Cultura

Joyce Babatunde estremece Luanda

Analtino Santos

Jornalista

Com uma performance electrizante, a camaronesa Joyce Babatunde deu a conhecer o "afrosoul", como define o estilo musical que apresenta. O concerto aconteceu sexta-feira, no Miami Beach e esteve enquadrado na III Bienal da Paz.

03/12/2023  Última atualização 09H13
Cantora camaronesa esteve em grande no palco do Miami Beach onde grangeou muita admiração de colegas e do público © Fotografia por: DR

Os dois primeiros temas "Jejeli" e "Selah" causaram o efeito surpresa à plateia, que foi confrontada com uma música onde o "soul", jazz, "bikutsi", dos camaronês e o "afrobeat" encontrava a onda rap. "Bikom" chamou "My everything", tema que na parte final teve um andamento de zouk.

Já com a plateia rendida à sonoridade de Joyce Babatunde, apresentou "Merry go round" e "Just Like dat", singles que marcam a curta carreira. Uma combinação de Nina Simone e James Brown ficou patente em "Favorite Feel Go". Fechou como entrou, electrizante e com os dotes de MC em "Baba" e "Baby Dit It".

A banda liderada pelo teclista congolês Jonathan deu segurança à artista, com o percussionista John a tocar com alegria e sincronizado com Tishiq, na bateria. Jozmar mostrou ser um guitarrista virtuoso e Rid, no baixo, proporcionou a força dos executantes camaroneses.

Em declarações à nossa equipa, afirmou: "foi uma noite linda! Eu simplesmente adorei. Todos nós sabemos o poder da música, mas é sempre incrível experimentá-la como artista quando você toca em lugar novo, como uma artista relativamente desconhecida".

Surpreendida pela atenção do público, continuou referindo que, "mesmo assim, você faz com que as pessoas se relacionem contigo e compartilham algo especial. Fazer com que o coração das pessoas fique leve e levante o ânimo, é uma honra para mim. Isto faz que eu realmente me divirta fazendo isto. Simplesmente não tem preço".

O concerto, enquadrado dentro da Cultura de Paz e da não-violência, segue um dos objectivos do desenvolvimento sustentável das Nações Unidas que advoga "Fome Zero" e o Resiliart Angola, por via da "Americans School of Angola" (ASA), anunciou o início de uma campanha de doação de alimento no âmbito do espírito de doação.

Em 2021, tiveram uma iniciativa semelhante e foram beneficiados 500 famílias. De recordar que Joyce Babatunde participou na Bienal de Luanda a convite da UNESCO e do Resiliart Angola, uma das artistas que esteve no encontro com o Presidente da República, João Lourenço.

 
Pagode e Toty Sa’Med 

Na tarde de ontem aconteceu o concerto "Pagode Vibe in Miami Beach" com Toty Sa’Med que proporcionou uma viagem da música brasileira adequada a sol e praia.

Foi o conciliar da presença dos banhistas com uma proposta musical com temas relacionados a este ambiente.

Como músico eclético, o desafio foi aceite e percorreu por alguns gigantes do samba e pagode, uma das vertentes deste estilo brasileiro. Na identidade musical de Toty Sa’ Med  encontramos a soul, bossa-nova, semba, kilapanga, hip-hop, rock, morna, fado, jazz e outros estilos.

Toty Sa’Med foi o músico convidado da edição do Festival da Canção de Luanda, da LAC-Luanda Antena Comercial, depois de ter lançado o disco "Imoxie" este ano.

O cantor, compositor e multi-instrumentista tem também o EP "Ingombota", de 2016. A história musical está ligada à Banda "The Kings", sendo guitarrista e director artístico de várias bandas de cantores angolanos e estrangeiros.

Toty Sa Med pertence à geração de músicos que passou na fase dourada no Miami Beach, que desde o segundo trimestre deste ano voltou a apostar na realização de concertos. Mago de Sousa, Konde Martins, Clara Monteiro, Euclides da Lomba, Puto Português, Kristo, Maya Zuda, Gerson dos Santos, Os Kiezos, Carlos Lopes são alguns nomes que passaram pelo espaço na Ilha de Luanda.


Babatunde: uma voz emergente da nação camaronesa

Proveniente da Nação dos "Leões Indomáveis", Joyce Babatunde é cantora e compositora de "afrosoul", dos Camarões, também aposta na poesia e "spoken word". Nasceu em Dschang, Noroeste dos Camarões, sempre amou a música, mas só no final do mestrado em Direito Empresarial, na Universidade de Yaoundé, em 2015, deu o salto para se concentrar na música a tempo integral.

Nesse período, lançou oficialmente 5 músicas e fez inúmeras apresentações no cenário musical ao vivo, dentro e fora dos Camarões.

Em 2018, foi laureada com o "Goethe Decouverte". Lançada em 2015, pelo Goethe Institut Kamerun, a plataforma  procura apoiar jovens talentos nos Camarões, despertando interesse pelo seu trabalho no mercado musical e fornecendo ferramentas para iniciarem uma carreira profissional.

Joyce foi escolhida na categoria Música, e desde então passou a absorver a sua presença em todos os palcos através de jogos de palavras e ecletismo sonoro.

A música de Joyce Babatunde é uma fusão de géneros. Embora esteja fundamentalmente enraizada no soul é, igualmente, experimental. Incorpora elementos de hip-hop, jazz, blues, R&B e também se apoia em padrões rítmicos africanos, bem como em cantos, criando um "coquetel" contemporâneo único que ela preferiu chamar de "afrosoul".

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