Embarcámos, a meio de uma dessas manhãs, particularmente quentes (como acontece ultimamente em Luanda), a partir da estação de autocarros da Macon – passe a publicidade – na zona dos Ramiros, um aglomerado populacional que regista um crescimento exponencial, com a previsão de chegada à cidade ferroportuária do Lobito pouco depois das dezassete horas.
Já não se lembra, com exactidão, o dia em que, aos 12 aninhos, começou a fumar cigarros, liamba e crack, numa altura que usava, igualmente, álcool. Sabe apenas que a primeira e tantas vezes que usou drogas foi por influência de amigas com idade mais avançada.
Joaquim Neketela, autoridades tradicional do Alto Bimbi, no município da Humpata, disse ao Jornal de Angola que a terraplenagem da estrada, no troço que vai da sede municipal à comuna das Neves, está a permitir aos consumidores deslocarem-se até a comuna para comprarem as frutas da época, de produção local, nomeadamente, maçã, pêra, laranja, tangerina e mirangolo.
"A nova estrada está a nos facilitar muito e a poupar os nossos recursos. Os táxis e os clientes já chegam até aqui nas Neves”, disse o soba.
Joaquim Neketela realçou que a iluminação pública "melhorou a segurança na vila e está a desencorajar os assaltos nas residências e lojas”.
A enfermeira Augusta Catarina, por sua vez, afirmou que a abertura ao público do novo centro de saúde da comuna das Neves, apetrechado com equipamento hospitalar diverso e projectado para internar 20 pacientes, melhorou a qualidade do atendimento às mulheres grávidas.
"As gestantes enfrentavam dificuldades para acorrer ao hospital da vila, onde estão criadas as condições necessárias para os serviços de parto”, disse, informando que já houve casos de bebés que nasceram durante o percurso para o hospital da vila.
O enfermeiro António Firmino apelou aos habitantes da comuna das Neves "a serem os primeiros a preservar as novas e as antigas infra-estruturas sociais”.
Acções do PIIM
A execução de 12 projectos inscritos no Programa de Combate à Pobreza (PCP) e o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), orçados em três mil milhões de kwanzas, no dizer da administradora municipal da Humpata, impulsionaram a actividade sócio-económica da circunscrição.
Rita Miranda frisou que a asfaltagem de oito estradas na sede municipal deu uma nova imagem aos bairros que surgiram no quadro do programa de distribuição de terrenos. "A vila da Humpata está com um novo cenário, atractiva e mais alargada devido às novas construções habitacionais e a implantação de várias empresas públicas e privadas”, disse, estimando a comparticipação dos novos habitantes da comuna da Palanca na nova imagem da zona residencial.
Segundo a administradora, a terraplenagem das estradas da sede até as entradas das comunas do Caolo, Batabata, Neves e Alto Bimbi está a facilitar o escoamento da produção agrícola, com realce para as hortaliças e a fruta. "As actuais condições dos acessos já se repercutem na redução dos preços de diversos produtos do campo”, afirmou.
Fez saber ainda que os alunos que frequentavam aulas em locais improvisados estudam agora em sete escolas novas, devidamente equipadas, erguidas nas imediações do Cristo Rei, Calume, Palanca, Onkuluvale e na sede.Importa salientar que os alunos da escola do II ciclo da comuna da Palanca passaram a dispor de laboratórios das especialidades de Biologia, Química e Física.
Energia eléctrica
Mais de 19 mil famílias da circunscrição beneficiam de energia eléctrica de uma nova subestação eléctrica, que além das moradias está a abastecer o sistema de iluminação pública de vila e arredores.
A administradora municipal da Humpata, Rita Miranda, anunciou o reforço da capacidade de geração de energia eléctrica, que passará a contemplar mais de 5000 habitantes, incluindo das comunas e povoações.
