A importação angolana de alimentos permanece em níveis próximos dos três mil milhões de dólares por ano, apesar da expansão dos programas institucionais de financiamento à produção nacional e da protecção aduaneira, declarou, quarta-feira, em Luanda, a bastonária da Ordem dos Economistas de Angola (OEA).
Maria Bravo, que falava numa mesa redonda em que foi anunciado o plano de actividades da OEA para o ano de 2024, num acto realizado em parceria com a Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN), apontou ainsuficiência do financiamento público e de concessão de crédito aos agricultores como um dos principais motivos do baixo nível de produção agrícola e pecuária no país.
A reduzida eficácia e eficiência dos investimentos em infra-estruturas e na produção directa, gerou, nos últimos 20 anos, perdas que podem ter atingido valores próximos dos quatro mil milhões de dólares, disse a bastonária da OEA. "Infelizmente, não são conhecidos estudos que permitam uma avaliação fundamentada de tais investimentos, de modo a perceber os seus efeitos reais”, disse Maria Bravo na mesa redonda realizada sob o tema do "Desenvolvimento Agrícola de Angola com Base em Recursos Internos”.
Segundo a responsável, os dados do Ministério da Agricultura e Florestas apontam que dos 36 milhões de hectares de terras aráveis, são cultivados seis milhões de hectares por ano, representando menos de 20 por cento da área existente.
O director nacional para a Agricultura e Florestas, Manuel Dias, declarou à imprensa que o pelouro vai continuar a apoiar o sector, fundamentalmente, a agricultura familiar, por ser uma área primária e capaz de abranger a maior parte da força de trabalho activa em Angola.
O sector da Agricultura Familiar, disse o director, representa cerca de 80 por cento da actividade agrícola em todo o país, pelo que o Ministério tem virado as suas acções para o aligeiramento dos procedimentos de legalização das terras para que as comunidades menos favorecidas desenvolvam as suas actividades agrícolas com segurança.
O presidente da Associação dos Profissionais Agrários, Yuri Chipuio, propôs que o país continue a optar pela formação de quadros e investir em tecnologias viradas para o desenvolvimento do sector agrícola, para possibilitar o aumento da produção nacional.
Solicitou uma aposta no processo de investigação e uma reforma dos institutos médios e superiores agrários do país, para permitir acções mais concretas para combater a insuficiência alimentar observada no país.
O encontro, que teve como objectivo reflectir e discutir a situação de terras em Angola como factor limitador e estruturante do desenvolvimento do sector agrícola, bem como do crescimento das micro e pequenas empresas agrícolas e familiares, contou com a participação de empresários do sector agrário e de outros que compõem o ecossistema, representantes de instituições públicas e privadas e de associações empresariais.
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