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Guerra na Ucrânia: Fornecimento de armas provoca alterações tácticas no terreno

O anúncio de envio de material bélico à Ucrânia, aumentou a tensão política, traduzindo-se, no teatro de operações, em ataques continuados, com ambos os lados a reclamar baixas nas forças inimigas e retira da agenda negociações de paz.

28/01/2023  Última atualização 06H55
Forças ucranianas podem receber mais meios bélicos dos Estados Unidos e da Alemanha © Fotografia por: DR

Nos corredores do jogo diplomático, actores como os Estados Unidos da América, União Europeia e OTAN tentam alertar para os perigos de se diminuir o apoio ao Governo de Kiev, posição que justificou a preparação de condições para fornecer tanques e outros meios de combate às Forças Armadas Ucranianas  

Em reacção, a Rússia assumiu, ontem, a responsabilidade pelos mais recentes "ataques com mísseis massivos” sobre as infra-estruturas energéticas ucranianas.

O Ministério da Defesa da Rússia, citado pela agência estatal russa RIA, justificou tal medida com a necessidade de suspender o fornecimento de armas ocidentais, divulgou o Notícias ao Minuto.

E, segundo a fonte, tal terá impedido várias remessas de armamento, nomeadamente as disponibilizadas pela OTAN, de chegarem às tropas ucranianas na frente de batalha.

A informação surge depois de a operadora estatal de energia da Ucrânia, a Ukrenergo, ter adiantado que a rede eléctrica do país sofreu "danos significativos” na sequência de um ataque "massivo” com mísseis russos na quinta-feira.   Durante os bombardeamentos do dia de ontem, a Rússia alegou ter, também, atingido "alvos da indústria de defesa ucraniana”.

Ocorreu, também na quinta-feira, um novo ataque em larga escala sobre várias regiões ucranianas, nomeadamente sobre Kherson, Odessa e Kyiv, entre muitas outras, que tiraram a vida a pelo menos 11 pessoas, com outras tantas feridas, avança o Notícias ao Minuto.

Os ataques, de quinta-feira, aconteceram logo após os parceiros ocidentais da Ucrânia, nomeadamente Alemanha e Estados Unidos, terem anunciado, pela primeira vez desde o início da guerra, o envio de tanques pesados para o país, no seguimento do pedido feito por Kiev, que alegava precisar dos mesmos para combater os russos.

O Partido Social Democrata da Alemanha anunciou, na quarta-feira, que os aliados da Ucrânia estão a preparar-se para enviar, de facto, dois batalhões de tanques Leopard 2 para a Ucrânia, o que equivale a cerca de 80 veículos pesados. Segundo os responsáveis do partido, que lidera o Governo alemão, os mesmos serão "entregues rapidamente”.

Entretanto, o novo ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, garantiu que os tanques Leopard vão chegar à Ucrânia "no final de Março ou início de Abril”, o que sustenta essa mesma promessa.

Já depois, no mesmo dia, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou que vai ser efectivado a disponibilização de 31 carros de combate M1 Abrams para a Ucrânia. Em causa, estão movimentações que surgem numa altura em que começam já a chegar sinais de receios de que Moscovo possa estar a preparar uma contraofensiva na primavera.


Sanções ao grupo Wagner 

Mais de 11 meses depois do início da guerra na Ucrânia, que teve lugar a 24 de Fevereiro, a actualidade informativa fica marcada pela notícia que dá conta de que os Estados Unidos anunciaram sanções formais contra o grupo paramilitar russo Wagner, que tem tido uma participação activa na guerra.

Isto na sequência da mais recente vaga de ataques russos, com recurso a mísseis e drones, sobre a Ucrânia, na manhã de quinta-feira, que tiraram a vida a, pelo menos, 11 pessoas, com outras tantas com feridas.

O Governo belga anunciou, ontem, um novo pacote de ajuda militar de 93,6 milhões de euros destinado à Ucrânia.

Segundo reporta a emissora estatal do país, a VRT, do mesmo fazem parte mísseis terra-ar, armas antitanque, metralhadoras, granadas e munições. "Parte disto virá de stocks detidos pelo exército belga, enquanto o resto será comprado a fabricantes de armas belgas”, explicou a fonte.

O executivo explicou ainda que serão também entregues aos militares ucranianos jipes e camiões blindados. "Todos os veículos que serão enviados para a Ucrânia estão em boas condições de funcionamento e em bom estado de conservação, ou serão, em breve, submetidos a uma revisão completa”, segundo deu conta a ministra da Defesa, Ludivine Dedonder.

O alto-comissário da ONU para os Refugiados admitiu, ontem, estar chocado com a destruição causada pela guerra na Ucrânia, no final de uma visita de seis dias ao país, e pediu aos doadores que continuem a dar apoio.

"Fiquei chocado com o nível de destruição que vi como resultado dos mísseis e bombardeamentos russos”, disse Filippo Grandi no final da sua visita, a terceira ao país desde o início da invasão russa, em Fevereiro do ano passado.


Alegado plano de assassinato

O director da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), William Burns, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, terão discutido o assassinato de Yevgeny Prigozhin, líder do Grupo Wagner, durante o encontro que teve lugar há cerca de duas semanas, na capital ucraniana.

O responsável pela milícia militar reagiu, esta terça-feira, a estas informações, avançadas pelos meios de comunicação russos, ironizando que, a ser verdade, trata-se de "uma ideia muito boa”.

"Sim, estou a par. É uma ideia muito boa. Concordo que está na hora de liquidar Prigozhin. Caso entrem em contacto comigo, certamente ajudarei”, lançou o oligarca, na rede social Telegram.

O conteúdo da reunião entre Zelensky e Burns terá sido avançado por Vladimir Rogov, presidente da associação We Are Together with Russia, segundo diz a agência TASS.

Por seu turno, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, remeteu essa questão para os serviços de informação, recordando, contudo, a morte de Darya Dugina, filha do filósofo Alexander Dugin, que perdeu a vida a 20 de Agosto, atribuindo responsabilidades ao Governo de Zelensky.

"A Ucrânia está envolvida tanto em tentativas de assassinato, quanto em assassinatos absolutamente monstruosos. Vamos recordar as tentativas de assassinato que ocorreram, vamos recordar o assassinato de [Darya] Dugina. O envolvimento de Kiev nessas tentativas de assassinato é óbvio, portanto, há perigo para os nossos cidadãos”, disse, citado pela agência TASS.

De notar que Dugina, de 29 anos, morreu na explosão do carro que conduzia na região de Moscovo, naquilo que as autoridades russas suspeitam ter-se tratado de um atentado que poderia ter como alvo o seu pai. Apesar das acusações, Kiev negou qualquer envolvimento.

Recorde-se, também, que Burns terá visitado Zelensky em Kiev, há cerca de duas semanas, fornecendo-lhe informações quanto aos passos do de Moscovo no conflito, tanto nas próximas semanas, como nos próximos meses. O responsável terá adiantando, contudo, que a ajuda fornecida pelo Ocidente poderá diminuir no futuro, à medida que a guerra se alastra no tempo, avançou o The Washington Post.

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