A exposição fotográfica do artista angolano Pedro Yaba, intitulada "Simbiose" lança luz sobre a importância histórica da indústria mineira na economia nacional afirmou, segunda-feira, o secretário de Estado para Sector dos Recursos Minerais, Jânio Victor.
O músico Vui Vui e o artista plástico Horácio Dá Mesquita felicitaram a elevação dos géneros de dança e música kizomba, assim como a tchianda e os instrumentos musicais marimba e quissange a Património Imaterial Nacional, pelo Ministério da Cultura.
A historiadora e investigadora americana Marissa Moorman partilhou a sua experiência sobre as pesquisas que resultaram no livro “Os Sons da Nação - história política e social da música urbana de Luanda (1945 - 2002)”, editado pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola (CEA-UCAN) e a Mercado das Letras.
A historiadora esteve recentemente em Luanda, onde fez a apresentação do livro em dois momentos, nomeadamente no sábado, 27 de Maio, na Livraria Kiela, e terça-feira,30 de Maio, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Do tempo de permanência em Luanda, agradeceu a recepção do público e valorizou a troca de experiências com os estudantes dos cursos de Sociologia e História, acolhido no auditório da Faculdade, tendo no momento revelado que a tese central do seu livro é a construção da Nação, sem ter optado pelo caminho dos movimentos políticos, mas sim relevar o papel das manifestações culturais no nacionalismo.
Marissa Moorman falou do primeiro contacto com o país, que ocorre entre 1997 e 1998, quando ficou cerca de oito meses para fazer a pesquisa, tendo sublinhado o encorajamento prestado pela historiadora e docente universitária Conceição Neto, de quem acatou a sugestão para escolher como linha de pesquisa a música. Recordou as dificuldades e limitações, na altura, para ter acesso aos arquivos e às fontes, assim como a entrevista a Teta Lando, na qual o ícone da música angolana fala da força e popularidade dos artistas, com referências a David Zé, Urbano de Castro e Artur Nunes. A historiadora falou igualmente da dificuldade em encontrar arquivos sonoros e da importância dos testemunhos colhidos.
"Foi importante ouvir aquilo que as pessoas têm para dizer, sobre a sua vida e o que elas valorizam”. Destacou a importância que a música tem em juntar pessoas e, no caso do seu estudo, como ela contribuiu para manifestar um sentimento de identidade, que chama de "soberania cultural”. Também partilhou o pioneirismo do grupo feminino Santa Cecília no seu envolvimento em prol da construção da Nação.
Para Nelson Pestana "Bonavena”, responsavél do CEA da UCAN, editor da obra em Angola, a principal motivação para publicar a obra em português é por reconhecerem a existência de uma série de obras centradas em Angola que não estão disponíveis aos leitores nacionais porque estão em inglês, francês e outras línguas não dominadas pela maioria dos leitores angolanos. Disse que "Os Sons da Nação” abre uma colecção destes livros para o mercado nacional.
César Silveira apresentou a obra na Livraria Kiela, tendo afirmado ser "um documento esclarecedor que ilumina parte importante da história angolana, sobre o papel da música como força cultural e política, examinando a forma como moldou o tecido social e contribuiu para a construção da identidade”.
"O livro analisa como músicos e géneros musicais influenciaram e foram influenciados por movimentos políticos, mudanças sociais e eventos históricos em Angola. Explora o rico ambiente musical, expressões culturais e dinâmicas urbanas de Luanda e é uma fonte imprescindível para entender as conexões entre música, política e sociedade”, analisa.
A obra tem o prefácio do historiador Jean-Michel Mabeko Tali, que no seu texto felicita a autora por trazer para o público angolano a tradução do livro, visto que a versão original, em inglês, foi publicada há 11 anos. O historiador enfatiza que Marissa Morman toca numa das mais sensíveis cordas de todas as histórias de todo o nacionalismo, que diz respeito à emoção, abarcando sons, ritmos, hino à vida, lamentos ou gritos de alegria.
Para o historiador, o livro oferece uma leitura diferente das narrativas hegemónicas de 1945 a 1990, trazendo uma história social da cultura e da política, mais especificamente da música que torna as práticas culturais do dia-a-dia dos homens e mulheres das cidades de Angola como a essência da vida politica.
Marissa J.Moorman é professora catedrática de História de África e Estudos Culturais Africanos na Universidade de Wisconsin, Madison, nos Estados Unidos da América, e doutora em História de África, desde 2004, pela Universidade de Minnesota.
É autora dos livros Intonations: a Social History of Music and Nation Luanda, Angola, 1945-Recent Times (Ohio 2008) e Powerful Frequencies: Radio, State Power, and the Cold War in Angola, 1931-2002 (Ohio 2019) e de vários artigos.
Moorman tem publicações sobre música, imprensa, moda, cinema, rádio e espaço urbano. Ela é editora do jornal académico The Journal of African History, publicado pela Cambridge University e faz parte do conselho editorial de "Africa is a Country” e do colectivo editorial do jornal "Radical History Review”.
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