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Governo líbio de transição foi empossado em Tobruk

A cerimónia de posse do novo Primeiro-Ministro interino da Líbia, Abdelhamid Dbeibah, inicialmente marcada para Benghazi, foi transferida e acabou por ser ontem realizada em Tobruk, outra cidade do Leste do país.

16/03/2021  Última atualização 17H00
A equipa do novo Primeiro-Ministro, Abdel Hamid Debeibah, conseguiu 121 dos 132 votos © Fotografia por: DR
Vários meios de comunicação locais afirmaram que esta mudança deveu-se a um ataque, sábado, em Benghazi e que teve como alvo o edifício onde o Parlamento se reúne desde 2019.
O Governo de transição da Líbia, resultante de um processo patrocinado pela ONU e que deve contribuir para retirar o país do caos e organizar eleições no final de Dezembro, obteve, quarta-feira da semana passada, a confiança do Parlamento. Após dois dias de intensos debates, a Assembleia eleita aprovou a equipa de Abdel Hamid Dbeibah por 121 votos entre os 132 deputados presentes, segundo imagens transmitidas em directo pela televisão local.

Na quinta-feira, a União Europeia (UE) saudou a aprovação, pelo Parlamento, do Governo de transição líbio, considerando-a uma "oportunidade histórica" para o povo da Líbia "se juntar" num "esforço conjunto para reconstruir o país". A ONU já tinha saudado uma "sessão histórica" e uma "etapa crucial" para a unificação do país.
Depois da queda de Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia mergulhou no caos, com divisões e lutas de influência no contexto de ingerências estrangeiras. O fim dos combates e o lançamento de um processo político sob a égide da ONU, reavivou a esperança de um relançamento da economia do país, rico em petróleo. O Primeiro-Ministro deve, também, responder às expectativas dos líbios, cujo quotidiano é marcado pela escassez de dinheiro, gasolina e electricidade e por uma inflação galopante.

Os desafios são enormes após 42 anos de um regime fechado e uma década de violência desde a intervenção internacional, com cobertura da OTAN, desencadeada em Março de 2011 e concluída em Outubro do mesmo ano com a morte de Kadhafi, perseguido até ao seu reduto de Sirte.
Os Estados Unidos, os principais países europeus implicados no dossier líbio e o Egipto mostraram-se satisfeitos com a aprovação pelo Parlamento, de um Governo de transição, e reiteraram o apelo à retirada do país de "todos os mercenários e combatentes estrangeiros”. Segundo a Efe, a satisfação foi expressa numa declaração conjunta assinada pelos ministros dos Negócios estrangeiros da França, Alemanha, Itália, Inglaterra e dos Estados Unidos.

Na declaração, Jean-Yves Le Drian, Heiko Maas, Luigi Di Maio, Dominic Raab e Antony Blinken consideram o acto do Parlamento essencial na via da unificação das instituições líbias e para a solução política global à crise que assolou o país. Jean-Yves Le Drian, Heiko Maas, Luigi Di Maio, Dominic Raab e Antony Blinken apelaram também a todos os actores líbios a "assegurarem uma transferência construtivas e sem incidentes, saudando também o engajamento do Primeiro-Ministro cessante, Fayez al-Sarraj, de "ceder o poder".

O novo Executivo substitui o Governo de União Nacional GNA), apoiado pela Turquia, e o poder rival do Leste, encarnado pelo marechal Khalifa Haftar, sustentado, nomeadamente pela Rússia, os Emirados Árabes Unidos e pelo Egipto.
Esse Governo vai organizar as eleições "livres e regulares " a 24 de Dezembro próximo, aplicando em pleno o acordo de cessar-fogo de 23 de Outubro de 2020", "incluindo a retirada de todos os mercenários e combatentes estrangeiros. Segundo a ONU, em Dezembro de 2020, a Líbia contava 20 mil mercenários e soldados estrangeiros, entre os quais soldados pró turco idos da Síria e russos.

 
Emigrantes estrangeiros interceptados
Dez emigrantes ilegais foram interceptados, socorridos e trazidos de volta à Líbia pela Guarda Costeira do mesmo país, no espaço de uma semana, indicou a Organização Mundial para as Migrações (OIM)., citada pela AFP. A Líbia, país de trânsito e de destino de emigrantes ilegais, está confrontada com um tremendo fluxo migratório ilegal nos últimos anos.

Devido à insegurança do país, redes de traficantes de pessoas aproveitaram-se da situação para embarcar emigrantes em barcos improvisados no Mediterrâneo em direcção à Itália.
Em estatísticas publicadas na sua conta twitter, a OIM indicou que mais de quatro mil  emigrantes ilegais resgatados foram trazidos de volta à Líbia desde o início de 2021. Entre estes, há três mil 386 homens, incluindo 143 menores e 293 mulheres, disse a mesma fonte. Além disso, 34 mortes foram registadas entre emigrantes desde o início de 2021, enquanto 160 foram dados como desaparecidos, informou a OIM.

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