Cultura

“Galeria do Semba” é paragem obrigatória para turistas estrangeiros

O crescente interesse de turistas nacionais e estrangeiros por visitar o projecto “Galeria do Semba”, tem tornado aquele espaço, localizado no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, no Rangel, em Luanda, numa paragem obrigatória pela configuração museológica na conservação do acervo iconográfico e sonoro do semba, um dos estilos mais apreciados na actualidade.

27/01/2023  Última atualização 06H00
Galeria tem recebido vários turistas estrangeiros que procuram obter mais informações sobre a história da música angolana © Fotografia por: DR
Um grupo de turistas estrangeiros da Moldávia, Finlândia, Quénia e Azerbaijão que se encontram no país, realizaram uma visita guiada, na segunda-feira, no espaço de documentação e informação constituído por fonogramas, fotografias, capas de discos, cartas, instrumentos musicais de executantes referenciais e outros testemunhos, dispostos por ordem cronológica.

Durante a visita de aproximadamente uma hora, os turistas, procuravam obter do gestor do espaço, o maior número de informações de um estilo musical que tem estado a conquistar os principais palcos de dança a nível do mundo. Pacientemente, Dom Caetano e Dj Mania desdobravam-se para manter uma comunicação de cortesia, numa linguagem simples sobre a observação da idealização do projecto, abrindo um espaço de diálogo animado e descontraído com os turistas.

Este gesto, marcou os visitantes que se comprometeram a regressarem ao local com a intenção de trazer outros compatriotas a conhecer Angola, não apenas pela a riqueza dos estilos musicais, mas também, por ser um país de pessoas acolhedoras que têm estado a desenvolver programas culturais que precisam ser do conhecimento do mundo. Os turistas não saíram de mãos vazias, porque os gestores ofereceram algumas dikanzas em miniaturas e brindes como recordação.

Espaço de promoção de debates

Segundo o músico Dom Caetano, um dos assessores, na comunicação com os turistas explicou que existe uma preocupação com a realização de debates, palestras e colóquios como elementos importantes para a transmissão da informação às gerações vindouras, bem como aos turistas estrangeiros que precisam os multiplicadores de conhecimento da origem e história do estilo.

Para o autor do sucesso "Adeus a Hora da Largada”,  esse exercício é importante porque permite, desta e de outras formas, poder ajudar a divulgar com alguma propriedade a história da musica popular, instrumentos e os intérpretes, na defesa da matriz cultural nacional. "É necessário mobilização da sociedade e não esperar que o Estado faça tudo. Como fazedores culturais temos também um papel importante em todo esse processo. Muitos dos nossos estilos acabam por ser identificados como de origens de países sul americanos e do Ocidente por desconhecerem as origens”. Dom Caetano reforçou que a intenção é produzir textos inéditos, uma vez que o trabalho de pesquisa é outro dos objectivos do projectos.

"Ano artístico” abre em Fevereiro

A "Galeria do Semba”, de acordo com Dj Mania, gestor e um dos promotores do projecto "Há um Semba em Cada Canto”, pretende-se transformar um local de "encontros geracionais” entre artistas e o público, na continuidade das realizações periódicas de espectáculos de rua, de pequena dimensão, mas capazes de difundir e valorizar o semba.

Ao fazer um balanço das actividades culturais e artísticas do ano passado, numa perspectiva de seguimento mais alargado dos conteúdos, explicou que, o "ano artístico” abre às portas em Fevereiro com a realização de um grande espectáculo de rua. "Estamos a criar condições no sentido de conseguir reunir um naipe de convidados que vão fazer toda a diferença no regresso do projecto depois do interregno da quadra festiva”.

O palco tem sido montado mesmo na rua, defronte a entrada da Galeria do Semba, para criar empatia com o público. O modelo tem sido produzido para quem estivesse nos arredores entre as "Bes” e "Ces”, o Pica Pau, Dona Malha, Marçal e Terra Nova, sejam influenciados a se juntarem à "festa do semba”.

Segundo Dj Mania, a ideia foi criar conceitos de espectáculos onde as pessoas pudessem participar sem pagar nada no sentido de promover a interacção com um público mais desfavorecido.

Projecto distingue a classe artística

O "Rei” da música angolana, Elias diá Kimuezo, a cantora e compositora Tonicha Miranda, o cantor e compositor Luís Martins "Xabanu”, o pesquisador Roldão Ferreira e o grupo carnavalesco União Recreativo Kilamba foram as primeiras figuras a serem homenageadas pelo projecto "Galeria do Semba”, em prol do contributo que têm prestado para o crescimento das artes no país ao longos dos tempos. Segundo Dj Maria, este ano, o tributo a figuras emblemáticas ligadas à cultura vão continuar. A Galeria do Semba com as distinções, disse, confirma o "compromisso na divulgação dos principais nomes e o contributo que deixaram na música angolana, com o estilo semba como bandeira.”

O gestor do espaço explicou que a intenção é contribuir no conhecimento da música e cultura nacional em todos os níveis e que tudo está a ser feito para que os interessados encontrem no projecto um local de fonte de pesquisa e de conhecimento. "Pretendemos que os apreciadores do semba sintam-se parte do projecto por ser um compromisso da casa em colaborar com todos os interessados em conhecer a história angolana, por intermédio da música nacional.”

A "Galeria do Semba" é um espaço de configuração museológica que conserva a história deste estilo musical e dos seus protagonistas. O espaço foi inaugurado a 24 de Janeiro de 2020. Hoje a proposta é o semba e no futuro outros ritmos também podem ser propostos a elevação a Património Imaterial Nacional. Na "Galeria do Semba" pode-se encontrar outras nuances rítmicas, porque qualquer música feita por angolanos também contribui para o mosaico cultural.

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