Cultura

Grupos Pitabel e Kalunga a caminho de Maputo

Os grupos angolanos de teatro Pitabel, com a peça “A Fronteira do Asfalto”, e o Kalunga Teatro, com a peça “O Rei Sem Coroa”, embarcam hoje com destino a Maputo, capital de Moçambique, com previsões de chegada às 14h00, com intuito de participar na 19ª edição do Festival Internacional de Teatro de Inverno (FITI), que reúne participantes da África do Sul, Portugal, Cabo Verde e Brasil.

30/05/2023  Última atualização 10H26
Actor angolano José Pires Gonçalves “Diafragma” vai apresentar em palcos moçambicano monólogo “O Rei Sem Coroa” © Fotografia por: DR

O festival, que foi aberto no sábado, prolonga-se até o dia 4 de Junho, data prevista para o regresso das delegações angolanas. Os grupos angolanos, de acordo com a programação do festival, vão actuar no espaço Casa Velha, no centro da cidade de Maputo.

A primeira peça, "A Fronteira do Asfalto”, que é encenada pelo Pitabel, numa adaptação de um dos contos do livro "A Cidade e a Infância”, do escritor Luandino Vieira, narra a história de um menino negro e de uma menina branca proibidos de se encontrarem por parte da família dela, bem como pela "fronteira de asfalto” que divide a cidade. Os dois, depois de adultos, continuam impedidos pelas famílias de se encontrarem por preconceitos sociais e raciais.

O conto apresenta uma abordagem sobre a história de Ricardo, um rapaz ne-gro, limpo e educado, filho

da empregada da casa de Marina, menina loira e filha dos patrões da mãe do Ricardo. O facto de ser negro, lhe foi negado seguir uma história de amor com a Mariana, semelhante a de Romeu e Julieta.

A companhia de teatro Pitabel, vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2010, é constituída por 15 actores, e já encenou, entre outras, as peças "De Quem é a Culpa” e "Astrologia de Missosso”, adaptada do livro homónimo de Óscar Ribas.

Para o festival, a delegação é constituída pelos actores Lopes Filho, que faz o papel de (Ricardo), Nelma Nunes (Marina), Constância Lopes (Mãe de Marina), Rosária Abreu (Mãe de Ricardo), Dilson de Sousa (Jardineiro e polícia), Neid Chinthia (voz off). "A Fronteira do Asfalto” tem a duração de 50 minutos, numa produção de Carla Esmeralda e Adérito Rodrigues.

Depois de um mês ininterrupto de ensaios e montagem do espectáculo para que nada falhe, o grupo intensificou os aspectos físicos, para melhorar o desempenho dos actores. Os ensaios foram realizados das 11h00 às 13h00, de segunda a sexta-feira. Até o dia de ontem, última fase dos ensaios no país, os actores aprimoraram as marcações e posicionamentos em palco, o mesmo exercício que será desenvolvido ao longo da semana na capital moçambicana até o dia do espectáculo que se realiza na sexta-feira, às 19h00 (horas de Moçambique), 18h00 (horas de Angola). A partir de hoje, segundo o responsável do grupo Pitabel, Adérito Rodrigues "BI”, a delegação vai conhecer o local do espectáculo, para no dia seguinte, dar continuidade dos ensaios assentes na montagem do espectáculo, com os devidos enquadramentos e adaptações ao palco, o teste do equipamento do som da sala Casa Velha, a marcação das acções com os textos e a iluminação. A partir de hoje, disse, o grupo vai somente fazer ensaios gerais com os adereços cénicos.

Fundado em 4 de Agosto de 2001, o colectivo de Artes Pitabel venceu, em 2006, o Prémio de Teatro Cidade de Luanda e conquistou três vezes consecutivas o troféu de melhor texto de teatro no Prémio Cidade de Luanda, em 2006, 2008 e 2009. O grupo venceu o prémio DSTV-BWE na edição 2006 e apresentou em 2009 o melhor espectáculo de Luanda no Festival Internacional de Teatro do Cazenga.

Na sua longa carreira, a companhia de teatro Pitabel recebeu várias distinções, com destaque para o Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2010. Constituída por 15 actores, a companhia encenou, entre outras, as peças "De Quem é a Culpa” e "Missosso”, adaptada do livro homónimo de Óscar Ribas.


Monólogo "O Rei Sem Coroa”

O Kalunga Teatro, já não exibe no festival a peça "Vida, Incómodo ou Lixo”, que propõe uma reflexão sobre vários problemas que têm afligindo a sociedade angolana, devido ao actor principal, Fernando Agostinho, que se encontra doente.

De acordo com o encenador Victor Suama, como alternativa, o grupo propôs a organização do FITI, o monólogo  "O Rei Sem Coroa”, interpretado pelo actor José Pires Gonçalves "Diafragma”.

O drama retrata a história de um anjo em estado depressivo, por não ter conseguido concretizar os projectos e alcançar determinadas metas. Devido aos fracassos constantes, o anjo revoltado, projecta a última investida, a destruição da humanidade, como forma de vingança e egocentrismo. O enredo recria acontecimentos sobrenaturais cada vez mais presentes nas sociedades modernas, visto que o mundo tende a ser consumido por forças ocultas.

Durante a semana, segundo Victor Suama, serão realizados apenas trabalhos correccionais do espectáculo e de adaptação ao palco do espectáculo marcado para o dia 3 de Junho, no espaço Casa Velha. "Escolhemos essa peça por ser exibida recentemente em Luanda, bem como de fácil adaptação. O actor domina bem o texto por ser já um papel habitual e facilitar o nosso trabalho”.

O encenador explicou que o aprofundamento e a troca de experiências, no domínio das artes, no geral, e do teatro, em particular, vai ser uma das propostas a ser apresentada pelo grupo Kalunga durante a realização do festival.

O convite ao grupo representa, para o encenador, um reconhecimento pelo trabalho que os grupos de teatro angolano têm feito e das boas relações existentes com os parceiros moçambicanos.

Kalunga Teatro, fundado aos 20 de Setembro de 1999, na cidade de Luanda, com objectivo de estudar a formação cultural do país e repercussões sócio-cultural, com um repertório e técnicas próprias de uma concepção antropológica, bem como colocar à disposição do público os resultados das suas pesquisas para fins educativo, formativo, e informativo (em espectáculo convencional e ou comunitário).

O Kalunga Teatro já exibiu mais de 20 peças teatrais, dentre elas destacam-se "Paixão Maluca”, "Universo Perturbado”, "Quem te faz feliz”, "Às Caladas são Perigosas” e "Nasço ou Não?”.Participou em vários festivais, designadamente, Amostra de Teatro da CPLP, Prémio Cidade de Luanda, FESTECA, Festival de Teatro do Rocha Pinto e agora está pela primeira vez no Circuito Internacional de Teatro. O grupo é dirigido pelo encenador Victor Suama.

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