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Igreja e Governo do Uíge preparam exéquias do bispo

A Diocese do Uíge e o Governo Provincial começam já trabalhar na criação de condições para as exéquias do bispo emérito Dom Francisco da Mata Mourisca, falecido na noite de quinta-feira, aos 95 anos, em Luanda.

18/03/2023  Última atualização 08H20
© Fotografia por: DR

O bispo da Diocese do Uíge, Dom Joaquim Nianganga Tyombe, anunciou o facto no termo de uma reunião do clero da Igreja Católica local, na Sé Catedral, em que foram tomadas decisões para a realização das exéquias.

O responsável da Diocese avançou que as decisões saídas do encontro do clero vão ser levadas ao Governo Provincial, que se interessou, também, em participar nas cerimónias fúnebres.

O bispo informou que, depois da concertação com o Governo Provincial, já terão a deliberação definitiva da data e como serão organizadas as exéquias de Dom Francisco da Mata Mourisca, que foi, até antes da sua aposentação, em 2008, o mais antigo membro da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

O prelado faleceu no Complexo Hospitalar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, vítima de doença. Esteve internado cerca de 15 dias. Há mais de dois anos que o bispo se tinha recolhido das celebrações religiosas.

Nascido José Moreira dos Santos, a 12 de Outubro de 1928, na então freguesia de Mata Mourisca (de onde lhe vem o nome que usou na sua missão apostólica), na Diocese de Coimbra, Portugal, foi nomeado bispo, ainda na ex-Diocese de Carmona e S. Salvador, a 14 de Março de 1967, com apenas 39 anos, e ordenado a 30 de Abril do mesmo ano, no Porto, Portugal.

Dom Francisco da Mata Mourisca pertenceu à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e foi ordenado sacerdote no Porto, a 20 de Janeiro de 1952. Formado em Teologia Dogmática pela Universidade de Salamanca, Espanha, em 1957, exerceu em Portugal vários cargos de responsabilidade, entre os quais o de ministro provincial dos Capuchinhos.

Durante o tempo em que esteve à frente da Igreja na província do Uíge, o clérigo notabilizou-se na construção de escolas para o ensino geral, com destaque para o edifício onde funciona do Instituto Médio de Educação (INE), centros de formação de missionários, bem como os seminários do Uíge e Sanza Pombo.

 

MPLA consternado

O Bureau Político do Comité Central do MPLA endereçou, ontem, à família e devotos da Igreja Católica em Angola "profundos sentimentos de pesar” pela morte do bispo emérito do Uíge.

Para o MPLA, o ministério de Dom Francisco da Mata Mourisca ficou marcado, entre outros aspectos, pelo reconhecimento do seu profundo sentido humano, por via do qual conquistou a amizade, admiração e simpatia das comunidades para as quais esteve sempre disponível a prestar ajuda nos mais variados sentidos, como reflexo da missão social da Igreja.

O partido no poder destaca, igualmente, o facto de Dom Francisco da Mata Mourisca ter sido um bispo dedicado à escrita, "tendo deixado vários livros publicados, na condição de escriba da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

"A morte do bispo emérito representa, não só o fim do ciclo natural da sua vida, mas a perda de uma enciclopédia viva, um prelado com posições firmes e convictas sobre assuntos de várias áreas do conhecimento, bem como de um intelectual de reconhecida dimensão humana”, considera o órgão de cúpula do partido no poder.

Ainda ontem, várias entidades manifestaram sentimento de pesar pela morte de Dom Francisco da Mata Mourisca.

Numa nota de condolências enviada à Angop, o ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, escreve que foi com profunda tristeza que tomou conhecimento da morte do prelado.

A Embaixada de Angola na Nigéria também lamenta o infortúnio e considera Dom Francisco da Marta Mourisca "homem de grande dimensão espiritual, humanista e formador de talentos”.

"Missionário de referência social inquestionável, o malogrado, nos momentos mais difíceis do país, desafiou a sua força física e levou o conforto espiritual, a fé e o pão às populações afectadas pelo conflito armado”, lê-se na mensagem assinada pelo embaixador Eustáquio Quibato.

 

Silvino Fortunato e António Capitão | Uíge

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