Sociedade

Hospital regista casos da doença de Parkinson

Alexa Sonhi

Jornalista

O Serviço de Neurologia do Hospital Josina Machel diagnosticou, de Janeiro a Março deste ano, seis casos da doença de Parkinson, uma patologia neurológica que acomete pessoas com idades acima dos 60 anos.

12/04/2024  Última atualização 11H42
Chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Josina Machel, Guilherme Miguel, fala da doença © Fotografia por: Alberto Pedro| Edições Novembro
Segundo o chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Josina Machel, Guilherme Miguel, o reduzido número de pacientes deve-se ao facto de a doença ser rara no seio da população.

Em entrevista ao Jornal de Angola, por ocasião do Dia Mundial de Consciencialização da doença de Parkinson, assinalado ontem, o especialista disse que há um desconhecimento da doença por parte de muitos cidadãos, que ignoram os sintomas, confundindo-os com os de outras patologias, como o Acidente Vascular Celebral (AVC).

O médico neurologista realçou que, a nível do país, nunca foi feito um estudo epidemiológico nem um rastreio do Mal de Parkinson, para se aferir a real situação da doença no país.

Apesar de a doença de Parkinson afectar pessoas com idades acima dos 60 anos, o médico disse ser possível, também, afectar indivíduos mais novos, a partir dos 40 anos de idade, caso haja histórico familiar (genética).

"Quando aparece nessa idade, a literatura chama de "Parkinson precoce ou juvenil”. Vale dizer que não há relatos de alguma criança que tenha padecido desta enfermidade”, acentuou o neurologista.

Doença rara

Guilherme Miguel realçou que o Mal de Parkinson é uma doença rara e pouco diagnosticada entre as pessoas de raça negra. Mas, apesar disso, acrescentou, é fundamental que as pessoas conheçam os sintomas, a fim de terem um diagnóstico precoce e ajudar o paciente a ser atendido de forma completa.

O Mal de Parkinson é uma doença neurológica, degenerativa, progressiva e crónica do sistema nervoso central, que afecta princi-palmente a coordenação motora do ser humano.

O neurologista explicou que a doença de Parkinson causa um défice na produção de uma substância denominada "dopamina”, que funciona como neurotransmissor e tem a função de controlar o movimento do corpo humano e da memória.

Quando há falta da produção da dopamina, esclareceu, os neurónios e as células começam a morrer e, por isso, os sintomas manifestam-se de forma muito lenta e gradual, ao longo do tempo.

"Por se tratar de uma doença neurológica, quem deve abordar o doente de Parkinson, desde o diagnóstico, tratamento e acompa- nhamento, é um médico neurologista, para se evitarem erros”, alertou.

Guilherme Miguel informou que não existe nenhum exame definitivo para o diagnóstico do Mal de Parkinson, daí ser necessária a realização de vários exames complementares e laboratoriais como TAC (Tomografia Axial Computarizada), para serem excluídas doenças parecidas, como é o caso do Alzheimer.

Tratamento

Em relação ao tratamento, o médico explicou que começa sempre com fármacos, com realce para Levodopa (L-dopa), uma medicação composta de Levodopa e cloridrato de Benserazida, que são compostos actuantes no Sistema Nervoso Central, fazendo a reposição da Dopamina, a substância que ajuda na comunicação entre células. Na fase mais avançada da doença, disse, o tratamento pode ser multidisciplinar, porque podem surgir outras situações que obriguem à intervenção de um fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo e outros especialistas, para minimizar os efeitos da doença. Na opinião do médico, quando a doença é diagnosticada logo no início, apesar de não ter cura, o paciente devidamente acompanhado e medicado pode melhorar a qualidade de vida.

Sinais de alarme

A doença de Parkinson tem características próprias. Os principais sinais são a dificuldade em caminhar, lentidão nos movimentos, postura encurvada para a frente e tremor, principalmente nas mãos e nas pernas.

Antes do surgimento destes sinais, as pessoas começam a queixar-se de que estão a ficar mais lentas ao se deitar na cama e ao entrar para o carro, movimentos que, anteriormente, eram feitos sem problemas.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que aproximadamente quatro milhões de pessoas no mundo sofrem do Mal de Parkinsom. Com o aumento da esperança de vida e o envelhecimento da população, a OMS estima que o número possa dobrar até 2040.

O Dia Mundial de Consciencialização da Doença de Parkinson foi instituído pela OMS, em 1998, com o objectivo de informar cada vez mais a população mundial sobre a existência desta doença e as formas de tratamento.

A data foi criada em homenagem a James Parkinson, médico inglês que nasceu a 11 de Abril de 1755 e descreveu a doença pela primeira vez em 1817.

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