Economia

Governo e Sociedade Civil partilham perspectivas do país nos próximos 27 anos

Vânia Inácio

Jornalista

Representantes do Ministério da Economia e Planeamento e da sociedade civil abordaram, na terça-feira, no auditório do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Luanda, os caminhos para a concretização plena das perspectivas lançadas na “Estratégia de Longo Prazo - Angola 2050”.

26/05/2023  Última atualização 08H30
© Fotografia por: Raimundo Mbiya | Edições Novembro

O Executivo, representado pelo secretário de Estado para o Planeamento, Milton Reis, apresentou, aos presentes, entre economistas, arquitectos, professores e outros profissionais liberais, a "ELP Angola 2050”, com a qual pretende, nos próximos 27 anos, mudar o paradigma económico do país, saindo da dependência do petróleo e atingir a prosperidade plena.

Conforme reiterado, o objectivo para os próximos 27 anos é  investir, fortemente, na educação, especificamente no reforço do ensino pré-escolar, para garantir o desenvolvimento humano proporcional ao crescimento económico pretendido pelas autoridades.

A preocupação do Executivo com o fomento do capital humano é estratégico e está montada de tal forma que  a aposta na educação é o principal canal para minimizar o défice de inclusão ainda existente na sociedade, "porque por mais que se ofereça emprego, precisa-se ter profissionais que desempenhem a sua actividade na dimensão que a economia precisa”.

Dentre as sugestões apresentadas, constam  a opinião do cidadão Osvaldo Castelo Grande, que defende a inclusão, pelo Estado, dos militares, quando se fala de estratégias macroeconómicas, "porque parece que fica esquecida a questão da estabilidade constitucional”, que, a seu ver, é primordial.

Osvaldo Castelo Grande também fez recordar o conjunto de leis que se produzem no país e depois não são cumpridas, e alertou para a necessidade da transparência, de se  traçarem as bases sólidas de cultura de gestão de pensar, gerir e governar, uma vez pretender-se, efectivamente, tornar Angola num país de rendimento médio.

O representante da Universidade Lusíada, Heitor de Carvalho, referiu sobre a necessidade de tornar a "ELP” um documento de consenso, sobretudo com todos os actores políticos do país. Considerou demasiado o número de paginas, para um plano exequível, pois devia ser mais suscinto para servir de base.

Entre outros questionamentos como uma maior discussão das questões macro do país, e com que bases é que o Governo pretende, até 2027, passar de uma economia dominada pelo petróleo, para o sector não-petrolífero, defendeu a necessidade de se discutir mais o assunto, para que efectivamente os planos possam ser concretizados.

O director técnico do Centro de Pesquisa do Instituto Técnico Metropolitano Angolano, Francisco Ngongo, recomendou que a "ELP” também tivesse em consideração os riscos internos que podem fazer com que a mesma não seja concretizada, em detrimento dos externos.

Sublinhou a importância da luta contra a corrupção, tendo avançado que o plano apresentado devia explicar como a corrupção pode impedir o plano de ser implementado. Na ocasião, procurou ainda saber como e com quem é que o Executivo angolano está a contar para avançar com a "ELP”.

Francisco Ngongo apontou também para a questão da governança, sendo este, segundo o director, um factor importante para a realização do plano. Salientou que o Estado pode ter dinheiro, mas se não agir correctamente, o plano não vai ser concretizado.

Já o representante da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta, falou sobre falhanços na implementação dos planos  e estratégias macroeconómicas do país noutrora, que  "sempre foram muito lindos no papel”. Em razão disso, questionou sobre os critérios assentes para o alcance da equação que permite atingir-se 95 por cento na taxa de alfabetização, até 2050.

Ilídio Daio e António Gameiro, os dois arquitectos e professores universitários, debateram à volta da necessidade de o país materializar o quadro jurídico do ordenamento do território, face ao défice de casas próprias que o país enfrenta. 

O  presidente da Associação Nacional do Ensino Particular, António Pacavira, aproveitou o encontro para reforçar sobre algumas necessidades em torno do sector da educação. O mesmo questionou  o facto de não haver, até ao momento, um valor "per capita” para cada aluno, lembrando da necessidade da merenda escolar, transporte escolar, uniformes, entre outros benefícios para os estudantes.

António Pacavira reforçou ainda sobre a qualidade do ensino, tendo  sugerido que, em 2030, todos os professores devem ter licenciatura; em 2040 pós- graduação, sendo que em 2050 todos devem ter o mestrado, pois são pressupostos que determinam a qualidade de ensino.

Outro ponto apresentado pelo representante do Ensino Particular cingiu-se sobre a necessidade de o Estado olhar para o perfil neurológico do indivíduo que nasceu em 2010 e para os que vão nascer. Esses, segundo o responsável, são muito vocacionados para questões tecnológicas.

"Que tipo de escola vamos oferecer para esses indivíduos. Se não for uma escola muito virada para a vertente tecnológica, não vamos garantir a empregabilidade em 2050”, conclui António Pacavira, que lidera a ANEP em Angola.

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