"A
preocupação neste momento tem a ver com o fornecimento de energia eléctrica aos
bairros e povoações”, disse, garantindo que há um plano de extensão do sistema
eléctrico para as zonas mais recônditas assim como para a zona reservada para a
construção de infra-estruturas económicas.
Cirurgias bem sucedidas
Em finais do ano passado, segundo o director Clínico do Hospital Municipal, Aguinaldo dos Santos, numa parceria com o Hospital Central do Lubango, foram realizadas na Humpata 16 cirurgias maxilo-faciais, 40 cirurgias gerais e 43 do foro urológico. "Foram bem sucedidas as cirurgias devido ao empenho dos médicos e familiares”, esclareceu o responsável.
Aguinaldo dos Santos enalteceu a formação contínua dos profissionais promovida pelo Hospital Central do Lubango e considerou a superação permanente dos enfermeiros e médicos uma mais-valia.
Referiu que o hospital tem atendido casos de hérnia, hidrocele, varicocele, infecções no escroto e outras doenças que afligem crianças e adultos. "Estão já criadas as condições para cirurgias relacionadas com hérnia e hidrocele e com os casos de infecção no escroto e varicocele”.
As obras levadas a cabo proporcionaram à unidade hospitalar um bloco operatório e as áreas de raio X e hemoterapia, além de novos consultórios. A capacidade de internamento passou de 34 para 120 pacientes.
O hospital municipal da Humpata possui ainda, entre outros, os serviços de ginecologia, pediatria, neonatologia e reanimação. Dispõe de uma central de esterilização, sala de pré e pós-parto e uma casa mortuária.
Paulo Katombela, que padeceu durante dois anos de hemorróides, está satisfeito por ver solucionado o seu problema, que já o levou a consultar vários terapeutas tradicionais sem solução plausível. "Estou melhor e aliviado por encontrar a solução aqui mesmo na Humpata”, reconheceu.
Turismo e história
O director municipal do Turismo e Hotelaria, Agostinho Muapachi, considerou que a reparação e ampliação das estradas secundárias e terciárias está a atrair turistas nacionais e estrangeiros no município. "O aumento de visitantes motivou a definição de doze pontos turísticos, que estão, neste momento, já catalogados”, disse, mencionando particularmente a Serra da Leba, as grutas de Ondimba, a vegetação do Alto Bimbi, as quedas da Estação Experimental e o cemitério dos Boer.
A história da implantação dos colonizadores de Angola tem umas das suas referências na Humpata, dada a fixação do núcleo da colonização Boer em 1880. Conta-se que o então administrador do concelho da Humpata, alferes Artur de Paiva, contraiu matrimónio com a filha do chefe da colónia Boer, Jacquelina Botha.
Os escritos atestam que a designação Humpata provém de Mwenwpata, nome de um soba local. A afixação dos colonos na Humpata deveu-se ao clima semelhante às suas terras de proveniência. Mwenwpata, que vivia nas proximidades da Estação Experimental, desapareceu misteriosamente e não se sabe ao certo se migrou para outra região ou terá sido assassinado.
Após a efectivação da ocupação, foi criada uma comissão coordenada pelo português Artur de Paiva, nomeado pelo Governador-geral César do Amaral, no dia 2 de Dezembro de 1882. A 17 de Janeiro de 1883, alferes Artur de Paiva proclamou a criação do concelho da Humpata. Importa realçar que a primeira colónia Boer, de 270 elementos, chegou ao território huilano no dia 22 de Dezembro de 1880, tendo uns se instalado na comuna da Huíla e outros na Humpata. Jacobus Botha era uma referência entre eles.
No cemitério localizado na fazenda Jamba, estão 31 campas de indivíduos vítimas de doenças e de inadaptação ao clima. O referido cemitério, que faz parte da arquitetura religiosa e funerária do país, é um dos símbolos da presença Boer nas terras da Humpata, sendo visitado com frequência por turistas nacionais e estrangeiros. Pela sua importância, foi classificado em 2000 como património histórico e cultural, por despacho do então Ministério da Educação e Cultura.
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