Cultura

Jamba Kanguenha defende políticas para a promoção das artes cénicas

Estácio Camassete | Huambo

Jornalista

O presidente da Associação Provincial de Teatro do Huambo confirma não ser possível os actores locais viverem só à custa das artes cénicas, devido ao mar de dificuldades que assola esta classe.

28/03/2023  Última atualização 08H25
Actores das demais províncias procuram na capital do país espaço para desenvolver as habilidades e conquistar novos fãs © Fotografia por: Edições Novembro

Alexandre Jamba Kanguenha alegou, em entrevista ao Jornal de Angola,  que não existem políticas sociais que servem para a promoção do teatro na província. Por isso, acredita que muitos artistas procuram emigrar para Luanda, onde a realidade do teatro é melhor, com a existência de alguns grupos que conseguem sobreviver da arte, através da realização de espectáculos e publicidades.

"Os actores locais fazem arte por uma questão de gosto e amor à camisola. Se porventura alguém no Huambo, vive simplesmente do teatro, então este vive muito mal”, frisou o nosso interlocutor, justificando que tudo o que existe, quanto ao teatro na região é fruto do esforço dos seus fazedores.

Por essa razão, entende que instituições devem fazer algo para melhor dignificar o grande feito da arte. No entanto, acrescenta que apesar de tantas dificuldades, o teatro no Huambo está no auge, porque registam-se espectáculos em todos os fins-de-semana, uma vez que as representações das artes cénicas tinham baixado de nível, devido aos problemas de Covid-19 que assolaram o mundo.

Durante os quase dois anos de paralisação por causa do confinamento, no Huambo, nenhum grupo teatral declarou falência, atitude que revela a maturidade dos actores, que estão dispostos a engrandecer cada vez mais a arte.

Actualmente as actividades teatrais voltaram ao normal, as salas voltaram a encher e os grupos reorganizaram-se, e devolveram alegria aos amantes da arte de representação.

"A arte é muito exigente. Por isso, para se produzir uma cena teatral, gasta-se muito dinheiro e por vezes a adesão aos palcos não é proporcional aos investimentos feitos”, disse o responsável, que manifestou que o teatro obedece a um determinado contexto, porque antigamente era visto como um dos poucos actos de diversão da juventude.

Porém, realça que hoje é feito com rigor, uma vez que existe muita diversão para a juventude, desde os canais televisivos, as redes sociais, que prendem as atenções das pessoas e que enfraquecem as artes cénicas. Para tal, é necessário que esta arte seja feita com qualidade, e que o teatro consiga ombrear com os atractivos actuais, para que não fique ultrapassado com as actuais tendências e para atrair os amantes aos palcos.

A Associação Provincial do Teatro do Huambo está representada em todos os municípios e controla um total de 37 grupos.

Alexandre Jamba Canguenha exalta a realização do primeiro festival nacional de monólogos, realizado no quadro do centenário do primeiro Presidente da República Doutor António Agostinho Neto, no Huambo, que congregou actores de diferentes pontos da província. "Muitos pensam que o teatro é a arte de fazer rir, mas que o seu objecto social é acima de tudo a educação da sociedade, para adoptar determinado comportamento que seja positivo, apelar sobre os principais problemas sociais, desde a saúde e outros pontos positivos”, assinalou.

Huambo é a única província, depois de Luanda, a conquistar o prémio Nacional de Cultura e Artes na disciplina de teatro, com o grupo Vozes de África. Por isso, a Associação de Teatro está a fazer tudo para realizar várias actividades em saudação ao dia mundial do teatro, onde o destaque é da "noite do kimbo”, sustentada por uma maratona de teatro de diferentes grupos da província, para reflectir o momento que o teatro atravessa e o seu futuro no Huambo. "Um actor, além de ser artista, é um pregador, é um professor, um pregador, tem a responsabilidade de representar várias vertentes durante a sua actuação, sendo a primeira de um lado errado e outro bom, passando lições positivas para a sociedade”, acrescentou.

 

Formação de actores

Recentemente foi realizada uma formação denominada "Sonho Arte”, promovido pela actriz Isolete Laurindo, licenciada em teatro, que periodicamente e traz vários actores no Huambo, para capacitar os homens das artes de representar com mais conhecimentos na área. A actriz realçou que de tudo o que os artistas mais precisam actualmente é apenas uma escola especializada na formação de actores, para que a actual geração de actores, consiga transmitir o seu legado aos mais novos.

No entanto, entende que caso haja apoios, a juventude está disposta a participar em diferentes sessões de formação para o engrandecimento das artes no Planalto Central.

O Jornal de Angola apurou durante a formação que fazer teatro passa por incluir todas as disciplinas culturais, uma vez que o actor representa num só palco, a dança, canta, pinta e junta tudo num só espaço, fazer teatro é educar a sociedade inteira.

O teatro contribuiu para o sucesso da luta armada e a conquista da independência, porque serviu como instrumento de moralização da sociedade, bem como aos guerrilheiros em diferentes pontos.

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