Cultura

Kiluanji Kia Henda e Felix Schumba inauguram exposição em dois espaços

A exposição “Memórias de um Rio Envenenado” de Kiluanji Kia Henda e Felix Schumba será inaugurada, amanhã, às 18h00, no Museu de História Natural, e às 19h30, na Jahmek Contemporary Art, na capital do país, com a presença dos artistas.

22/11/2023  Última atualização 08H05
Artistas plásticos vão apresentar obras de arte inéditas © Fotografia por: DR
O artista angolano Kiluanji Kiá Henda trabalhou  com o colega visual do Zimbabwe, baseado na África do Sul, Felix Schumba. Para executar estas obras inéditas, em vários materiais, tais como desenhos em carvão, murais e instalação, o artista usou técnicas mistas. A exposição é um conjunto de dois núcleos em cada um dos espaços. Um mais ligado à paisagem e outro à fauna.

Nas palavras da activista e artista americana, baseada em Londres, Imani Jacqueline Brown, que faz a curadoria, a exposição "é um caleidoscópio multimídia das memórias de um rio sobre a sua ascensão (e a profetizada queda) do extrativismo”.

"Kiluanji Kiá Henda e Felix Schumba problematizam o colapso da Terra, neste caso, como os recursos minerais, motivo principal de ganância e de incontrolável extrativismo, pelo que representam de prosperidade e futuro, tornaram-se, em África, a maior ilusão e fonte de catástrofe”, realça a curadora da exposição.

A indústria do extrativismo deixa, desde sempre, uma marca sistemática de destruição na paisagem e nos seres vivos. Porém, neste trabalho visual e poético, o humano não é o centro da narrativa, apesar de ter sido ele (não o homem em geral, mas o mundo capitalista), a levar ao limite a predação, com irreversíveis consequências ecológicas.

Este ensaio traz à superfície o impacto ecológico prejudicial do extrativismo, sendo que a paisagem e os animais tornam-se os protagonistas da tragédia. Traçando uma cartografia imaginária e orgânica sobre mapas antigos, contando uma fábula através de animais (embalsamados) e de plantas.Os artistas dão voz à matéria inerte e à vida selvagem. A paisagem poderá regenerar-se lentamente, mas as cicatrizes dos desastres capitalistas ficarão sempre a lembrar-nos a nossa responsabilidade nesse processo auto-destrutivo.

A metáfora de um rio envenenado e moribundo, faz-nos recordar, como escreve Imani Brown  a"época anterior ao extrativismo, os povos que um dia se juntaram ao rio em rituais de cuidado e gratidão. O rio chama por eles - por nós - através das marés do tempo. Se não se lembra de nada, lembre-se disto: a Terra se defenderá por todos os meios necessários. Aguarda que nós, seus filhos, nos juntemos a ela na resistência”, refere Imani Jacqueline Brown.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura