A Junta Militar no poder no Mali anunciou, terça-feira, o adiamento das eleições presidenciais marcadas para Fevereiro de 2024, que deveriam permitir o regresso dos civis à liderança do país, dominado pelo terrorismo e por uma profunda crise multidimensional.
As datas inicialmente fixadas para 4 e 18 de Fevereiro de 2024, para as duas voltas das eleições, "serão ligeiramente adiadas por razões técnicas”, disse o porta-voz do Governo, coronel Abdoulaye Maïga, citado pela AFP num comunicado lido aos jornalistas em Bamako.
As autoridades citam, entre outras, "razões técnicas”, factores ligados à adopção, em 2023, de uma nova Constituição e à revisão das listas eleitorais, mas também um litígio com uma empresa francesa, Idemia, envolvida, segundo estas, no processo a nível dos censos. "As novas datas das eleições presidenciais serão objecto de comunicado de imprensa posteriormente”, afirmou o Governo.
As autoridades rejeitam também a possibilidade de realizarem eleições legislativas antes das presidenciais, inicialmente previstas para o final de 2023. O Governo "decide organizar, exclusivamente, as eleições presidenciais para sair da transição. As restantes eleições serão certamente objecto de outro cronograma, que será estabelecido pelas novas autoridades, sob as directivas do novo Presidente da República”, afirma-se no comunicado de imprensa.
Autores de sucessivos golpes de Estado, em Agosto de 2020 e Maio de 2021, os militares comprometeram-se, pela primeira vez, a ceder o poder aos civis eleitos após as eleições presidenciais e legislativas inicialmente marcadas para Fevereiro de 2022. Mas a junta liderada pelo coronel Assimi Goïta anunciou, no final de 2021, que não conseguia respeitar o calendário acordado com a CEDEAO e chegou a considerar que vai permanecer por mais alguns anos no poder, tempo, alegou, para realizar as reformas profundas necessárias.
A CEDEAO impôs então pesadas sanções comerciais e financeiras no início de 2022, que atingiram duramente o Mali, um país pobre e sem litoral. Estas sanções foram retiradas no mês de Julho seguinte, quando os coronéis concordaram em deixar o poder em Março de 2024, e anunciaram então um calendário eleitoral, marcando as eleições presidenciais para Fevereiro desse ano. A junta também marcou um referendo constitucional para Março de 2023, que finalmente ocorreu em Junho último. Os críticos da nova Constituição descrevem-na como tendo sido feita à medida para manter os militares no poder para além das eleições presidenciais.
Sucessão de golpes na região
Desde que os militares tomaram o poder no Mali, a África Ocidental assistiu a uma sucessão de golpes militares, no Burkina Faso e no Níger, também atingidos pelo terrorismo e pela violência, assim como na República da Guiné. Em todos estes países, os militares dizem que estão a realizar "transições” antes de um regresso à "ordem constitucional”.
As eleições presidenciais do Mali foram adiadas enquanto o país continua sujeito à violência no Centro e no Leste, e enfrenta uma retoma das hostilidades no Norte por parte de grupos separatistas e uma intensificação das actividades terroristas. Desde Agosto, as regiões de Timbuktu e Gao têm sido palco de uma sucessão de ataques contra posições do exército maliano e contra civis.
A junta empurrou a força antiterrorismo francesa para a saída em 2022 e a missão da ONU em 2023, virando-se política e militarmente para a Rússia. O comunicado de imprensa do Governo não se refere aos recentes desenvolvimentos em matéria de segurança. O chefe da junta pretende "regressar a uma ordem constitucional pacífica e segura, depois de ter realizado reformas políticas institucionais prioritárias”, conclui-se na nota.
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