Cultura

Grupo Ombaka comemora aniversário com exibição da peça e distinções

Arão Martins / Benguela

Jornalista

O Colectivo de Artes Ombaka de Benguela, de referência nacional, aumentou de cinco pessoas, em 2005, altura em que foi fundado, para mais de 200 actualmente.

31/03/2024  Última atualização 09H25
Colectivo de Artes num dos momentos de exibição da peça “Eu e o Teatro” durante a gala em homenagem aos fundadores © Fotografia por: Arão Martins | Edições Novembro

Para saudar os 19 anos de existência, assinalados no passado dia 5 do corrente mês, aproveitou as comemorações do Dia Mundial do Teatro, assinalado a 27 deste mês, para na noite de sexta-feira, render uma homenagem aos membros fundadores.

Com mais de 30 peças exibidas, entre as quais destacam-se "Como um raio de sol”, "A mulher em 3D”, "Meu amor da Rua 11”, "Sonhei com Man Nguxi”, "A Independência" e "O Elevador", a direcção fez a entrega de diplomas e brindes aos fundadores do Colectivo de Artes Ombaka, acto que ficou marcado com a exibição da peça de teatro "Eu e o Teatro".

A peça foi exibida pelos membros fundadores do grupo. Actuaram as actrizes Heloísa dos Santos, actualmente professora da cadeira de Administração de Empresas e Análise Económica e Financeira, no Instituto Politécnico do Lubango, província da Huíla, Marta Caete e os actores Jaime Paulo e Delmany Trindade.

O grupo já teve a passagem de vários actores e actrizes que estão a dar seguimento e o seu contributo em outras áreas do saber em Luanda, Huíla, Lunda-Norte, Huambo, Cabinda e Uíge. Num acto emocionante, a actriz Heloísa dos Santos "Mila”, membro fundador do grupo, esclareceu que o Colectivo de Artes Ombaka surgiu na separação do grupo Muenho.

 "Quando saímos do grupo Muenho, surgiu a ideia da criação de um outro grupo”. Mila contou que numa conversa com alguns responsáveis da Cultura local, esclareceram o significado da palavra "Ombaka”, nome atribuído ao colectivo.

A ideia do projecto, disse, era também, o de agregar outras disciplinas artísticas além do teatro. "Nós queríamos criar outras artes dentro do colectivo, como é o caso da dança, música e poesia, daí o nome Colectivo de Artes Ombaka”, explicou.

O grupo, referiu, começou com cinco e em curto espaço de tempo passou a ter 16 integrantes, sob coordenação do actor Sincero Muntu. No começo, lembrou a co-fundadora, o grupo estava dividido em três categorias. Havia a classe A dos adultos, com os provenientes do antigo projecto Muenho, a classe B e C, que funcionavam como viveiros. Diferente de outros grupos, o Colectivo de Artes Ombaka Teatro de Benguela não nasceu de uma igreja. "De forma geral, o grupo tem estado a progredir, no sentido de incentivar a juventude a fazer arte, sobretudo, dá-los alguma ocupação salutar em que possam desenvolver o potencial artítico”.

Sob lema "Aprender para viver e viver para aprender na vida”, para Heloísa Ferreira, é preciso incentivar as jovens a enveredar no teatro, tendo anunciado a criação de um núcleo do Colectivo Artes Ombaka na Huíla.

Segundo Heloísa Ferreira, a Huíla precisa de reactivar o teatro. "Falámos das artes cénicas no dia 27, mas, não vi aquela entrega e amor das pessoas pelo o teatro. Então, quero levar essa proposta, sobretudo, para incentivar as meninas no âmbito do empreendedorismo feminina”, defendeu.

Colectivo mantém actividade mesmo com várias dificuldades

Director-geral do Colectivo Artes Ombaka Teatro, Esteves Quina, "Dr. Stive”, disse que 19 anos depois, o balanço é positivo por ser um grupo que nunca parou de fazer teatro. Dr. Steve realçou que o projecto começou como um colectivo, chegando a ser incorporado às artes plásticas e a música.

O responsável explicou que em função das dificuldades, essas outras modalidades foram desaparecendo. "O objectivo é retomar as outras disciplinas artísticas, na medida em que o grupo tem contribuído para a massificação da cultura a nível local e não só.”

 O grupo, adiantou, teve a oportunidade de levar a sua arte em festivais no Campo de Goitas Casos, no Rio de Janeiro, no Brasil, em 2010, em Aveiro, Portugal, em 2013, no Festival Internacional de Teatro, em Maputo, em Moçambique, em 2015, no Festival Internacional de Teatro Inverno (FITI), em Windhoek, na Namíbia. Esses festivais, garantiu, permitiu, o grupo adquirir mais experiências.

Em 2006, durante muito tempo, frisou, o Colectivo de Artes Ombaka Teatro trabalhou muito em teatros comunitários, com os militares na sensibilização sobre saúde e segurança. "Trabalhamos com várias empresas em educação ambiental, junto das organizações da sociedade civil e Organizações Não-Governamentais.”

Neste período, lembrou, o grupo teve um papel importante na sensibilização das comunidades locais sobre o surto da cólera, a malária e o HIV/Sida. Reconheceu, o Colectivo de Artes Ombaka Teatro, tem sido uma verdadeira escola.

O responsável frisou que para se fazer um teatro de qualidade, actores precisam de se profissionalizar e dominar as técnicas em palco, como o posicionamento e trabalho de voz. "Temos vindo a capacitar os actores para estarem disponíveis a abraçarem vários projectos artísticos como no cinema e na televisão”.

Criação de núcleos nos municípios

Actualmente, o Colectivo de Artes Ombaka Teatro, tem já um núcleo implementado no município da Baía Farta. Segundo o director-geral do grupo, a pretensão é dinamizar as artes cénicas em outras localidades da província de Benguela. "O núcleo na Baía Farta completou 3 anos de existência e tem sido um projecto que tem sabido justificar a sua existência. Até agora é um único grupo que existe naquele município e com a capacitação desses actores tem transmitido o conhecimento aos outros jovens”.

O grupo, explicou, tem recebido alguns apoios como computadores e impressoras, mas precisa de uma nova estrutura. Apesar das dificuldades, Dr. Stive disse que para o desenvolvimento das actividades do colectivo, têm contado com algumas parcerias, como a da Escola do Ensino Especial e da empresa Tombossi.

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