Política

Hospital Geral de Viana confirma aposta na melhoria da qualidade da Saúde

César Esteves

Jornalista

Os habitantes de Viana, em Luanda, vão deixar de percorrer longas distâncias à procura de serviços de saúde antes inexistentes no município, fruto da entrada, sexta-feira, em funcionamento, do seu Hospital Geral com capacidade para 300 camas.

13/04/2024  Última atualização 08H03
O Chefe de Estado interagiu, ontem, com os responsáveis da unidade sanitária, durante a visita aos compartimentos da infra-estrutura © Fotografia por: Dombele Bernardo | Edições Novembro

Inaugurado pelo Presidente da República, João Lourenço, o hospital, com o nome do primeiro bispo da Igreja Metodista Unida, Emílio de Carvalho, vai dispor de especialidades médicas, sobretudo, para as ligadas à saúde da mulher e da criança.

A unidade de nível terciário está localizada nas proximidades do Zango 8000, no distrito urbano do Zango, uma das áreas de maior crescimento populacional e económico da capital angolana.

Na interacção com os jornalistas, depois do corte da fita e da visita guiada aos vários compartimentos, o Presidente da República esclareceu que um dos motivos para este investimento na Saúde deve-se ao facto de, na infância, ter visto, às vezes que acompanhou o pai enfermeiro ao serviço, doentes em condições precárias.

"Isso ficou-me na mente, por isso, hoje que estou numa posição em que posso ajudar a resolver este problema, de termos um Sistema Nacional de Saúde que funcione, realmente, é a oportunidade de o fazer", atestou o Presidente da República, enfatizando que filho de enfermeiro tem que ter sensibilidade para com a Saúde. "Eu cresci a andar pelos corredores de um hospital. Portanto, sei dar valor à saúde das pessoas", atestou.

Acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, o Chefe de Estado disse que essa aposta na Saúde é, também, uma convicção Sua de que é possível proporcionar melhores condições de assistência médica e medicamentosa aos angolanos, frisando que esta possibilidade existe e os resultados demonstram isso, apesar das dificuldades orçamentais e financeiras: "Estamos a conseguir, paulatinamente, executar o amplo programa de construção ou reconstrução, reabilitação de unidades hospitalares nos três níveis, nas três categorias, desde o primário ao terciário".

O Presidente reiterou que a aposta na Saúde não se resume aos grandes hospitais, como os de 200 e 300 camas - o caso do Hospital Geral de Viana, mas, também, de todos os outros níveis, que, tal como sublinhou, estão a ser construídos com recursos do Orçamento Geral do Estado e do PIIM.

"Estamos a construir as chamadas unidades de proximidade nos municípios mais recônditos do nosso país", informou o Presidente da República, reforçando que o PIIM está a construir, entre outras infra-estruturas, "bastantes" unidades hospitalares a esse nível do município e abaixo dele.

 
Aposta na formação

O Presidente da República apontou que esta aposta na Saúde é extensiva, também, à formação do homem, lembrando que só a construção de hospitais, por mais modernos que estejam, não prestarão atenção aos pacientes. "Isso só é possível se agregarmos à importância que damos às infra-estruturas, dermos igual ou maior importância ao homem, que vai fazer com que a saúde dos angolanos que entrarem para esta unidade, ao fim de uma semana, ao fim de um mês, melhore consideravelmente", aclarou.

João Lourenço disse ser com base neste princípio que têm sido admitidos, anualmente, milhares de cidadãos angolanos, por via de concurso público, para o sector da Saúde e para dar formação.

Enquanto o país continuar, ainda, sem um hospital universitário, prosseguiu, as formações do pessoal da Saúde vão continuar a decorrer nos hospitais de referência espalhados pelo país, tais como o Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, Materno Infantil Azancot de Menezes, Hospital Militar Central, Walter Strangway, no Bié, no de Cabinda e no Hospital Geral de Viana Bispo Emílio de Carvalho.

"O factor homem é fundamental e nós não estamos a descurar esta parte", assegurou o Presidente, acrescentando: "quando fazemos as inaugurações, não olhem só para a beleza dos edifícios e a importância dos equipamentos lá instalados. Olhem, sobretudo, no Homem, nos médicos, nos enfermeiros e nos técnicos de todos os níveis".

O estadista elogiou a qualidade do hospital e dos equipamentos instalados, referindo haver melhoria de unidade em unidade: "Estamos de parabéns, porque, de unidade em unidade, vimos melhorando".

O Executivo iniciou, desde 2018, o programa de construção de unidades modernas do nível terciário, destacando as executadas em momentos difíceis, como o Hospital Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, erguido por altura da Covid-19.

