A história sobre a procura e disputas por uma mala de diamantes, extraviada nas margens do Rio Bengo, é o foco do enredo do novo filme de drama e acção do realizador angolano Mankenda Eduardo “Ungido”, intitulada “Oportunidades Perigosas”, em fase de pós -produção.
De acordo com a sinopse do "Oportunidades Perigosas”, o conflito no filme gira em torno da recuperação da mala de diamantes, furtada por Russo, um engenheiro de minas em uma zona do Leste de Angola.
Na fuga, com destino para Luanda e na iminência de ser interceptado pelo caminho, resolve atirar a mala do produto contrabandeado em uma das margens do Rio Bengo, para a posterior recuperá-la.
Porém, na sequência, um engenheiro de nacionalidade portuguesa, num dos restaurantes de Luanda, depara-se com Marcos e seus amigos, todos recém-despedidos do emprego, e propõe-lhes o pagamento de cinco mil dólares, caso recuperassem a mala, no local indicado.
Para a "aventura”, o engenheiro português os aliciou com uma oferta inicial de 400 mil Kwanzas, mas que seriam vigiados por um relógio com o Sistema de Posicionamento Global (GPS).
No entanto, além do grupo de Marcos, existe o segundo grupo recrutado pelos parceiros de Russo, que se sentiram enganados. Enquanto o primeiro grupo estava a caminho das margens do Rio Bengo, o engenheiro português estava a ser torturado pelo grupo liderado por Nelson, que também foi pago para ir a Luanda recuperar os diamantes das mãos de Russo. Quando o segundo grupo chega nas margens do rio, já o grupo de Marcos tinha recuperado a mala. A partir deste momento, começa o confronto entre os grupos, munidos de armas de fogo.
Com a mala em posse, Marcos tenta localizar o português, mas sem sucesso. Daí, o grupo resolve enterrar os diamantes até localizar o chefe Russo que os prometeu recompensar pelo trabalho com uma quantia de cinco mil dólares pela recuperação da mala.
Na sequência, vários conflitos são registados entre os dois grupos, o que provoca muitas mortes. Como consequência, essas rixas vão afectando directa ou indirectamente às famílias dos envolvidos no problema, devido a ganância dos homens pelos bens materiais e o enriquecimento fácil.
Revolta e ambição
As maiores reservas, inclusive inexploradas, ficam na região das Lundas, no Nordeste de Angola. Os dados sobre investigações em torno do garimpo e tráfico de diamantes permitem sustentar a ideia de que estas "pedras valiosas” não só alimentam as guerras com que se debatem a maioria das pessoas interessadas na exploração dessa actividade mineira, como, no período pós-conflito, são causadoras de muitas desgraças devido aos interesses económicos.
Na luta pelo lucro fácil, desperta mais tarde, o interesse de mais pessoas pelos os diamantes, situação que torna cada vez mais violenta a briga e a perda de vidas humanas.
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, o realizador Ungido disse que "Oportunidades Perigosas”, é uma longa metragem de aproximadamente duas horas, gravado entre os anos de 2021 a 2022, em Luanda e Caxito, no Bengo, onde há fusão dos géneros drama, suspense e acção.
De acordo com o realizador, o filme conta a história da procura e disputas para a recuperação de uma mala de diamantes, furtada numa mina e extraviada durante a fuga dos malfeitores, em um local nas margens do Rio Bengo.
Para Ungido, o filme leva o espectador a uma "aventura electrizante, onde cada passo é um risco e cada decisão pode ser fatal aos envolvidos na busca do precioso produto, que em função das perdas humanas, os diamantes passam ser denominados de "Diamantes de Sangue”.
O realizador fez saber que "Oportunidades Perigosas”, traz à reflexão a vulnerabilidade das pessoas em aceitar "oportunidades aparentemente fáceis”, que podem esconder perigos inesperados e irreparáveis.
Ungido informou que o filme será legendado em português, inglês, francês, espanhol e lingala, com previsão de estreia para o final do corrente ano. No seguimento, o filme será exibido no Brasil, Portugal, República Democrática do Congo (RDC), França e Argentina.
Pós-produção
Idealizado, escrito e realizado por Mankenda Eduardo "Ungido”, o filme integra 56 actores e está a ser produzido pela MGE- Filmes Company, I. Neto-Filmes e N. Produções Entretenimento, com apoio gráfico da AD Models.
Conta, igualmente, com a participação especial dos actores, Felipe Petronilho, Fernando Mailoge, Sidney Profeta e Adilson Calazans. Nensala Ati de Jesus, Luís Mendinhas, Ilídio Neto (Abele), Maikson Gomes, Abel Lopes e vários outros actores secundários fazem parte do projecto cinematográfico. Participa na realização e produção, o próprio Mankenda Gonçalves Eduardo "Ungido”, Ilídio Neto "Abele” e Nelson dos Santos "Cebolinha”.
