Cultura

Governo da Província de Luanda promove “Roteiro Cultural Turístico”

O Governo da Província de Luanda realiza, amanhã, a partir das 10h00, o “Roteiro Cultural Turístico” que parte do centro histórico da baixa até ao município do Cacuaco, inserido nas comemorações do 447º ano aniversário da cidade capital.

21/01/2023  Última atualização 09H47
Historiador Domingos Lopes dissertou sobre património histórico e cultural da capital do país © Fotografia por: Cedida

Para assinalar as festividades está programada, entre outras actividades, o passeio turístico como forma de dar a conhecer as potencialidades no sector a nível da província de Luanda.

Em declarações, sexta-feira, ao Jornal de Angola, a directora provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Tatiana Mbuta, ressaltou que está a ser programada uma vasta actividade cultural. O roteiro, disse, tem o ponto de partida, às 9h00, no Museu de História Militar. No seguimento, os turistas nacionais e estrangeiros vão visitar o Museu da Moeda, o Largo do Bangão, no Sambizanga, zona do monumento histórico Mulemba-Wa-Xangola, no Cazenga.

Na vila do Cacuaco, a caravana composta por mais de 80 turistas entre nacionais e estrangeiros será recebida na zona da Cimangola, pelo administrador Auxilio Jacob e depois rumam para uma visita guiada à feira do Artesanato, localizada no Marco Histórico do Kifangondo, uma fábrica de medicamentos, Centralidade do Sequele, Miradouro (caso não chova devido às dificuldades de acesso), no Parapeito e Lagoa do Kifangondo, última paragem.

A responsável do sector cultural em Luanda disse que no local vai ser realizada uma feira agrícola onde serão expostos a diversidade e a riqueza dos produtos do campo da região.

A digressão, disse, termina com alguns momentos culturais e artísticos, cuja intenção "é criar novos factos culturais e promover o hábito da realização do turismo cultural na capital devido o seu diversificado património histórico”.

De acordo com Tatiana Mbuta a ideia é "incentivar a criação de mais espaços de lazer onde cada um dos intervenientes possa trocar experiências no domínio artístico e cultural”.

Explicou que a Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos está a trabalhar em parcerias com algumas unidades hoteleiras e instituições de ensino que vão indicar alguns turistas para fazer parte do "Roteiro Turístico”.

Por sua vez, o director da Cultura, Turismo e Desporto do Município de Luanda, Manuel Dala de Sousa, fez compreender que alguns dos patrimónios culturais locais da cidade têm o mesmo tempo de existência de fundação da própria cidade e a manutenção tem um custo elevado devido à complexidade.

O governo local, disse, tem feito esforços no sentido de manter contactos permanentes com alguns dos detentores destes imóveis históricos, no sentido de os mobilizar para a manutenção e preservação.

 

Palestra

A Comissão Administrativa do Município de Luanda (CAML), realizou, na manhã de ontem, uma palestra sobre "Monumentos e Sítios da Cidade de Luanda”, no Anfiteatro da Universidade Metodista, na qual teve como orador o historiador e docente Domingos Lopes.

Durante a palestra dirigida e assistida por estudantes dos diferentes cursos da Universidade Metodista, designadamente o curso de Animação, Hotelaria e Turismo, bem como o de Arquitectura e Humanismo, o linguista e docente universitário, Domingos Lopes, começou por fazer um resumo da fundação da cidade de Luanda, em 1576, por Paulo Dias de Novais.

Domingos Lopes explicou que foi desde essa altura a capital de Angola, devido à importância, do ponto de vista administrativo, político, religioso e económico. De uma pacata vila, revelou, foi elevada à categoria de cidade em 1605. As primeiras construções que deram origem à urbe, contou, dariam mais ou menos dessa época e encontravam-se ao longo da "Cidade Alta” e "Cidade Baixa”.

Dono de uma cultura geral inigualável sobre a história da formação e locais históricos de Luanda, o também assessor do vice-governador da Província de Luanda para o Sector Político e Social, Manuel Gonçalves, contou que à semelhança das outras cidades do país, que contam já com uma certa antiguidade, como por exemplo a cidade de Benguela, consideradas naquela altura "cidades comerciais”, agruparam-se no caso concreto de Luanda, na "Cidade Baixa”, as grandes firmas, armazéns e o porto que, sobretudo no seculo XVII, fizeram prosperar a Cidade, vindo posteriormente a alastrar-se para além das áreas adjacentes ao morro da Fortaleza de São Miguel, onde a urbe se confinar no decurso dos séculos anteriores.

 

Ocupação estratégicas

A ocupação à beira-mar (entre os morros e a praia), disse, alongava-se até à Ermida da Nazaré, construída em 1664, no anterior lugar da Fortaleza de Santa Cruz. Domingos Lopes explicou que um conjunto de construções de alinhamento irregular com frente à baía foi-se formando em progressão contínua a caminho da saída da cidade que passando pela Fortaleza de S. Francisco do Penedo e São Pedro da Barra, dirigia-se ao norte e em direcção à Barra-do-Bengo e, posteriormente, seguindo para o interior acompanhando à margem do rio.

Segundo o historiador,  durante a dissertação sobre os "Monumentos e Sítios da Cidade de Luanda”, com o passar dos anos, aparece um conjunto de edificações paralelas ao primeiro, dando origem a uma extensa rua que, no século XIX, já se chamou Rua Direita do Bungo e Rua Direita de Luanda, hoje conhecida ainda como Rua Major Kanhangulu.

Entretanto, sublinha, foi desta maneira que cresceu a Cidade Baixa em Luanda. Já na parte alta da cidade, disse, estendeu-se da Fortaleza até ao convento de São José dos Terceiros Franciscano. "Esse convento viria a acabar em ruína e os restos aproveitados para a construção daquela que é a parte mais antiga do Hospital Josina Machel, inaugurado em 1883 com a designação de Hospital de dona Maria Pia.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura