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Governo do Sudão trabalha para acabar com a violência

As autoridades sudanesas garantiram que estão a trabalhar para pôr fim ao “caos” no estado de Darfur do Sul, que tem sido abalado por um recrudescimento dos confrontos intercomunitários nas últimas semanas, somando dezenas de mortos.

07/01/2023  Última atualização 09H02
Presidente Salva Kiir (à direita) tomou medidas para travar a onda de agressões no Sudão Sul © Fotografia por: DR

Em declarações citadas ontem pela agência noticiosa estatal sudanesa SUNA, o vice-presidente do Conselho Soberano Transitório e chefe do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo, disse que os "criminosos” responsáveis por estes ataques seriam detidos e levados à justiça.

Avançou ainda que foi formada uma comissão de investigação chefiada pelo procurador-geral para conduzir uma investigação "transparente” que "claramente” determine os factos, "sem prestar atenção à agenda daqueles que procuram desestabilizar o Sudão através do uso negativo das redes sociais”. Salientou que as autoridades trabalharão para assegurar que as pessoas deslocadas possam regressar às suas casas e disse que receberão uma compensação, para além da devolução de bens ou gado roubado durante as rusgas.

 RSF - acusadas de abusos no contexto do conflito no Darfur e da repressão dos protestos pró-democracia  tinham sido enviadas para a zona para tentar conter os combates e restaurar a calma, segundo o vice-presidente do Conselho. A região de Darfur assistiu a um aumento das tensões intercomunitárias, apesar do histórico acordo de paz de Outubro de 2020 com vários grupos rebeldes, que procurou pôr fim aos combates que eclodiram em 2003 e causaram pelo menos 300 mil mortos e mais de 2,5 milhões de desalojados.

O antigo Presidente, Omar Hassan al-Bashir, derrubado num golpe de Estado em Abril de 2019 e outros altos funcionários durante o seu mandato são procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos no decorrer do conflito. A grave crise económica e política no Sudão foi desencadeada por um golpe militar em 25 de Outubro de 2021 que interrompeu um processo de transição democrática iniciado dois anos antes.

 

Ataque em Abyei  mata 13 pessoas

Entretanto, pelo menos 13 pessoas foram mortas e cinco feridas num novo ataque na disputada região de Abyei, entre o Sudão e o Sudão do Sul, afirmou ontem a Força de Segurança Interina das Nações Unidas para Abyei (Unisfa), citada pela Efe. A missão avançou que as suas forças foram destacadas para a zona e que se encontram a efectuar patrulhas para evitar novos incidentes, enquanto o ministro da Informação de Abyei, Ajak Deng Miyen, classificou a situação como relativamente calma.

Miyen afirmou que a situação está a voltar à normalidade após a intervenção da Unisfa, sendo que a mesma versão foi noticiada pela Radio Miraya, propriedade da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Unmiss) e operada pela mesma.

A Unisfa afirmou que "um grupo armado misturado (com as comunidades) nuer e twic dinka lançou um ataque à aldeia Rumamer, matando 13 pessoas e ferindo outras cinco, todas elas ngok dinka, enquanto 27 casas foram incendiadas”.

A força de segurança disse, ainda, que o ataque foi efectuado por cerca de 200 homens armados, mas acrescentou que a situação "foi efectivamente contida devido à vigilância e à acção rápida”, tal como relatado pela Radio Tamazuj. Segundo a Unisfa, já foi aberta uma investigação e o chefe da missão, Abu Syed Mohamod Bakir, condenou veementemente o ataque, advertindo que isto pode aumentar as tensões e causar um novo surto de violência em Abyei.

O estatuto da Abyei foi suspenso quando o Sudão do Sul declarou a independência em 2011 e continua a ser um dos principais focos do conflito entre os dois países devido à sua importância geoestratégica e às suas reservas energéticas.

 A região está sob administração da Unisfa até que a disputa seja resolvida. O futuro da região deveria ter sido decidido por referendo, tal como estipulado nos históricos acordos de paz de 2005 que levaram à independência do Sudão do Sul, mas a comunidade dgok dinka tornou o plebiscito (votação por todo o eleitorado de um país) impossível ao rejeitar impiedosamente a participação dos nómadas miseriya no referendo.

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