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Hospitais do Zaire vão ter gabinetes para atender reclamações

Fernando Neto | Mbanza Kongo

Jornalista

Os principais hospitais do Zaire vão ter, a partir deste mês, Gabinetes de Utentes (GU), onde os cidadãos podem fazer denúncias dos casos de falta de sigilo profissional, ou de mau atendimento, garantiu, ontem, o supervisor do Programa de Ética e Humanização Hospitalar do Gabinete provincial da Saúde.

20/05/2023  Última atualização 12H48
Fernando Eduardo espera que a implementação da iniciativa ajude a reduzir as queixas de maus tratos dos pacientes © Fotografia por: Fernando Neto | Edições Novembro-Mbanza Kongo
Fernando Eduardo disse que tem havido várias reclamações dos utentes das unidades sanitárias do Zaire, que com a criação dos gabinetes, no quadro da Humanização dos Serviços da Saúde, vão ser reduzidas.

"Em função das constantes reclamações sobre o mau atendimento nos hospitais por parte dos técnicos de saúde, pensou-se na criação dessas áreas. Começamos com o Hospital Provincial do Zaire e o municipal do Soyo, onde técnicos da área social e de biossegurança têm atendido as reclamações dos utentes. O mais importante, agora, é identificar quem trata mal os utentes, para a devida correcção e a abertura de um processo disciplinar”, frisou.

Após a criação dos gabinetes, nas duas instituições hospitalares, explicou, a meta é criar mais nos demais municípios. "Temos feito uma formação específica para os profissionais locais, sobre a humanização hospitalar, promovida por especialistas do Ministério da Saúde”.

Os profissionais de Saúde, adiantou, têm recebido a recomendação de que o princípio fundamental do ramo é o respeito pela vida humana. "Os médicos e enfermeiros devem saber comunicar com os pacientes, por meio de uma linguagem cordial”, apelou.

Fernando Eduardo adiantou ainda que os gabinetes do utente podem exercer um papel essencial na defesa do cidadão. O Gabinete Provincial da Saúde no Zaire, acrescentou, tem feito palestras a nível das unidades sanitárias, para informar a população sobre os seus direitos e deveres, em relação ao atendimento médico e medicamentoso.

"Os especialistas têm explicado aos pacientes, por exemplo, que, no Banco de Urgência, o atendimento é feito de acordo com a gravidade de cada um, não por ordem de chegada. Também têm explicado que, devido à carência de especialistas, muitas vezes, o médico que deveria  atender, é obrigado a socorrer outro paciente mais grave. Temos feito essas campanhas, pelo facto de a falta de compreensão destas situações causarem muitos conflitos entre utentes e técnicos de saúde”, referiu.

Mudança do quadro

A província do Zaire, referiu, necessita de mais médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico especializados, para alterar o quadro actual, em que um médico atende por dia mais de 60 pacientes e uma enfermeira  cuida de 30 doentes internados.

"A província precisa de mais médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico especializados, porque se tivéssemos quadros em quantidade, o processo de humanização dos serviços estaria acautelado, uma vez que, os profissionais teriam menos carga de trabalho”, disse.

Quanto ao número de reclamações ou queixas recebidas, Fernando Eduardo avançou que o programa de Ética e Humanização Hospitalar do Gabinete de Saúde no Zaire recebeu, desde  Janeiro um total de 12 queixas sobre maus tratos de pacientes por parte de técnicos do sector, para além de conflitos entre médicos e enfermeiros.

"Em relação a estes casos, o Gabinete convocou os técnicos em causa e os aconselhou, na base da repreensão educativa. Mas em caso de situações graves, vão ser instaurados processos disciplinares.  Felizmente, desde que realizamos as acções de repreensão e sensibilização não registamos mais queixas”, disse.

Melhorias

Nicolau Matias, de 29 anos, é um dos moradores da província que garantiu já haver melhorias. Depois de ter visitado uma tia internada no Hospital Provincial do Zaire, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), disse que foi bem atendido, apesar de várias reclamações de amigos e familiares, em relação à morosidade no atendimento.

"Gostei do atendimento. Não tenho motivos para queixas. Mas já ouvi alguns vizinhos e amigos a reclamarem da falta de sigilo profissional e empatia por parte de enfermeiros, bem como da morosidade no atendimento”, explicou.

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