"Oportunidades Perigosas”, começou a ser produzido no final de 2021, com término em Dezembro de 2022. Segundo o realizador, a pós-produção e finalização começaram em Janeiro do ano em curso e as filmagens decorrem com grandes dificuldades financeiras, tendo em conta os desafios que a produtora enfrenta. "Produzir cinema no país ainda é um desafio, devido à falta de apoios financeiros e patrocínios.”
O realizador lamentou a falta de investidores, associado ao cepticismo em relação aos produtores nacionais, o que tem sido um entrave ao crescimento da indústria cinematográfica em Angola.
A falta de uma distribuidora
Mankenda Eduardo explica que fazer cinema não é fácil em qualquer parte do mundo, principalmente no país, enquanto não existirem políticas de incentivos à "Sétima Arte”. Para o realizador, a falta de uma agência distribuidora de filmes no país, tem sido a causa do fracasso das produções nacionais.
Aponta alguns passos para o desenvolvimento e aplicação do mercado de marketing de uma agência de cinema em Angola. "Deve-se identificar potenciais empresas de marketing especializadas em filmes e aquelas que possam ser relevantes para o género ou o tema do filme.”
O realizador realçou que o mercado angolano deve se estruturar de maneira que existam uma conjugação de ideias, onde devem ser desenvolvidas propostas de parceria entre produtores e possíveis financiadores, com detalhe e informações sobre o filme, a sinopse, o elenco, a equipe, o orçamento de marketing, público-alvo e objectivos.
Essas parcerias com a empresa de marketing, explica, seriam benéficas para ambas as partes, acrescentando que o contacto com a empresa de marketing deve ser feito por via e-mail ou telefone, informando sobre o interesse em uma parceria e compartilhando a sua proposta.
"É importante que haja clareza na abordagem do assunto e quais os benefícios que a empresa poderá obter ao apoiar o seu filme. No caso em que um patrocinador se mostrar interessado em financiar um projecto cinematográfico, deve-se discutir o projecto em detalhes e os interessados devem responder a qualquer pergunta sobre o filme e a estratégia de marketing”, salientou. Se a empresa de marketing estiver interessada, ressaltou, é importante discutir e negociar os termos da parceria. Isso, sugeriu, pode incluir acordos de financiamento, compartilhar as receitas, serviços de publicidade específicos e prazos.
Se se chegar a um acordo, disse, deve ser formalizado, através de um contrato escrito. Na parceria, segundo o realizador, também deve-se certificar se o contrato inclui todos os detalhes acordados, incluindo responsabilidades, prazos e condições de pagamento. Ungido considera que na formalização de parceria, nem todas as empresas de publicidade ou agências poderão estar dispostas a fornecer apoio ao filme.
Porém, sugere que o realizador deve estar preparado para enfrentar esse declínio ou uma contraproposta, para continuar a procurar, até encontrar alguém que esteja interessado em patrocinar o projecto. Por outro lado, disse, é importante que as partes interessadas se convençam sobre as vantagens de se apostar no financiamento do filme, no sentido de atrair o interesse das empresas.
Referências do realizador
A paixão de Ungido pelo cinema começou com seu envolvimento no teatro em 2004, na igreja Evangélica Baptista em Angola (IEBA), na comunidade da Boa Esperança, onde era executor de flauta e encenador.
Em 2008, vai estudar na Namíbia e ingressa no grupo de teatro da "Vine Yard Church”, onde exerceu o cargo de director do grupo e mais tarde foi convidado a participar num filme. Na Namíbia investigou e estudou teatro e cinema.
De regresso para Angola, em 2011, conheceu o realizador Mawete Paciência e Biju Garizim, com quem estabeleceu trocas de experiências acerca do cinema angolano.
Em 2013 começa a trabalhar com o realizador Funzula Eduardo, seu irmão mais velho, numa série televisiva em que era o director de elenco. Em 2016, Ungido produziu o primeiro filme intitulado "A Luta do Bem e o Mal”, que não terminou as gravações.
Em 2018, produziu o filme gospel "Prova de Fé”, e no mesmo ano, produziu um dos filmes que foi um dos seus maiores sucesso, o "Pânico em Cacuaco”, que lhe deu a possibilidade de participar e ganhar um prémio em 2019, num dos festivais realizados no Brasil. Participou em 2020, num festival de cinema em Moçambique.
Para o ano de 2024, Mankenda Eduardo tem em carteira o lançamento de uma curta-metragem intitulado "Kalunga”.
Tem como mentores da sua carreira, o realizador Manuel Narciso "Tonto”, Mawete Paciência, Biju Garizim, Funzula Eduardo, Nelson dos Santos "Cebolinha”, Ilídio Neto "Abele” e Maikson Artes.
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