Política

Homenageadas vítimas do 27 de Maio de 1977

A Fundação 27 de Maio homenageou, ontem, em Luanda, no cemitério do Alto das Cruzes, as vítimas do conflito político que decorreu depois dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977.

28/05/2024  Última atualização 09H47
© Fotografia por: Arsénio Bravo| Edições Novembro

Participaram na cerimónia, cujo acto foi dirigido pelo presidente da Fundação 27 de Maio, membros do Governo, familiares e amigos, Silva Mateus.

O 27 de Maio foi uma tentativa de golpe de Estado levada a cabo por "fraccionistas” ligados ao MPLA, liderados por Nito Alves, ainda sob a presidência de António Agostinho Neto, em que terão morrido milhares de angolanos.

O presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, disse que a data completou ontem 47 anos, desde o dia em que irmãos da mesma pátria e movimento político se atiram uns contra os outros, onde cada um pensava diferente em relação aos problemas do país.

General na reforma, Silva Mateus afirmou que esta diferença fez com que uma das partes tentasse reivindicar junto da Presidência da República aquilo que achavam ser desvio ideológico do movimento, consubstanciado no factor rácico.

"Hoje, passados 47 anos, toda a gente sabe em que pé se encontra o país, no aspecto político, social e humanitário”, acrescentou. Segundo ainda Silva Mateus, o chamado nitismo teria provocado a maior tragédia no país pouco menos de dois anos após a independência.

De acordo com o presidente da Fundação 27 de Maio, as mortes só terminaram depois de José Eduardo dos Santos assumir o poder como Presidente de Angola e ter mandado parar as matanças. Silva Mateus sublinhou que o 27 de Maio não vai desaparecer, porque foi eternizado com o Decreto do Presidente João Lourenço que cria a CIVICOP, que vai construir um memorial para todas as vítimas dos conflitos em Angola, com a finalidade de homenagear os mártires dos conflitos que ocorreram no país entre 11 de Novembro de 1975 e o 4 de Abril de 2002, Dia da Paz e Reconciliação Nacional.

O responsável acusou todos aqueles que procuram fomentar ódios e rancores para desacreditar o processo levado a cabo pela CIVICOP, fomentando calúnias segundo as quais as ossadas apresentadas não são de seres humanos, muito menos das pessoas visadas.

"A UNITA e o seu presidente são livres de dizerem o que quiserem, mas a história não se vai repetir. O 27 de Maio jamais vai voltar a acontecer em Angola e se ocorrer, não será nos moldes do passado, porque hoje a mentalidade é diferente, tem de ser nas urnas, onde o povo angolano escolhe o partido e o Presidente”, sublinhou o general na reforma, reconhecendo o trabalho realizado pela CIVICOP na identificação de novos corpos de vítimas de conflitos políticos. "Estamos satisfeitos com o trabalho da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), por ser um serviço aturado, que precisa de confirmação e por esta razão o compromisso é cada vez maior, e apraz-nos dizer que o processo é de louvar. Está a decorrer dentro dos parâmetros desejados, bem como a criar condições para se dar um funeral condigno aos falecidos”, disse Silva Mateus.

Concluiu que é preciso dizer que o afastamento da UNITA da CIVICOP só teve lugar por causa dos muitos corpos que ainda se encontram na Jamba, que foram vítimas directas de Jonas Savimbi.


Instituto de Segurança Social pode receber 142 ex-FAPLA

Cento e quarenta e dois antigos militares das Forças Armadas Populares de Libertação Angola (FAPLA) podem ser inseridos na Caixa Social do Instituto de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (FAA).

A informação foi avançada, ontem, pelo presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, durante o encontro com os associados, por ocasião dos acontecimentos ocorridos em 1977. "A Fundação 27 de Maio e o Ministério da Defesa estão a trabalhar para a inserção dos 142 antigos militares das extintas FAPLA na Caixa de Segurança Social das FAA”, disse o general na reforma.

O presidente da Fundação 27 de Maio esclareceu, igualmente, que a direcção da agremiação solicitou ao Presidente da República, João Lourenço, que os 142 antigos militares sejam elevados à categoria de oficiais subalternos, antes da inscrição na Caixa de Segurança Social das FAA.

"Pedimos há dois anos ao Comandante-em-Chefe para que, em instrutivo especial, dentro do espírito de abraçar e perdoar, se eleve à categoria de oficiais subalternos a estas figuras, para terem direito à Caixa Social”, enfatizou.

Carlos Bastos e Joaquim Cabanje

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