Cultura

Grupo Horizonte exibe “Ser Taxista”

A companhia de artes Horizonte Njinga Mbande exibe amanhã, às 20h00, a peça de teatro “Ser Taxista”, no auditório da Escola homónima, onde está sediada, inserido no projecto denominado “Luanda Teatro”, enquadrado nas comemorações do Dia da cidade capital do país, que se assinala a 25 deste mês.

19/01/2023  Última atualização 13H13
Actores da companhia de artes Horizonte Njinga Mbande durante a exibição de uma peça © Fotografia por: DR

O espectáculo volta a ser exibido sábado e domingo, em duplas sessões, sendo a primeira às 19h00 e a segunda às 21h15. O espectáculo narra a vida do jovem Sebastião, formado em  Cuba que por falta de emprego decide ser taxista devido a falta de emprego na área da sua formação.

Do género comédia, a peça conta a estória de um homem que enfrenta muitas dificuldades em conseguir emprego e vê na profissão de taxista a única saída para a resolução ou mitigar a situação. Mas esta profissão esconde segredos e sacrifícios que ele não imagina.

O espectáculo, que tem no elenco os actores Enoque Caracol, Madalena Kaparakata, Jeremias Caracol, José Galiano, Nário Sá Pinto, Luísa Santos, Wilson Costa e Lucas Paposseco, aborda vários aspectos da actual realidade angolana: a procura do primeiro emprego, o mau aproveitamento dos técnicos superiores nacionais, frustrações, suicídio e a superação dos obstáculos.

A solução para a situação de Sebastião é sugerida pelo irmão, Derito, que o convida a ser taxista. O conflito gerado pela oferta de trabalho do irmão e as dúvidas da mulher, para quem ser taxista representa um mau aproveitamento dos anos de formação, são os principais ponto de reflexão da peça.

"Ser Taxista” leva à reflexão sobre a problemática do desemprego, muito recorrente não apenas na sociedade angolana, mas a nível de todo mundo, com maior incidência para os países subdesenvolvidos e pobres. A falta de políticas de inclusão social que é um assunto do quotidiano, particularmente dos jovens, é uma realidade que precisa de ser alterada, de maneira a valorizar-se mais o ser humano.

 

Problemas sociais

No enredo da peça, o grupo desenvolve e apresenta vários cenários em palco. O tempo passa e Sebastião pensa o que fazer para proporcionar uma vida melhor à mulher e aos filhos. O desemprego tem sido uma dor de cabeça para o mesmo, que mal consegue dar as condições mínimas para a mulher se tornar mais bonita e nunca lhe faltar o básico.

No desenrolar do espectáculo de teatro, a personagem principal vê-se frustrada e de mãos atadas sem saber o que fazer. O táxi continua a ser a alternativa. O tempo passa e as exigências no lar tornam-se maiores como o compromisso com a renda de casa por pagar, dinheiro para alimentação, medicamentos, roupas para a mulher e os filhos.

O actor e produtor do grupo, Aldemiro Benjamim, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que a peça resulta de um trabalho de pesquisa aturado, onde são abordadas as consequências dos factores psico-emocionais pela falta de humor, como a depressão, uso de substâncias psicoactivas, transtornos de personalidade, esquizofrenia, transtornos de ansiedade, alcoolismo, irritabilidade, agressividade e impulsividade, comportamento anti-social, pouca capacidade para resolução de problemas e instabilidade familiar.

Aldemiro Benjamim ressaltou que estes e outros são factores que podem contribuir também para que as pessoas tirem a própria vida como é o caso da personagem principal que pensou na possibilidade do suicídio, devido a falta de oportunidades na vida.

Durante a peça, disse, a mulher de Sebastião teve um papel determinante na motivação e acompanhamento psicológico do marido. "É importante para os jovens que estão dentro do grupo de risco ter a orientação e o carinho dos demais que os rodeiam para se evitar  pensar em coisas negativas”, alertou.

Alertou para a necessidade dos familiares estarem mais atentos, ao observar alguns comportamentos negativos dos entes queridos. " O desemprego é um problema económico sério e está entre os mais graves em qualquer sociedade, razão por que os governantes devem procurar criar um ambiente e políticas de inclusão”, destacou.

 

Encerramento de cursos

A Companhia Horizonte Njinga Mbande encerra, na próxima quinta-feira, mais um curso de operador de câmara, apresentador de televisão, produção, actores e edição de vídeo frequentado por 135 jovens. A sessão de encerramento vai ser marcada com a entrega de certificados e será realizada no auditório Njinga Mbande, em Luanda.

Aldemiro Benjamim explicou que um dos objectivos é a busca por uma maior profissionalização da classe artística, de forma a garantir um produto final de qualidade. Os cursos, tem a duração de três meses, com as aulas a serem ministradas nos períodos da manhã, das 9h00 às 12h00, da tarde, das 14h00 às 17h00, e da noite, das 18h00 às 21h00, na Escola Njinga Mbande, em Luanda.

Para os frequentadores do curso de actor, explicou, vai haver uma preparação especial e continua mais focada no cinema, teatro e televisão.

A formação, acrescentou, tem sido ministrada, de forma presencial, por professores angolanos. Os alunos, estão divididos por turmas de 10 actores no período da manhã, 15 no período da tarde e 10 à noite. O curso de Operador de Câmara é composto por 10 alunos no período da manhã e igual número nos períodos subsequentes.

No curso de apresentador de televisão foram disponibilizadas 15 vagas para os alunos do turno da manhã, 10 para o período da tarde, igual número à noite. No curso de produção, os alunos foram divididos 12 de manhã, 10 à tarde e 15 de noite, enquanto na edição de imagem foram seleccionados 10 alunos para a turma da manhã, 12 na turma da tarde e 11 no período da noite.

Aldemiro Benjamim  informou que o arranque da próxima etapa da formação, está prevista para a primeira semana de Fevereiro.

 

Construção de um estúdio

Companhia Horizonte Njinga Mbande quer apostar na construção e apetrechamento de um estúdio de gravação com tecnologia de ponta, como um dos muitos desafios, ainda previstos para este ano, caso as condições financeiras o permitam.

O actor e produtor explica que uma das principais metas passa pela a conclusão do estúdio de gravação que perspectiva formar com mais qualidade os alunos dos cursos de produtores, apresentadores e editores. "Os alunos no final de cada curso devem produzir um filme de curta-metragem, por forma a incentivar a criatividade dos recém-formados”, ressaltou.

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