Economia

Indústria transformadora apontada como pilar estratégico

Hélder Jeremias

Jornalista

O secretário de Estado para o Planeamento destacou terça- feira, em Luanda, a previsão de crescimento dos actuais menos de 10 para 20 por cento do sector da indústria transformadora no Produto Interno Bruto (PIB), até 2050, entre as principais metas a serem alcançadas em função da grande transformação estrutural da economia definida na Estratégia de Longo Prazo “ELP Angola 2050”.

24/05/2023  Última atualização 07H05
O secretário de Estado para o Planeamento, Milton Reis, apresentou as linhas mestras © Fotografia por: edições novembro

Milton Reis, que falava durante a segunda sessão de Auscultação Pública para a Finalização do referido diploma, realizada no auditório da Escola Nacional de Administração de Políticas Públicas (ENAPP), dirigida para gestores de empresas públicas, privadas e bancos comerciais,  revelou  que a previsão é que o sector petrolífero tenha um peso não superior a 5,0 por cento do PIB, enquanto o sector da Agricultura deve registar um crescimento dos actuais cerca de 12 para 18 por cento até no final de 2050.

O secretário de Estado recordou que  a  "Estratégia de Longo Prazo Angola 2050” resultou de um trabalho com duração de cerca de quatro (4) anos, cujo início ficou marcado por um processo de consulta prévia no sentido da equipa técnica aferir aquilo que era a visão dos angolanos para o futuro, por se tratar de um instrumento do Sistema Nacional de Planeamento, elaborada através da análise de cenários de nível nacional, territorial e local.

A elaboração do documento, segundo avançou Milton Reis, contou com a extensa  participação de múltiplas instituições nacionais públicas e privadas,bem como da  sociedade civil. Foram feitas mais de mil entrevistas a representantes das mais de 300 entidades auscultadas, com destaque para líderes políticos, empresariais, associativos, assim como de parceiros ao nível da cooperação internacional.

Milton Reis apontou que estiveram na base da elaboração da nova Estratégia o facto de a análise feita sobre a Estratégia 2025 ter permitido constatar que havia um desfazamento em termos daquilo que se observou até àquela altura e aquilo que o documento previa em termos de cenários, com destaque para o cenário macroeconómico, fruto da crise de 2008, com a redução do preço do barril do petróleo no mercado internacional.

Participantes enaltecem iniciativa do Executivo

Os representantes  da classe empresarial enalteceram a iniciativa do Executivo em traçar uma estratégia para que Angola possa atingir altos níveis de crescimento até 2050. No encontro, ontem, avançaram sugestões convergentes e divergentes sobre os temas ligados a sectores que consideram  sensíveis.

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, considerou a auscultação  um desafio para toda a sociedade e encorajou a trazerem propostas no sentido de que os objectivos preconizados não caiam por terra, o que passa por perceber bem os problemas que estão na base do difícil cenário em que o país se encontra.

"Vivemos sete anos de estagnação, com forte impacto no desemprego e na pobreza.  As dificuldades são visíveis e é muito bom que haja uma vontade para sairmos desta crise com maior celeridade, mas isto não se resolve só com os métodos convencionais. O Estado deve procurar formas de ter acesso aos grandes fundos de desenvolvimento, tal como sucedeu com os países da Europa após a Segunda Guerra Mundial”, disse.

José Luís Magro, auditor de empresas agrícolas  e de pescas sediado na província de Benguela, considera fundamental uma maior aposta na formação empresarial e celeridade na alienação de empresas estatais ociosas para o sector privado, as quais vê como os pilares para se alcançarem as metas do Plano Estratégico do Governo.

"É necessário que os empresários tenham formação de

gestão, quer empresarial propriamente dita, formação em temas fiscais, para que percebam melhor dos impostos, entre outros elementos importantes na economia”, avançou.

Para o assessor empresarial Paulo Baptista, o Executivo está de parabéns pela concepção do projecto, pois um projecto de longo prazo permite antever as situações com mais cautelas e segurança, para que os objectivos sejam concretizados. Defende uma particular atenção no fomento da avicultura, a avaliar pelo facto de Angola ser dos países com a taxa de natalidade em aceleração, o que implicará a crescente necessidade de aves para o consumo doméstico.

Noé Kavemba, da Associação de Brigadas de Mecanização de Angola, disse  estar satisfeito com o Plano Estratégico de Longo prazo, mas coloca algumas interrogações relativas aos motivos que levaram o primeiro plano 2025 a falhar, não obstante alguns motivos avançados pelo secretário de Estado, tais como a inflação, a baixa do preço do petróleo e a pandemia da Covid-19.

Marcela Inglês recomenda  uma maior atenção ao sector da Energia, por se tratar de uma área transversal a todos os sectores. "Notamos que a percentagem dedicada ao sector da Energia é muito baixa. Se quisermos criar uma agricultura , pesca e  avicultura sustentáveis, não podemos esquecer que necessitamos de consumir energia eléctrica”, lembrou.

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