Opinião

Iniciativa louvável

Trazer à conversa a problemática da escassez de recintos desportivos em Luanda, é reavivar um debate que em outras ocasiões já preencheu páginas, ou animou tertúlias de gente que lida, no seu dia-a-dia, com a "coisa desportiva", não importando se os actores fossem comentadores, praticantes, gestores ou meros espectadores. O assunto já foi esmiuçado à exaustão.

01/02/2023  Última atualização 09H50
Na verdade, Luanda sofreu, nos últimos anos, uma acentuada redução dos espaços que noutro tempo estavam reservados para a prática desportiva,  do futebol particularmente, em todos os bairros suburbanos. Tratou-se de um processo macabro, a que todos fizeram vista grossa, como se não fossem estes mesmos espaços que no passado consagraram ídolos, hoje com nome na História.

A necessidade pessoal de quem podia, por gozo de alguma influência, falou mais alto. De resto, não é comum, se olharmos para a realidade de outros países, anular um campo de futebol para no seu lugar se construir um armazém de quinquilharias ou um templo religioso, de uma seita destas que crescem como cogumelos por Luanda.

Mas cá entre nós isto aconteceu, e os principais musseques perderam, se calhar, sem dar por isso, parte da sua graça, do seu modo de vida. Os fins de semana, desportivamente animados, com trumunos cheios de arte, e que produziam estrelas para os grandes clubes, ficaram amorfos. Quase já não se ouve aquela gritaria de gente que corre atrás de uma bola, com avidez de driblar o adversário e terminar a jogada com um golaço de acabado artifício.

E parecendo que não, esta particularidade tem vindo a penalizar grandemente a evolução do nosso desporto, do nosso futebol. Era nestes pequenos recintos, quase todos sem bancadas, onde eram descobertos os grandes talentos , verdadeiros diamantes brutos, que depois de bem lapidados viriam se impor nas grandes equipas, sendo que muitos dobraram os nossos limites fronteiriços para cintilar no estrangeiro.

Vezes sem conta, quando nos metemos aos lamentos sobre o momento actual do nosso futebol, por exemplo, nos esquecemos deste pormenor. É que no passado havia uma estratégia de políticas propensas à  evolução desportiva. O quadro hoje é completamente diferente, e quando o trabalho de base é feito aos tombos não se pode augurar uma safra fabulosa. Desenganem-se.

Há um conjunto de factores que não foi muito bem acautelado. O desporto se ainda existe e conquista títulos continentais em certas modalidades, é porque temos ainda aqueles a quem não sabemos se devemos tratar por teimosos, empreendedores  ou persistentes. Que mesmo por entre dificuldades mil, no futebol , andebol, basquetebol, hóquei em patins, atletismo e outras disciplinas fazem trinta por uma linha para que o desporto continue a ocupar o espaço que lhe está reservado.

De resto, com o desmantelamento dos campos nos bairros e com a desatenção que se deu ao Desporto Escolar, quase que ficou ditada a sentença, com pena máxima, a um fenómeno social de grande utilidade. Por isso, devemos aplaudir a ideia, se não o projecto, do governador provincial de Luanda, Manuel Homem, que consiste na criação de espaços desportivos nos municípios de Lunada. Bem haja iniciativas do género...

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