos), o facto é que a liberdade está a ser posta em causa globalmente, sendo o crescimento da extrema direita apenas um sintoma: a aliança entre o capital financeiro, actual formato do modo de produção capitalista, e as novas tecnologias de comunicação, em que os algoritmos desempenham um papel central, é o grande cenário e factor dos diferentes movimentos "tectónicos”, às vezes aparentemente contrários, que tendem a pôr em causa a liberdade, muitas vezes em seu próprio nome.
Ao mesmo tempo, entretanto, e também em todo o mundo, a luta por novos direitos mantém-se e amplia-se. As lutas sociais contemporâneas (anti-racismo, feminismo, direitos LGBT+, ecologia, linguagem inclusiva e tantas outras), a que alguns chamam "causas fracturantes”, exigem, obviamente, um combate prévio pela liberdade, confirmando que essa intrínseca aspiração humana é permanente e contínua. Os homens precisam da liberdade para lutar pelos seus direitos e pelas suas causas, alguns e algumas das quais, por vezes, precisam de ser renovados e reconquistados, pois a vida em sociedade não é linear, sendo feita de progressos e retrocessos constantes.
No último fim de semana, participei do Festival de Poesia de Leiria, tendo intervido, juntamente com poetas portugueses e brasileiros, numa mesa sobre "poesia e novas liberdades”. Na verdade, algumas dessas novas liberdades, no sentido de novos direitos, já existiram em contextos passados, tendo passado posteriormente a ser reprimidos, razão pela qual faz todo o sentido a luta pela sua actualização. É o caso, por exemplo, de certas práticas sexuais aceites normalmente nas sociedades tradicionais, incluindo africanas, e que mais tarde foram postas fora da lei, sobretudo por influência das religiões de base cristã.
Na minha intervenção, destaquei três tendências das actuais lutas sociais que, no meu entendimento, apenas contribuem para a sua menorização: a ausência de uma perspectiva social de classe, a sua transformação em lutas identitárias fechadas e sectárias e a sua contínua fragmentação, sem um esforço estratégico de unificação.
A
ausência de uma perspetiva de classe impede que os grupos oprimidos tenham
condições (educação, renda, etc.) para debater em pé de igualdade com os
opressores e os grupos dominantes; a transformação das lutas sociais, como o
anti-racismo, o feminismo, a luta pelos direitos LGBT+ e outras, em lutas
identitárias fechadas e muitas vezes sectárias, de que são exemplo a política
de cancelamento e a distorção de conceitos como o de "lugar de fala”, apenas
provoca o enclausuramento dos indivíduos envolvidos nessas lutas, impossibilitando
alianças necessárias para o sucesso das mesmas; a sua fragmentação contínua
serve os interesses dos grupos dominantes e a sua milenar estratégia de
"dividir para reinar”.
* Jornalista e escritor
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LoginA grande imprensa ocidental, ocupada, ao invés de fazer jornalismo, em participar do esforço de guerra para, alegadamente, salvar a democracia na Ucrânia, não lhe deu a devida importância, mas nos passados dias 23 e 24 de Junho estiveram reunidos em Pequim os representantes dos cinco países que compõem os BRICs: China, Índia, Rússia, África do Sul e Brasil.
A concordância deve ser entendida como a identidade de género, entre certas palavras, e de número e pessoa, entre outras. Define-se como «a partilha de traços gramaticais como o género, o número e a pessoa, entre dois ou mais elementos estruturais». (Eliseu, 2008, p. 69).
Começaram a acontecer online, via a plataforma Zoom com o ID 6985716385 e a senha de acesso AAL2022 e em tempo de pandemia da Covid-19, daí que até agora tenham um lado familiar e intimista em consonância com o à vontade com que, normalmente, estão todos.
"Estamos diante de mais uma oportunidade de analisarmos tudo o que fizemos para garantir o cumprimento das metas definidas pelas Nações Unidas em termos da redução da poluição marinha, da protecção dos ecossistemas marinhos e costeiros, da redução da acidificação dos mares, do fim da pesca excessiva e da pesca ilegal", lembrou o Presidente da República, João Lourenço, ontem, em Lisboa, durante a intervenção na II Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, Lisboa, Portugal.
A cotação do barril de petróleo Brent, que serve de referência às exportações angolanas, para entrega em Agosto terminou quarta-feira, no mercado de futuros de Londres em baixa de 1,58%, para 116,12 dólares.
O Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve, nesta quarta-feira, um médico do Hospital Provincial do Uíge, por actos de corrupção e recebimento de indevido de valores para a comparticipações na compra de sémis prótese e fio de aço no valor 70 mil kwanzas.
A Sociedade Mineira de Catoca, situada na província da Lunda-Sul, registou no ano passado, uma facturação no valor de 757 milhões de dólares e obteve um lucro líquido de 270 milhões de dólares, o maior registado ao longo dos 27 anos de história da empresa.
Na mensagem, o Presidente da República, João Lourenço, ressaltou: "temos sabido projectar, pela acção de cada um dos nossos países e dos seus respectivos povos, um presente e um futuro de cooperação multidisciplinar que se vem revelando profícuo e promissor, nas diferentes áreas da vida económica, social e política das nossas Nações".