Sociedade

Hospital Américo Boavida desmente casos de surto de malária e diarreia

Alexa Sonhi

Jornalista

A direcção do Hospital Américo Boavida (HAB), apesar de manifestar preocupação com os casos de malária e de doenças diarreicas agudas em crianças, considerou os acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos e hemorrágicos em pessoas muito novas como um dos maiores problemas na unidade clínica.

07/05/2021  Última atualização 09H45
© Fotografia por: João Gomes | Edições Novembro
A directora clínica do HAB, Zoraida Domingos Oliveira, esclareceu ontem que a par da malária, doenças diarreicas e casos de AVC, de tuberculose e de HIV/Sida, que chegam em estado terminal, são outras preocupações de maior realce registadas no estabelecimento hospitalar.Quanto a esses, a responsável referiu que, muitas vezes, esses pacientes em fase terminal nem uma hora ficam no hospital em assistência, pois acabam por morrer, principalmente por complicações relacionadas à tuberculose, hipertensão e a diabetes.

Em relação aos supostos surtos de diarreia e malária que o Hospital Américo Boavida tem estado a registar, a médica explicou que não se trata propriamente disso. Aliás, salientou que, para contrariar a informação que gira nas redes sociais, nas últimas 24 horas, a unidade registou nove casos de malária não grave e igual número de doenças diarreicas agudas em crianças.A directora clínica esclareceu que os referidos casos de malária registados no HAB e nas demais unidades sanitárias da província de Luanda se devem, em parte, ao deficiente saneamento básico, numa altura em que há vários amontoados de lixo e mosquitos, agravado com as fortes chuvas que se abatem sobre a capital do país.

De forma geral, Zoraida Domingos Oliveira disse que o hospital regista, em média diária, sete a oito mortes nos bancos de urgência, o que corresponde a 0,5 por cento, se for levado em conta os 780 doentes controlados pela unidade.Já em relação ao VIH/Sida, a directora clínica revelou que, por dia, são registados cinco óbitos. Esses pacientes que vão a óbito, na sua maioria, abandonam a medicação e, quando regressam ao hospital, chegam em fase terminal.No que diz respeito à Covid-19, a médica frisou que o hospital tem uma área para tratar pacientes com a doença. Neste momento, a unidade controla quatro doentes e, no mês passado, chegou a registar 17 casos, dos quais quatro acabaram em morte e 13 recuperaram.

400 doentes por dia

Cerca de 400 doentes dão entrada diariamente ao Banco de Urgência do HAB, sendo que a maioria é proveniente de outras unidades sanitárias de todo o país, informou Zoraida Domingos Oliveira.A médica explicou que todas essas transferências que o hospital recebe e, principalmente, nas primeiras horas do dia, fazem com que muitos pacientes sejam estabilizados em cadeiras, tendo em conta o grande fluxo.

Segundo a directora clínica, muitas dessas situações acontecem na mudança de turno, quando se está a fazer medicação aos pacientes internados, troca de lençóis de cama ou a se resolverem situações de altas médicas, altura em que o número de profissionais diminui."É nessa altura em que se gravou um vídeo, que está a passar pela Internet, em que há uma enchente no Banco de Urgência, incluindo alguns doentes no chão, porque de tão mal que chegaram ao hospital, mal conseguiam se meter em pé”, lamentou.Zoraida Domingos Oliveira informou que, em pouco tempo, a situação de normalidade foi reposta, o que ajudou a estabilizar os pacientes. Nessa altura, já outros profissionais tinham recebido os turnos e os doentes colocados em camas e devidamente tratados.

A médica reconhece dificuldades a nível do hospital, mas assegura que os profissionais têm feito esforços, no sentido de melhorarem a assistência médica e medicamentosa aos pacientes que ali acorrem em busca de tratamento. 
O HAB tem capacidade total de internamento para 800 camas, sendo que parte destas está dividida nos bancos de urgência de medicina, com 50, de pediatria, 40, cirurgias, 30, e a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), com 15 outras, todas ocupadas por doentes graves.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade