A Fundação BAI (FBAI) desempenha um papel activo, ao longo dos seus 20 anos de existência, apoiando projectos que amplificam a voz dos artistas, escritores, artesãos, músicos e criativos projectando uma riqueza da cultura angolana além fronteiras.
Tchissola Mosquito sublinhou que a cultura é vasta e rica merecendo ser celebrada em todas as suas formas, acrescentando ser um privilégio para o FBAI desempenhar um papel activo no fomento das artes e da cultura nacional.
"Hoje inaugura-se a exposição projecto ‘Mãos identidade e património’, assim reafirmamos o compromisso contínuo, com o enriquecimento cultural angolano”, disse a administradora delegada da FBAI.
A historiadora e professora Rosa Cruz e Silva, que participou na mesa-redonda sobre a "Valorização do património cultural, desafios e valências”, afirmou que é necessário trabalhar e aproximar as comunidades para que elas sejam capazes de reproduzir, dar a conhecer a sua arte, a sua forma de produção e, ao mesmo tempo, serem capazes de adaptar as novas exigências estéticas que possam, efectivamente, fortalecer ou alimentar o turismo.
"Nós falamos do turismo, de várias formas, fazemos do turismo uma mola para o desenvolvimento em Angola, mas há outros pressupostos que dão essa força ao turismo e que nós não temos prestado a devida atenção”, realçou.
A historiadora disse que ao trazer ao debate a temática da recuperação das escolas da arte endógenas, da valorização dessas escolas e da sua produção, está-se a desenvolver uma problemática que pode seguramente melhorar o desempenho dos artesãos, artistas, a renda dessas comunidades e a renda do país, se elas prepararem-se para reverter para o turismo essa mesma produção.
Rosa Cruz e Silva explicou que a valorização das artes endógenas cumpre, do ponto de vista, da recuperação das escolas de arte, por via dessa aproximação que as instituições, sejam elas financeiras como o Banco BAI, mas as instituições de ensino das artes devem ter uma ligação com essas escolas, de modo a fornecer-lhes os novos instrumentos técnicos para a melhoria da sua produção estética. "No caso das oleiras das mulheres artesãs, para o combate à pobreza, vivenciou-se uma situação que vou aplicar aqui como exemplo, em 2009 trabalhamos para a restauração de uma feira secular que era a Feira do Dondo, porque a sua existência remonta aos séculos XVI e XVII mas ela ganhou mais expressão e maior dinamismo no século XIX quando foi criada e instituída a companhia de navegação no Kwanza”, disse.
Do projecto "Mulheres Unidas na Cerâmica”, o ceramista Abel Lucas Francisco, que dissertou sobre "Arte e inserção social”, frisou que no projecto trabalhou com 900 artesãs, que produzem obras de qualidade em argila, mas a diferença está na cozedura, pois faltam aprender a temperatura exacta que podem atingir, ou o fogo ideal.
"Trabalho com três meninas da antiga fábrica de sabão, onde se produz diversas qualidades técnicas e são bem cozidas as peças, e essa experiência que eu quero passar às senhoras do projecto Zambi, afim de que elas se desenvolvam para que amanhã tenham a possibilidade de venderem os materiais sem ter problemas com os clientes”, disse.
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