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Governo congolês nega ter ajuda do grupo Wagner

O Exército da República Democrática do Congo (RDC) negou sexta-feira as acusações do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) de que mercenários do grupo russo Wagner estejam a participar em conflitos no país. "O Grupo Wagner não opera na República Democrática do Congo", disse à BBC britânica o major-general Sylvain Ekenge, porta-voz do Exército. Uma negação que, em Outubro do ano passado, o Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, já tinha feito. "Não precisamos de mercenários", afirmou ao Financial Times.

14/01/2023  Última atualização 06H05
© Fotografia por: DR
Nas últimas semanas, cresceram os rumores de que os mercenários do grupo russo estão a colaborar com as autoridades da RDC para conter os rebeldes do M23, que nos últimos meses reconquistaram grandes áreas no Leste do país, onde os combates acontecem há anos. "É verdade, o Grupo Wagner está aqui. Temos provas, que vamos mostrar no seu devido tempo", disse hoje à mesma cadeia o porta-voz do M23, Willy Ngoma, que garantiu que na semana passada enfrentaram um grupo, na área de Rutshuru, no Kivu do Norte, que tinha mercenários russos daquele grupo e militares da RDC. Essas acusações também foram rewomadas no Rwanda, um país que a RDC acusa de apoiar os rebeldes do M23. O Presidente deste país, Paul Kagamé, acusou esta semana o Governo congolês de recorrer ao Grupo Wagner e alertou para o "desastre" que esta manobra implica, referindo que os mercenários não são de confiança.

 A presença do Grupo Wagner é cada vez mais notória nos conflitos que decorrem no continente africano. É já conhecida a participação ao lado do Governo da República Centro-Africana para combater os rebeldes e suspeita-se que estejam a fazer o mesmo em vários países do Sahel.

 No que diz respeito à RDC, o M23 é acusado, desde Novembro de 2021, de realizar ataques contra posições do Exército no Kivu do Norte, apesar de as autoridades congolesas e o grupo rebelde terem assinado um acordo de paz em Dezembro de 2013, após os confrontos que decorreram desde 2012. Esta situação fez também aumentar as tensões entre a RDC e o Ruanda, com Kinshasa a acusar Kigali de apoiar os rebeldes. Kigali, por sua vez, denuncia o apoio de Kinshasa às Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR), fundadas e compostas principalmente por hutus, responsáveis pelo genocídio de 1994 no Rwanda.

 Na quinta-feirra, os Estados Unidos acusaram militares russos, apoiados pelo Kremlin, de interferir nos assuntos internos dos países africanos e "aumentar a probabilidade de que o extremismo violento cresça" na região do Sahel, que enfrenta crescentes ataques e deterioração da segurança - uma alegação que a Rússia negou. O vice-embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Richard Mills, atacou o Grupo Wagner numa reunião do Conselho de Segurança sobre a África Ocidental e o Sahel, acusando as suas forças paramilitares de não combaterem a ameaça extremista, roubarem os recursos dos países, cometerem abusos de direitos humanos e colocarem em risco a segurança das forças de paz e funcionários da ONU.

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