Disse que se podia considerar que os empreiteiros, naquela altura, accionassem a cláusula de "força maior", mas, "felizmente", não aconteceu com nenhuma das obras que foram executadas naquela altura. 

 

Estadista realça importância do cumprimento dos contratos

Sobre este particular, o Presidente da República mostrou-se indignado pela postura da empresa construtora do Hospital Geral de Viana Emílio de Carvalho, por estar a solicitar um valor adicional muito acima do que foi contratualizado, que disse dar para construir e equipar um hospital de raiz.

"E é evidente que Angola não pode aceitar isso, uma vez que isso não aconteceu com mais ninguém e não vai acontecer agora. Nós não vamos deixar", assegurou o Presidente da República, ressaltando que o dinheiro público deve ser bem gasto, dadas as contas que têm de ser prestadas aos contribuintes. "Temos de saber justificar a forma como os dinheiros são gastos", frisou.

"Os contratos são para ser respeitados. E o que nós estamos a verificar, a viver este momento, agora, é que os contratos com esta empresa não estão a ser respeitados", acrescentou.

Felizmente, referiu o Chefe de Estado, estamos numa economia de mercado em que as opções são inúmeras, razão pela qual não temos de ficar agarrados, necessariamente, a alguém em concreto, pois o mercado ditará as melhores soluções para as unidades que ainda estão por ser construídas.

O Presidente João Lourenço referiu haver ainda muito mais hospitais por construir pelo país, tendo, a título de exemplo, falado dos hospitais do Bailundo, do Dundo, de Malanje, de Mavinga e Cazombo, que passarão a ser, igualmente, gerais, uma vez que vão ganhar (estes dois últimos) a categoria de sedes provinciais.

"Estamos de sobreaviso, portanto, atentos à necessidade de defendermos os nossos interesses", acentuou o Presidente da República.

 

PRIORIDADES
Saúde da mulher e criança

O Hospital Geral de Viana, erguido numa área de 25 mil metros quadrados, está vocacionado para, em primeira instância, prestar atendimento especializado na área materno-infantil. Enquadrado nos Programas de Investimentos Públicos (PIP), a unidade sanitária foi construída com o objectivo de ser de nível terciário com infra-estruturas modernas, onde a Ciência e a tecnologia e inovação se unem para oferecer serviços de saúde de excelência médico-cirúrgico de alta complexidade à população.

A unidade possui uma área de hemodiálise com 16 cadeiras de tratamento e salas de isolamento destinados aos casos agudos e crónicos de insuficiência renal, ginecologia obstetrícia, pediatria, neonatologia, cuidados intensivos, um centro cirúrgico de excelência, um Banco de Urgência Polivalente com quatro salas de observação, bloco operatório com quatro salas operatórias, sendo três para cirurgias geral e uma para cirurgia ortopédica, sala de gesso, seis consultórios, além de várias salas para diagnóstico, tratamento e triagem.

O hospital possui, ainda, laboratórios equipados para microbiologia e análises clínicas, área de imagiologia com equipamentos modernos, incluindo dois Raio X fixos, um aparelho de TAC e dois ecógrafos e sala para exame endoscópico e pré-operatório.

Dispõe de uma maternidade com uma sala pré-parto, três salas de partos um bloco operatório para cesariana, recobro, internamento com 34 camas, berçário e dois consultórios, área de neonatologia com duas salas equipadas com incubadoras e berços aquecidos, bem como duas salas de isolamento, cuidados intensivos com dez camas para adultos, camas pediátricas e de isolamento. Possui, também, sala de internamento para adulto com 136 camas distribuídas em quatro enfermarias, internamento pediátrico com 102 duas camas, área de consultas externas com 18 consultórios para diversas especialidades médicas, como pediatria, ginecologia obstetrícia, ortopedia, estomatologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, medicina interna, dermatologia.

O hospital dispõe de área de reabilitação e terapia equipada com tecnologia moderna de apoio na recuperação física dos pacientes, hemoterapia, banco de sangue, uma central de colheitas, uma morgue com 18 gavetas, salas de autópsia e de lavagem e preparação de corpos. O hospital conta com mais de 1.500 trabalhadores, entre profissionais de saúde, serviços gerais, apoio hospitalar e assistentes sociais.

A empreitada gerou uma média de 700 empregos directos e três mil indirectos, sendo 96% de trabalhadores nacionais e quatro expatriados. O Processo de construção iniciou em Agosto de 2021 pela empresa VAMED.

O Hospital Geral de Viana Bispo Emílio de Carvalho vai acolher toda a direcção, profissionais e serviços do Hospital Américo Boavida, que está a ser reabilitado.

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