Um jantar de confraternização com a Comunidade Angolana em Portugal, foi organizado, esta sexta-feira, em Lisboa, com a Presença do Chefe de Estado, João Lourenço.
O embaixador de Angola no Quénia, Sianga Abílio, que se encontra em Ottawa a participar nas negociações sobre o banimento de plásticos, foi convidado, esta sexta-feira, pelo chefe da Missão Diplomática de Portugal no Canadá, António Leão Rocha, para a recepção comemorativa dos 50 anos da Revolução dos Cravos, que se assinalou a 25 de Abril.
O ministro das Relações Exteriores, Téte António, afirmou, domingo, em Addis Abeba, capital da Etiópia, que a integração económica do continente é muito importante e positiva, mas dependerá sempre da garantia de segurança e mobilidade das pessoas.
Angola apoia totalmente a iniciativa da União Africana que este ano se dedica ao tema "Acelerar a Implementação da Zona de Comércio Livre Continental” e é nisso que tem trabalhado ao nível das sub-regiões para garantir um resultado mais efectivo, segundo indicou o ministro Téte António.
Um caso prático, apontado pelo ministro, é o Corredor do Lobito, infra-estrutura transcontinental, que ligará vários países de África e que contribui, através do Caminho-de-Ferro de Benguela, para a concretização da integração económica.
Téte António assume com bastante importância a confiança existente e a necessidade de aprender-se com as lições externas, numa altura em que o mundo está a ser reconfigurado e faz todo o sentido optar pelas trocas inter-africanas.
Balanço da Cimeira
A questão da resolução do conflito no Leste da RDC acabou por dominar os bastidores e muitos dos contactos diplomáticos na Cimeira.
Nesse sentido, o ministro Téte António valorizou o facto de Angola e Burundi, sob iniciativa e presidência de João Lourenço, terem co-organizado a reunião entre os dois processos.
Trata-se dos processos de Luanda, que é político, e o de Nairobi, encarregue de desdobrar as tropas no terreno.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, o maior resultado da reunião de cinco horas, dirigida pelo Presidente João Lourenço, na qual participaram todos os intervenientes
da região, incluindo RDC e Rwanda, é que o comunicado final foi endossado pela União Africana no seu documento, um facto pouco habitual.
"Se olharmos para o comunicado final do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, retoma, praticamente, o conteúdo que o Presidente João Lourenço leu no referido encontro. É raro a Comissão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana adoptar o comunicado de uma reunião paralela”, afirmou.
Fundo da Paz
Um outro dado avançado pelo ministro Téte António é que o Chefe de Estado angolano, na declaração submetida ao Conselho de Paz e Segurança aborda com profundidade questões que hoje em dia constituem o desafio para o desdobramento das forças no Leste da RDC, que é o financiamento através do Fundo da Paz da União Africana.
Tudo isso indica pistas para que o país possa utilizar os mesmos fundos, pois se trata de um contacto já feito anteriormente pelo Presidente João Lourenço e que visa garantir o uso do Fundo da Paz da União Africana e com a contribuição dos próprios africanos, antes de se pedir qualquer apoio externo.
"Como devemos estar lembrados, Angola e Senegal, mesmo não sendo membros da África do Leste, deram o exemplo ao contribuírem para o Fundo da Paz. Também é ainda preciso sublinhar que se assistiu ao longo da realização da Mini-Cimeira um clima de tensão entre o Rwanda e a RDC e mesmo durante o encontro do Conselho de Paz e Segurança”, frisou.
Acrescentou que foram importantes as abordagens feitas pelo Presidente de Angola no sentido de desencorajar a guerra, pois a RDC estava disposta a responder com reacção armada às investidas rebeldes no Leste, para defender o seu território e população.
Na sua acção continental de "Campeão da Paz”, o Presidente João Lourenço procurou acalmar o clima de tensão e no encerramento da Cimeira da União Africana foi possível ver, de acordo com o ministro Téte António, as partes envolvidas já com um tom mais conciliador e sob o compromisso de se trabalhar mais para encontrar soluções pacíficas para o conflito na RDC.
"No fundo, acreditamos todos que a guerra não vai resolver este conflito no Leste da RDC, mas sim a mesa de negociações”, afirmou o governante angolano.
Impacto do estatuto de "Campeão da Paz”
A 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que Addis Abeba acolheu sábado e domingo, antecedida da 42ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo, foi a primeira em que o Presidente João Lourenço participou com o mandato de "Campeão da União Africana para a Paz e Segurança da União Africana”.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, o facto foi muito citado por todos os intervenientes no Conselho de Paz e Segurança. Acrescentou que o Presidente João Lourenço apresentou o seu relatório e foi-lhe dado o tempo necessário para abordar as questões, que têm sido bastante apreciadas pelos seus pares.
"A lógica é a de que devem ser os africanos a resolver os próprios problemas com acções e os outros diplomatas concordam que se deve falar sobre a paz e estabilidade nas regiões, mas que isso se faça na prática e não apenas nos discursos”, realçou.
Como finalizou o ministro Téte António, tem sido este o papel do Presidente João Lourenço em situações como do Rwanda, também da RCA e mesmo nas que foram analisadas em relação ao Leste da RDC.
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