Cultura

Heróide combina tradição e modernidade em palco

A cantora Heróide combinou tradição e modernidade no concerto “O Poder da Interpretação”, realizado sexta-feira, no palco do Miami Beach, na Ilha do Cabo. Com uma actuação vibrante marcada por apresentações de temas que constarão no álbum de estreia e versões de temas conhecidos da cena musical angolano.

23/01/2023  Última atualização 10H55
Concerto no Miami Beach © Fotografia por: Edições Novembro
O primeiro concerto de Heróide, em 2023, abriu com "Nosso Amor”, tema que dá título ao disco, a ser lançado no segundo semestre deste ano. Ainda na fase incial, Heróide fez jús ao "Poder de Interpretação” ao incluir no alinhamento "És o Poder”, "Caso de Amor e Ternura” e "É Tão Bom”, a primeira um tema de exaltação à divina de Yola Semedo da sua linha e os outros dois foi para o kizomba de Euclides da Lomba e Eduardo Paím.

De sua criação, brindou o público com "Semba”e "Puíta”, uma aposta pela chianda que oportunamente colocou antes de "Mulekeleke” de Gabriel Tchiema. Com gratidão a mãe emocionou a plateia em "Fátima”. Um exemplo da combinação entre tradição e modernidade ficou patente em "Likolo”, tema da linha dos afropolitanos.

Durante o concerto no repertório, ainda, incluiu "Ndiza” da sul africana Zahara e levou a influência do rock em "Tá de Dificil”, de Anselmo Ralph e "Muloji” de Filipe Mukenga, num momento de feitiço do guitarrista Totó. Foi um concerto muito dançante no qual a artista mostrou uma boa presença em palco, tendo reservado para o fim "Walepi” do cancioneiro tradicional sucesso na voz de Peróla e a sua vibrante "Likolo”

Apesar do atraso do concerto de quase duas horas, a plateia ficou satisfeita com cerca de uma e hora e forçou o regresso da cantora que mais uma vez interpretou um tema que combina tradição com modernidade na voz de Peróla, "Omboio”. Esta foi a seguda edição do concerto "O Poder da Interpretação” que serviu para apresentar e testar a reacção do público em relação ao disco "Nosso Amor”, executado pela Banda Kwimbila, que participou no disco.

A Banda Kwimbila tem a direcção artística de Estrela nos teclados, Kevin na bateria, Totó na guitarra solo, Nzau no baixo e o experinete percussionista Dalú Roger, assim como a dupla de coristas Victor e Zimilda. Em relação aos músicos, Heróide disse "vocês tornaram tudo isso possível e sem vocês não estaria aqui a cantar e a encantar, o meu muito obrigada”.

A cantora revelou que o álbum é totalmente acústico e está para sair este ano e que grande parte das músicas apresentadas constam deste projecto discográfico. Quanto ao evento realçou que "por norma, quando faço os meus concertos não espero o grande, entro com a graça de Deus e deixo ele fazer acontecer, mas dou tudo de mim, mas pelos aplausos e o pedido da ancora (mais uma música) penso que alcancei os objectivos esperado, continuarei a cantar para levar ao público o diferenciado”.

No concerto "Poder da Interpretação” que aconteceu em Luanda, na sexta-feira, Heróide aproveitou agradecer aos seus agentes Gildo e Ivo, assim como Rui Barata pelo apoio do Miami Beach e todos os músicos que lhe permitiram a imitação das suas músicas numa nova roupagem, nomeadamente Gabriel Tchiema, Filipe Mukenga, Anselmo Ralph, Ngola Ritmo e todos músicos da velha geração.

"Eles marcaram uma época e apesar das dificuldades nunca deixaram de lado a música popular angolana como o semba, kizomba, cazucuta, cabetula, jazz e kilapanga”, disse a cantora, ressaltando ainda que "alguns morrerem e deixaram o seu legado, outros continuam no activo a espalhar a sua marca e o seu perfume musical”.

A artista disse que o projecto Kwimbila é nacional, em kimbundu significa cantar, e nasceu num momento muito nostálgico e triste, se assim se pode considerar, mas de muita determinação e confiança também. "Desde muito cedo a música cruzou o meu caminho e que sempre adorei cantar, mas devido ao bullying que sofri na infância e adolescência devido à minha voz, apenas aos 20 anos é que realmente acreditei que poderia seguir carreira musical e ser cantora” finalizou.

A vencedora da 23º edição do Festival da Canção de Luanda, realizado num ano atípico (2020) e sem a presença de público, Heróide arrebatou o prémio com a musica "Só no olhar” e canta há oito anos.

A jovem cantora começou a sua carreira artística nas vestes de bailarina, durante este percurso ouvia muitas músicas clássicas e não sabia exactamente o que queria fazer ou que estilo apresentar às pessoas, apesar de ser apaixonada por jazz e soul. Conta que a sua deslocação recente à Expo 2020 Dubai a ‘obrigou’ a aprender mais sobre os estilos clássicos da nossa terra para poder apresentar-se ao público local, exaltando o país.

Em seguida, como refere, a sua paixão pelos estilos nacionais começou a ser mais forte e voltou com vontade enorme de rebuscar tudo aquilo que é nosso e poder então trazer para o público.

Salientou que Heróide tem como referência na música angolana os artistas da velha geração como N’gola Ritmos, conjunto que muito admira e respeita, que foram, segundo a sua consideração, os responsáveis pela musicalidade que temos hoje, e sempre fizeram músicas com campo harmónico perfeito.

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