Cultura

Jornada Nacional de Teatro reflecte estado actual da classe

Manuel Albano |

Jornalista

As províncias da Lunda-Sul, Moxico e Bié candidataram-se, sexta-feira, a organizar a segunda Jornada Nacional de Teatro, em 2025, uma produção da Associação Angolana de Teatro (AAT), que visa reflectir o estado actual das artes cénicas no país.

14/04/2024  Última atualização 11H07
Um dos grandes desafios da AAT é analisar com a banca angolana modelos de atribuição de crédito aos grupos para os projectos © Fotografia por: DR
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, o secretário-geral da AAT, Simão Paulino, disse que um dos objectivos é continuar a encontrar soluções para se promover uma ampla discussão sobre a organização e a produção do teatro angolano.

Os debates, explicou, devem continuar a reflectir os principais desafios da classe, assentes nas realidades locais e no respeito pelos valores da angolanidade e ancestralidade, assim  como também da modernidade a nível das mais diversas manifestações e expressões artísticas e culturais.

Na sequência das apresentações de cada um dos temas e dos correspondentes debates que serão abordados na segunda Jornada Nacional de Teatro, assegurou, os participantes vão analisar o impacto e o contributo das artes cénicas como uma das maiores ferramentas para a educação, sensibilização e moralização, visando promover a mudanças de comportamento na sociedade.

Simão Paulino realçou que durante muitos anos de letargia do teatro no país, existe a importância de se elaborarem projectos de obtenção de financiamento junto de organismos e parceiros nacionais e internacionais, bem como a redefinição dos mecanismos para conseguir recursos financeiros e humanos para a dinamização da indústria do teatro.

Esse exercício, enfatizou, terá como foco o reforço dos mecanismos de comunicação entre a AAT e os associados, com vista a garantir melhor alinhamento nas políticas traçadas no quadriénio 2024-2028.

De acordo com o secretário-geral, a nova comissão directiva da AAT tem definido uma política de formação e capacitação de quadros nos vários domínios da cultura, a curto, médio e longo prazo. "Pretendemos fomentar o desenvolvimento do teatro nas comunidades e nas escolas, através da realização de cursos, seminários, fóruns de debates, festivais e concursos”, disse.

Uma visão global e inclusiva do sector

A pretensão de organizar-se um Encontro Nacional do Teatro, com vista a desenhar-se uma visão global e inclusiva do sector, disse o responsável, é um dos objectivos da associação ainda para este ano. Com isso, segundo Simão Paulino, pretende-se alargar o amplo debate sobre as artes cénicas e colaborar com o Executivo na iniciativa legislativa que orienta a materialização dos programas da Cultura. "Queremos desenvolver, junto com as instituições públicas e privadas, editais de projectos artísticos e fundo de apoio com impacto económico, bem como projectos de empoderamento de jovens artistas, através da atribuição de kits de luzes, som e palcos.”

Outro grande desafio da AAT, disse, é estudar, com a banca angolana, um modelo de atribuição de crédito aos grupos de teatro, de modo a desenvolverem projectos de sustentabilidade, de acordo com o Plano de Desenvolvimento Nacional, tendo em conta que o lazer, por via da prática artística, também é um bem essencial ao desenvolvimento humano.

Os desafios da associação

A Primeira Jornada Nacional de Teatro aconteceu de 27 a 31 do mês de Março do ano em curso, na província do Huambo, e reflectiu o estado actual das artes cénicas, no geral, e do teatro, em particular.

De acordo com Simão Paulino, nos eixos das principais recomendações, destacaram, como nota positiva, a vontade expressa da classe artística no sentido de encontrar soluções para o crescimento do teatro em todas as vertentes.

No decorrer dos debates, explicou, saíram importantes contribuições, que devem resultar na materialização dos objectivos com a formação dos actores e produção de espectáculos. 

Durante três dias, ressaltou, os grupos de teatro convidados apresentaram 32 performances, foram realizadas três conferências e igual número de oficinas. Na província do Huambo, no âmbito da Primeira Jornada Nacional de Teatro, realizou-se a segunda Assembleia-Geral Ordinária, onde foi apresentado o projecto de construção da futura sede da AAT, na comuna de Camama.

De acordo com o secretário-geral, com a futura instituição, que provisoriamente está a funcionar num escritório na Vila Alice, no Rangel, vão estar criadas as condições para o desempenho das actividades administrativas com maior dignidade, em particular para as artes cénicas e no geral para outras disciplinas artísticas.

A sede, explicou, vai ser projectada no sentido de ser multifuncional com várias áreas de serviço e de suporte, salas de espectáculos de teatro, espaços de exposição e demais eventos, sector de formação artística, refeitório, estabelecimentos comerciais e área técnica, para a dignificação das suas respectivas produções.

Durante a jornada, explicou, aconteceu ainda o lançamento da "Campanha Um Artista Um Bloco” e uma marcha de agradecimento pela edificação do maior Centro Cultural do Planalto Central, "Manuel Rui Monteiro”.

Na sequência das apresentações de cada um dos temas em debate, os participantes concluíram que o teatro continua a ser um dos principais meios para a educação e sensibilização da sociedade.

A abertura foi presidida pelo director do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Jeremias Tchissanga, em representação da governadora da província, Lotti Nolika.

Participaram na Jornada Nacional de Teatro as companhias e grupos representantes das diversas províncias do país,  designadamente Malanje, Uíge, Luanda, Huíla, Bengo, Zaire, Bié, Cuanza-Sul, Cuanza-Norte, Lunda-Sul, Lunda-Norte, Moxico, CuandaCubango, Namibe, Benguela e Huambo.  

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