Cultura

Folia e carnaval de rua de Salvador marcam a festividade brasileira

Analtino Santos

Jornalista

Folia e uma pequena mostra da agitação que é o carnaval de Salvador marcaram as festividades do Brasil. Armandinho e companheiros apresentam na noite de sexta-feira o concerto “Os Irmãos Macedo”, no Palácio de Ferro, e na tarde de ontem no Complexo Turístico Cozinha da Tia Zita, no Benfica, fizeram uma festa com o Trio Eléctrico, Dodó e Osmar.

10/09/2023  Última atualização 09H25
© Fotografia por: Francisco Lopes | Edições Novembro

Nos dois momentos, os presentes apreciaram e dançaram com a história cantada do Trio Eléctrico, sendo a mesma contada na primeira pessoa e pelos continuadores dos precursores deste ritmo e conceito de banda com uma forte carga de brasilidade. O intercâmbio ficou marcado com a inclusão da cantora e percussionista angolana Cassilva Odeth e o grupo de samba "Os Kambas”, constituído por brasileiros e angolanos.

A música angolana e outros ritmos africanos foram reservados para o Palácio de Ferro, com Cassilva Odeth a levar um reportório diversificado com clássicos do cancioneiro nacional, sucessos de estrelas estrangeiras e fez o agrado dos brasileiros ao interpretar "Shimbalaiê”. A irmandade entre os dois povos esteve presente com ogrupo de samba "Os Kambas” com uma proposta onde constavam músicas conhecidas e versões de sucessos no compasso.

Os dois concertos foram realizados no âmbito da 14ª edição da Semana do Brasil em Angola, e nas comemorações dos 201 anos da Independência do Brasil, que aconteceu a 7 de Setembro, e os 20 anos da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN). Ao longo das 14 edições passaram artistas como Jorge Vergílio, Grupo Olodum, Geraldo Azevedo, Zeca Balero, Jorge Aragão, Luís Melodia, Zezé Mota, entre outros nomes que actuaram na Semana do Brasil em Angola.

Os Irmãos Macedo

 Mais do que um espectáculo musical, "Os Irmãos Macedo” ajudam a compreender a evolução do carnaval da Bahia, parte da história social da música brasileira, entre outros aspectos, culminando com o surgimento da guitarra bahiana, instrumento fundamental na constituição de um Trio Eléctrico.

Raimundo Lima, presidente da AEBRAN, durante a apresentação realçou a importância histórica do Trio Eléctrico Armandinho, Dodó e Osmar, o primeiro no mundo. Armandinho, o líder e fundador da banda, contou na primeira pessoa o processo que começou com o seu pai Osmar Macedo e o amigo Dodó. Na narração participaram Betinho Macedo e André Macedo, que também davam subsídios e partilharam momentos da trajectória artística iniciada ainda muito jovens, quando saiam às ruas de Salvador.

Tudo começou quando Adolfo António Nascimento, Dodô no violão e Osmar Alvares de Macedo no cavaquinho tocavam para amigos. Em 1943, Dodô e Osmar inventaram o "pau eléctrico”, instrumento musical de som estridente, criado num pedaço de cepo maciço, instrumento que se transformaria no que é hoje a guitarra bahiana. De 1944 a 1949, a dupla Dodó e Osmar animam vários clubes e festas com os seus instrumentos electrónicos e passam a ser conhecidos como a Dupla Eléctrica.

Em 1951, Temistocles, um tocador de bandolim, integra a dupla e fazem uma apresentação no carnaval e a formação passa a ser designada "Trio Eléctrico”. No ano seguinte, o amigo não participou, mas a marca foi ganhando espaço até que em 1964 decidem desfilar no carnaval de Salvador com os seus filhos. Em 1974 ganhou a actual denominação "Trio Eléctrico Armandinho, Dodó e Osmar”, com a integração de Armandinho”, filho de Osmar, que mantém a mística e a liderança da formação após as mortes de Dodó, aos 64 anos, em 1974, e do seu pai Osmar, aos 74 anos, em 1997. Armandino continua a fazer apresentações com os irmãos e desde 2022 montaram o concerto "Irmãos Almeida” com apresentações em vários pontos do Brasil.

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