Cada família recebeu, no ano passado, 51.000 kwanzas por trimestre, para facilitar a sua reintegração na sociedade e deixar de depender exclusivamente da caça e de frutos silvestres.

Com o dinheiro recebido, os agregados familiares, culturalmente nómadas, estão a dedicar-se à criação de animais, fundamentalmente aves, gado caprino e suíno, bem como ao cultivo de horto-frutícolas.

Na comuna de Bata-Bata, os beneficiários mostraram à equipa integrada, também, pelo director-geral do Fundo de Apoio Social (FAS), Belarmino Jelembi, e responsáveis das províncias do Namibe, Cunene e Huíla, os resultados da aplicação dos valores recebidos na actividade agrícola e criação de animais de pequeno porte, o que está a ajudar a criar auto-suficiência alimentar em várias famílias.

Após interagir com os membros de famílias da comunidade khoisan, Boban Paulo considerou positiva a avaliação, tendo referido que o grupo-alvo está a desenvolver acções em diversas áreas rentáveis, que contribuem para mudança de vida, principalmente das crianças.

"As pessoas afectadas directamente pela seca prolongada em vários pontos de Angola estão a utilizar os valores entregues na compra de sementes, insumos agrícolas e animais para a criação, cujos resultados estão a favorecer a organização familiar e fazer com que as crianças regressem à escola”, disse Boban Paulo.

O responsável provincial da Huíla do Instituto de Desenvolvimento Local, afecto ao Fundo de Apoio Social, Frederico Sanumbutue, informou que perto de 70.000, das 94.018 famílias cadastradas, foram já contempladas com Transferências Sociais Monetárias, nas três fases, cujo valor orça os três mil milhões de kwanzas.

Segundo Frederico Sanumbutue, 983 famílias não foram contempladas pela Kwenda por adulteração de documentos. Acrescentou que foi dada prioridade a famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade extrema, como grupos minoritários khoisan (Sans), Vátuas, Cuissis, Mutchavikuas e Nguendelengos.

Realçou que a maioria das famílias dos grupos em referência "está a ser capaz de criar rendimentos para a auto-sustentabilidade, superar a desnutrição e motivar dezenas de crianças em idade escolar e jovens a retornar à escola”.

O Kwenda conta com um financiamento de 740 milhões de dólares, dos quais 420 atribuídos pelo Banco Mundial e 320 pelo Executivo, que estão a fazer com que vários beneficiários, com realce aos dos municípios de Quilengues, Cacula, Lubango, Gambos e Chibia, afectados pela seca, reconheçam o seu valor na reactivação da actividade socioeconómica das famílias das zonas mais recônditas da Região Sul.

O Jornal de Angola apurou que o mercado do Mutundo, arredores da cidade do Lubango, tem sido um dos locais onde dezenas de pequenos agricultores concentram os produtos cultivados em vários pontos da província da Huíla, com destaque para tubérculos, hortícolas, frutas e grãos.

Catarina Nangule, de 46 anos, explicou que, com o dinheiro que recebeu do Kwenda decidiu apostar, com um grupo de seis beneficiárias, na compra de coelhos, galinhas e ovos, nos mercados das zonas rurais, para comercializar na cidade do Lubango.

"Apostamos inicialmente no negócio de aves e nos coelhos, durante quatro meses, depois mudamos para a venda de cabritos e porcos, adquiridos nos municípios da Cacula e Quilengues a preços baixos”, disse.

Dados fornecidos ao Jornal de Angola dão conta que, nos municípios da Cacula e Quilengues,  12.730 famílias já foram beneficiadas pelo projecto Kwenda.

Desde a implementação, o projecto Kwenda já beneficiou mais de 500 agregados familiares da comunidade khoisan, a maioria deles concentrados em diversas aldeias dos municípios da Cacula, Quilengues, Humpata (província da Huíla), Cuito Cuanavale (no Cuando Cubango), Ombandja e Namacunde (no Cunene).