Economia

Furos de água para irrigação de campos agrícolas devido à estiagem

Venâncio Victor | Malanje

Jornalista

Os camponeses de várias co-operativas agrícolas e técnicos das Estações de Desenvolvimento Agrário (EDA), a nível da província, pedem apoio para abertura de furos de água, a fim de facilitar a irrigação dos campos de cultivo que se encontram distante dos rios para combater os efeitos da estiagem que dura há dois meses.

05/02/2021  Última atualização 10H45
© Fotografia por: DR
O técnico da Estação de Desenvolvimento Agrário do município de Cangandala, Julião Baptista, sugeriu ao Governo que, no âmbito dos vários financiamentos e apoios cedidos aos camponeses, como a entrega de inputs e insumos, estes deveriam ser beneficiados com furos de água nas áreas agrícolas que estão distantes de recursos hídricos nesta altura da seca. " A título de exemplo,  a zona de Kipacassa é um gigante adormecido porque nós temos 65 hectares e a produção é feita apenas em duas épocas e em nada satisfaz, mas se tivéssemos aqui um furo de água faríamos a produção em três épocas, pois, os camponeses podiam também fazer hortícolas e as famílias poderiam estar mais empoderadas”, disse.

Julião Baptista defende ainda que o Executivo deveria criar um fundo vocacionado para a agricultura para este período de seca, uma vez que os fenómenos climáticos são imprevisíveis.Por sua vez, a chefe da Estação de Desenvolvimento Agrário local, Juliana Simão, fez saber que, na presente época agrícola, foram cultivados 60 hectares de feijão dos quais 16 estão afectados pela seca e prevê-se apenas uma colheita de 75 por cento desta cultura. Relativamente ao  feijão, disse, foram afectadas 350 famílias camponesas do município. Já à produção de amendoim, 154 hectares cultivados, 38 foram afectados, causando prejuízos a 150 famílias.

Para a cultura do milho, foram lavrados 144 hectares. Destes, 57 destruídos pela estiagem tendo afectado 1.200 famílias. Prevê-se uma safra na ordem de 60 por cento. Juliana Simão garantiu que, apesar de estar descartada a existência de fome no seio das famílias, já existe a principal cultura alimentar, no caso a mandioca, a par das frutas e legumes que vão fazer face à demanda da segurança alimentar das 32 associações de camponeses e cinco cooperativas agrícolas de Cangandala.

A responsável destacou o apoio de 750 famílias pelo projecto Mosap II e a criação de 32 Escolas de Campo, que permitiram o aumento da produção e aperfeiçoamento das metodologias de ensino das técnicas do campo. Destacou a arrecadação de um milhão de kwanzas para a caixa comunitária da cooperativa Kipacassa e manifestou a necessidade do reforço de mais técnicos agrários tendo em conta o número de capatazias em construção no município.Juliana Simão realçou que a reabilitação das vias de acesso, no âmbito do PIIM, vai contribuir para o escoamento da produção agrícola.
Caixa comunitária 

Já na comuna do Cota, no município de Calandula, a 85 quilómetros a norte da cidade de Malanje, foram afectados 37 hectares das culturas de feijão e mandioca na cooperativa Valódia, que terá cultivado uma área total de 57 hectares que inclui a produção do milho, a única que escapou-se da seca. O presidente da referida cooperativa, António Fernando Manuel, disse que caso a seca se prolongue por mais tempo, os camponeses vão ter maiores problemas na produção agrícola. Apelou, igualmente, para a necessidade de se criar as condições pelo Governo de irrigação através dos rios mais próximos da Aldeia de Mutúmbua. 

O agricultor explicou que na presente época agrícola foi cultivada uma área de 60 hectares de feijão, milho e mandioca, tendo restado três hectares por se cultivar, dada a pressão a que estavam submetidos em função da chegada das chuvas.  Apesar da estiagem, acrescentou, foi possível colher 16 toneladas de feijão e oito de milho, acrescentando que esta última cultura não foi afectada visto que a plantação foi feita em Outubro. 

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