Os contemplados no Programa de Fortalecimento de Protecção Social das Famílias, em curso há cerca de dois anos, em três municípios da província da Huíla, nomeadamente Quilengues, Cacula e Humpata, garantiram que vão aplicar os valores em acções rentáveis.

Os beneficiários, a maioria mulheres, participaram em acções de formação com vista a preparar cada agregado familiar para gerir os recursos, concepção de projectos a curto, médio e longo prazos, entre outros procedimentos.

A distribuição dos valores, em parceria com a Administração Municipal da Humpata, incluiu também a entrega de 680 Assentos de Nascimento, assim como a emissão de 770 Bilhetes de Identidade para facilitar a abertura de contas bancárias favoráveis à poupança e outras vantagens disponíveis nas instituições financeiras.

O soba da Humpata, Agostinho Tchiputo, enalteceu a implementação do Kwenda por reanimar o modo de vida das famílias, sobretudo aqueles que perderam os bens tidos como riqueza familiar, em consequência da seca severa e da pandemia da Covid-19. "A seca forçou as famílias a venderem os animais que criavam para o sustento da casa”.

Agostinho Tchiputo fez ainda saber que houve muitas famílias que ficaram com receio de ir trabalhar a terra ou levar os animais ao pasto por receio da infecção da pandemia. E os populares que estavam com medo da doença, começaram a ficar sem comida, tendo alguns vendido todos os animais.

A autoridade tradicional valorizou a entrega dos valores às famílias por fazer com que se recomece a apostar em algo útil capaz de dar rendimentos, reactivar a criação de animais, lavoura de hortaliças, entre outras acções rentáveis favoráveis ao sustento familiar e criar estabilidade. Já o coordenador do Centro de Acção Social Integrado da Humpata (CASI), Ildefonso Emanuel, além de enaltecer a entrega dos valores às famílias desfavorecidas, destacou a entrega do Bilhete de Identidade, Cédulas e outros documentos por realçar a cidadania nas respectivas comunidades.

Ildefonso Emanuel descreveu ainda que do leque de responsáveis de agregados familiares vulneráveis contemplados que estão neste momento a desenvolver actividades socialmente úteis e com algum sucesso, constam 2.004 da povoação de Bata-Bata, 2.1142 da sede, 700 de Kaholo, 3.019 das Neves e 4.543 da Palanca.

Considerou satisfatório e animador observar famílias a ampliar os espaços de cultivo, assim como diversificar os produtos. "Aqueles que optaram por criar galinhas e patos já estão a comercializar, sobretudo ovos, nos mercados informais e alguns restaurantes não só da vila da Humpata, como também na própria cidade do Lu-bango”, disse.

Casos de sucesso animam a campanha nas várias comunidades

Dezenas de galinhas e pintos que deambulam no quintal do ancião João Vachipungo cativam a atenção dos transeuntes que circulam numa das periferias do município dos Gambos, situado 180 quilómetros a sul da cidade do Lubango. O criador, um dos contemplados do Kwenda, optou por criar galinhas pela facilidade na alimentação e água.

"A nossa terra, Chibemba, regista ciclicamente seca severa que afecta as famílias e os animais, onde têm registado casos de mortes de dezenas de animais”, disse, para valorizar as aves por não necessitarem de quantidades consideráveis de água e de ração. João Vachipungo disse que abraçaram o projecto da Cooperativa dos Avicultores da Huíla, que além da formação do manejo de aves, combate às pragas e outros, distribuiu 50 pintos. "Transformamos o curral em espaço para criação de galinhas e, hoje, estamos com 256 galinhas e comercializamos também ovos”.

Importa realçar que nove sistemas de captação de água potável conectados com um painel solar que gera corrente eléctrica para o sistema de bombagem foram entregues às comunidades residentes nas povoações de Muntyaulua, Mimbonde, Mahova, Mumpombo, Kalepete, Heva, Tumba, Kaku, Rio de Areia e Kamphanda. O administrador municipal dos Gambos, Elias Sova, que agradeceu o gesto do Fundo de Apoio Social e parceiros nacionais e internacionais, apelou às famílias beneficiárias  das infra-estruturas de distribuição de água com lavandarias, bebedouros para o animais, chafarizes e outros, a conservarem o novo património.

 
Primeiros contemplados

Os primeiros 12.730 agregados familiares residentes em vários dos municípios de Quilengues e Cacula, que receberam 25.500 kwanzas cada, no âmbito do Programa de Transferências Sociais Monetárias (Kwenda), melhoraram a suas condições de vida com a lavoura de hortofrutícolas e tubérculos.

O Jornal de Angola apurou que a maioria dos produtores passou a ser fornecedor de produtos do campo ao maior mercado informal do Sul de Angola, Mutundo, onde quantidades consideráveis de batata rena e doce, abóbora, cebola, repolho, couve, beringela, gengibre, alface e outros são colocados à disposição dos clientes.