Opinião

Ideologias que marcaram a história do mundo

Manuel Rui

Escritor

A Revolução francesa inspirada no iluminismo e face à crise gaulesa no final do séc. XVIII, marca o início da queda do absolutismo. Foi um dos maiores eventos para o desenvolvimento da humanidade. Os três poderes, Legislativo, Executivo e Judicial, ainda hoje são mantidos, pelo menos teoricamente, nas constituições. O ideólogo dos três poderes foi Montesquieu.

16/11/2023  Última atualização 06H00
A Revolução francesa, como quase todas as revoluções, foi de grande violência. O 25 de Abril em Portugal é uma exceção que bem merecia um Nobel da Paz.

Porém, haviam de surgir novas ideologias vazadas em obras de boas intenções, salvo o livro de Hitler, ex-soldado, derrotado da primeira guerra mundial que começa a construir uma verdadeira ideologia contra a humanidade. Mein Kampf (Minha Luta) é o célebre livro de Adolf Hitler. Dois volumes. O primeiro foi escrito na kionga e publicado em 1925, o segundo, já em liberdade, é editado em 1926. Manual dos nazistas, ainda hoje os neonazistas lhe chamam "Bíblia Nazista.” No livro defende-se o antissemitismo, anticomunismo, antimarxismo, racismo e nacionalismo de extrema direita. Hitler baseou-se em ideias que pairavam nebulosamente sobre a Europa. Na Alemanha nazi era uma obrigação possuir o livro, dar de presente aos recém-nascidos, nubentes e académicos a quando da formatura. Desculpem-me os puritanos mas se a mãe do Adolfo tivesse feito um aborto, mesmo condenada, teria evitado esse filho da…Alemanha.

Os estudiosos refletem sobre a flexibilidade conotativa e contextual da palavra Kampf (desde luta, combate ou guerra).

Em Julho de 2016, o livro foi editado em Portugal pela editora Guerra e Paz e foi o maior êxito de vendas na Feira do Livro de Lisboa.

A fatura nazi contabiliza-se no assassinato de seis milhões de judeus, incluindo crianças, no chamado Holocausto, também pessoas deficientes, eslavos, gays, comunistas, testemunhas de Jeová, ciganos, prisioneiros, tudo ultrapassando 10 milhões de pessoas.

E o livro até foi mal escrito. Mesmo Mussolini, o ditador italiano, teria dito que causava tédio e não o conseguiu ler até ao fim.

Hitler, para não ser capturado, suicidou-se no subterrâneo onde vivia em Varsóvia (Polónia) em 1939.

O Manifesto Comunista, publicado em 1848 é uma espécie de hino para a classe operária lutar contra o domínio da burguesia. Obra de grande influência mundial, escrito pelos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels. Partem de uma análise histórica referenciando as várias formas de opressão social durante séculos e localizando a burguesia da época como a nova classe opressora. É o tempo das lutas e manifestações contemporâneas da revolução industrial, da luta pela diminuição da jornada laboral, do estudo da mais-valia e do valor acrescentado pelo trabalhador a sobrar para o patrão. Curiosidade, o manuscrito foi enviado à gráfica em Janeiro de 1848, poucas semanas antes da revolução francesa de 24 de Fevereiro.

É o manifesto comunista que se transforma em pensamento ideológico para a Revolução de Outubro, quando os bolcheviques, no dia 25 de Outubro de 1917 (calendário russo de então) correspondente a 7 de Novembro do calendário atual lançaram o assalto final e tomaram o poder.

Uma coisa é o marxismo leninismo, outra foi a prática de uma revolução em perda constante na competição contra o capitalismo, incluindo a luta pelo espaço. A "Sóvias” começou a mandar gente para campos de concentração com todo o tipo de torturas. Aleksandr Soljenítsyn foi um dos escritores que mais se notabilizou na denúncia dos gulag. O mundo despertou quando surgiram, mais tarde, obras como "A Nomenclatura” que denuncia a hierarquização dos soviéticos como castas ante o partido como um Deus. Mas os soviéticos, é preciso não esquecer, bateram-se na ONU contra o colonialismo, ajudaram os movimentos de libertação e até criaram uma universidade, Patrice Lumumba, para africanos.

O Livro Vermelho de Mao Tsé Tung, foi organizado por Lin Piao, então ministro da defesa de Mao.

Entre 1949-1976, Mao defende revolucionar o comunismo, na cultura, economia e política, lutando contra o feudalismo que imperava na China. É a sua longa marcha com os guardas vermelhos empunhando o livro que continha citações de Mao. Inicialmente publicado na China, foi internacionalmente distribuído a partir de Abril de 1964 e tornou-se no 2º livro mais vendido na história, atrás apenas da Bíblia, 900 milhões de cópias impressas. Na China e não só, passou a ser um livro icónico, principalmente durante a Revolução cultural. A Longa Marcha de Mao revolucionou a China e o mundo pela positiva, quanto mais não fosse porque aumentou a produção alimentar.

A única obra de ódio, das que referi, é a de Hitler, nem o Manifesto nem o livro vermelho sequer insinuam desumanidade.

Um à parte, transcrito da edição de Manuel Fonseca da Guerra e Paz, editora portuguesa.

 NUM GULAG, NA SIBÉRIA TRÊS PRESOS EXPLICAM PORQUE ESTÃO PRESOS. "ESTOU CÁ POR DIZER QUE KARL RADEK ERA UM CONTRA-REVOLUCIONÁRIO”, DIZ UM. RESPONDE OUTRO: "TEM GRAÇA, EU FUI POR TER DITO QUE RADEK NÃO ERA CONTRA-REVOLUCIONÁRIO.”

VIRAM-SE PARA O TERCEIRO E PERGUNTAM-LHE: "E TU?” RESPOSTA DELE: "EU SOU KARL RADEK.”

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