Sociedade

Há um ano, mantêm o país informado sobre a Covid-19

Edivaldo Cristóvão

Jornalista

Com um bloco, esferográfica, microfone ou um “caça-palavras” em mão, os jornalistas mantém, há um ano, informados os leitores, telespectadores e ouvintes sobre a evolução da pandemia da Covid-19 no país.

21/03/2021  Última atualização 15H55
Jornalistas, também, foram imunizados à Covid-19 © Fotografia por: Edições Novembro
Uns foram infectados pela doença e outros afectados pela chamada "fadiga pandémica”, ou seja, o cansaço pelas restrições e alterações próprias da fase que o mundo vive. Mas determinados e incansáveis, os jornalistas angolanos não viraram a cara à luta e, um ano depois do anúncio dos primeiros dois casos da doença, continuam firmes e inabaláveis na cobertura da luta contra a pandemia da Covid-19.

Para garantir maior segurança da classe, a Comissão Multissectorial de Prevenção e Combate á Covid-19 tem realizado testes rápidos regulares para determinar o estado serológico. Com o início da vacinação, os jornalistas, também, foram imunizados à Covid-19, nesta primeira fase.

Francisco Pedro, jornalista da Rádio Nacional de Angola (RNA), é um dos "soldados” convocados, há um ano, para a "batalha” contra o "inimigo invisível”. Conta que a experiência na cobertura da Covid-19 começou mal. Seis meses antes, esteve na cidade de Hunan, na China, onde a semelhança com Wuhan, o epicentro do novo coronavírus, provocava-lhe medo. Ainda na China, revelou, viveu dias sem dormir, com receio de ser infectado pela Covid-19. Preocupada, lembrou, a esposa questionava se a origem da doença era a cidade onde estava a fazer a cobertura jornalística da Expo China África-2020.

Chegado a Luanda, Francisco Pedro recebeu orientações para fazer a cobertura das conferências de imprensa da Covid-19, numa altura em que era decretado o primeiro Estado de Emergência.
"Começámos a fazer as coberturas no Centro de Imprensa Aníbal de Melo sem meios de biossegurança. Mas, depois, a situação melhorou e passámos a estar mais seguros”, recorda.
O jornalista confessa que sempre teve medo da pandemia, pelo facto de países mais desenvolvidos estarem a ser derrotados pela Covid-19, principalmente, aqueles em os líderes ignoram a existência da doença.

Francisco Pedro reconhece ter vivido "momentos de tensão” em algumas conferências de imprensa, em que diz ter sido "mal interpretado”. "No CIAM, tornamo-nos numa família e espero que estes profissionais incansáveis sejam homenageados pelo seu trabalho”, pediu.
Sempre com perguntas pertinentes e, em alguns casos, polémicas, a jornalista Maria Teixeira, do jornal O País, foi uma das que mais se destacou na cobertura das conferências de imprensa com a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

Apesar do medo de ser infectada pela Covid-19, a jovem jornalista considera "uma boa experiência” a cobertura jornalística da pandemia, que lhe tem permitido crescer profissionalmente.
"Como profissionais da comunicação social, temos feito o nosso papel, sem esquecer o comportamento da população, que tem, também, ajudado muito na luta contra a pandemia”, realçou.

Pequeno na estatura física, mas enorme na competência e profissionalismo, o jornalista Fortunato Ramos, da Televisão Pública de Angola (TPA), foi um dos primeiros pivot da estação pública a entrar em directo para anunciar o início da actualização dos dados da pandemia no país.
Habituado à cobertura jornalística de eventos desportivos, Ramos admite que aprendeu muito sobre a pandemia durante o tempo em que esteve destacado no Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM). "Foi uma excelente experiência, porque estava habituado a eventos desportivos”, disse.
 
O jornalista Geovany António, da TV Zimbo, durante muito tempo, também, acompanhou a actualização diária dos dados da Covid-19 e as conferências de imprensa no CIAM. Considera ter cumprido com um "dever patriótico”, que era o de manter as pessoas informadas sobre a doença, com o objectivo de incentivá-las a prevenir e, consequentemente, reduzir a propagação do vírus.
Hélder Luandino, jornalista da Rádio Eclésia, confessou estar na linha da frente para ajudar a "informar com verdade e combater as notícias falsas”.


Primeiro caso de Covid-19 no CIAM

Há um ano, o Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), na Baixa de Luanda, transformou-se no "quartel-general” da actualização diária dos dados da Covid-19 em Angola. O mês de Julho do ano passado foi de "terror” para os jornalistas destacados no CIAM. Um agente da Polícia Nacional testou positivo à Covid-19. Testados de emergência, os jornalistas viveram dias de angústia devido à demora do anúncio dos resultados das amostras de zaragatoas, já que era desconhecido o vínculo epidemiológico do efectivo da Polícia Nacional.

Por precaução, as coberturas jornalísticas no CIAM foram suspensas e transferidas para o auditório António Ferreira "Aleluia”, da Edições Novembro, proprietária dos títulos Jornal de Angola, Jornal dos Desportos, Jornal de Economia e Finanças, Jornal Cultura, Metropolitano, Planalto e Ventos do Sul. Uma semana depois da realização dos exames, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, anunciava que os testes tinham sido negativos, para a alegria dos jornalistas.

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