Os traços histórico-culturais de Angola desde as ancestralidades civilizacionais, às lutas pela conquista da independência, à paz e aos elementos caracterizadores dos novos tempos de desenvolvimento do país vão ganhar, doravante, maior impulso e representatividade no Museu das Civilizações Negras, em Dakar, Senegal.
O artista plástico moçambicano Gonçalo Mabunda apresenta 9 esculturas em metal, patente desde sexta-feira no Espaço Luanda Arte (ELA), na baixa da cidade capital.
As obras reflectem o trágico ambiente da guerra civil que assolou Moçambique entre os anos 70 e 80, do século passado.
Para a criação das obras, o autor utilizou armas modelo AKM, munições, carregadores de munições, e tantos outros materiais (armas de fogo) utilizados na guerra.
Gonçalo Mabunda ressaltou que tem trabalhado já alguns anos e de forma recorrente, aludindo ao interesse do mundo ocidental em coleccionar arte tradicional africana.
"O trono também critica os actuais governos africanos que muitas vezes manipulam tragicamente a violência armada, como forma de fortalecer seu poder. Por isso levou os amantes das artes uma reflexão positiva sobre o processo transformador da arte e a resiliência”, auguro.
O artista argumentou, a arte que apresenta é diferenciada dos outros artistas e traz um material bélico, "Quero transmitir a nossa experiência de Moçambique para os angolanos, transformando armas em obras de artes”.
Os armamentos, referiu, serviram para mostra a criatividade que tem e levar as pessoas a refletirem que as coisas usadas podem ser reaproveitadas. "Angola e Moçambique são países que tiveram uma guerra civil intensa. Queremos fazer com que os visitantes vejam que é possível transformar as armas que foram feitas para matar em uma coisa bela”.
Semelhanças com Angola
A secretaria de Estado para o Ambiente, Paula Francisco, realçou que a exposição é interessante, porque permite ver vários extractos da colecção do autor. "As obras retratam a recolha do processo de armas vivida, também, no nosso país no período de paz, e o artista soube reaproveitar esses utensílios históricos”.
Ressaltou que a mostra tem um impacto na natureza e simboliza aquilo que foi usado em tempo de guerra, hoje transformado em arte, trazendo uma outra mensagem. "Olhando pelo número de balas representadas, espelham inúmeras vidas, é uma colecção de admirar”, disse a governante.
Na sua óptica, a exposição representa o passado do continente africano e permite falar de paz. Considerou muito expressiva, por isso, lançou um convite aos citadinos para visitarem o espaço, "e juntos reflectirmos".
Uma das visitantes da exposição, Angélica Pinheiro, admirada com a criatividade do autor considerou que, o facto de o artista reutilizar (reciclar) as balas e apresentar a sua imaginação em obras de arte, "isso é fantástico!”.
Um dos quadros que mais despertou a sua atenção é "O Imune”, porque lembra-lhe uma das máscaras angolanas da província de Cabinda. "É muito interessante e muito especial, por sinal tem uma bomba, o artista foi genial”.
Gaspar Macanja, outro visitante, realçou que ficou impressionado pelo espírito criativo do artista moçambicano, a capacidade dele ver o mundo de outra maneira. "Esta obra deixa uma mensagem, e nos dedicássemos a qualquer coisa útil talvez o universo não seria aquilo que é hoje, esta é a leitura que faço desta criação”, disse.
O visitante aprecia obras de arte em todas as vertentes, vendo este trabalho sentiu-se orgulhoso e para entender de forma profunda a criação de Gonçalo Mabunda. Referiu que o artista tem, sempre, uma mensagem em cada obra que faz, cada linha de trabalho que se dedica e que veja muito interessante. "Aprecio todas as obras com o mesmo tipo de interesse e a mesma curiosidade, tento compreender melhor a mensagem que o autor quer transmitir e continuar a reflectir”.
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