Cultura

Filipe Zau manifesta necessidade de descentralizar a agenda cultural

Analtino Santos

Jornalista

O ministro da Cultura viaja amanhã para o Huambo, província onde pretende avançar com um projecto semelhante ao do Palácio de Ferro, nas instalações do Centro Cultural Casa Manuel Rui Monteiro

15/04/2024  Última atualização 07H21
O ministro subiu ao palco para saudar os participantes e na conversa assumiu o lado de artista para partilhar ideias sobre música © Fotografia por: DR

O ministro da Cultura, Filipe Zau, manifestou a necessidade de estender a outras províncias do país a dinâmica da agenda cultural de Luanda, palco da maior parte dos grandes eventos do sector. Filipe Zau revelou esta preocupação no sábado, no Palácio de Ferro, depois de assistir as brilhantes actuações das bandas de jazz provenientes de Cabinda, Benguela e Huíla, no penúltimo dia de actuações da segunda edição do Festival Nacional Angojazz.

" Vim ver este espectáculo e concluí que aqui já está uma matriz feita. Por isso, uma coisa destas é pena só ficar em Luanda, então talvez devemos levar também para as demais províncias”, sustentou Filipe Zau.

O ministro avançou que a dinâmica da agenda cultural é uma das razões que o levará, amanhã, à província do Huambo, onde se desloca para cumprir uma agenda de trabalho.

Com o objectivo de imprimir o dinamismo da programação cultural do Palácio de Ferro no Centro Cultural Manuel Rui Monteiro, erguido no Huambo, o ministro Filipe Zau será acompanhado por uma delegação composta pelo director do Palácio de Ferro, João Vigário, o director do Festival Nacional Angojazz, Dimbo Makiesse, o director do projecto cultural Resiliart Angola, Marcos Agostinho, representantes da UNESCO e outros parceiros.

 "Penso que estas coisas que já estão produzidas, como o projecto musical Simbiose de Guitarras e outras iniciativas culturais, que vamos começar a movimentar para outras partes do país. Digamos que o Palácio de Ferro vai servir como uma incubadora, porque neste momento está com a programação cheia até ao final do ano”, detalhou Filipe Zau.

Quanto à qualidade musical, Filipe Zau revelou-se surpreendido pela excelente exibição dos músicos na actuação de sábado, tendo sublinhado a necessidade de implementação dos ritmos nacionais na linguagem musical do jazz.

"Fui surpreendido com estes excelentes músicos não residentes em Luanda e é uma sensação extremamente agradável. Penso que isso é muito bom para a música e o entendimento que as pessoas possam ter da música que se faz no país e também da importância de se ter uma visão mais aberta das coisas”, observou o ministro.

De músico para músicos

O emblemático músico Filipe Mukenga foi uma das personalidades que prestigiou o concerto na noite de sábado. No final do espectáculo, Filipe Mukenga subiu ao palco e endereçou palavras de encorajamento a todos os artistas envolvidos na segunda edição do festival.

"Foi uma sensação extremamente agradável, surpreendente. Eu não poderia de maneira nenhuma imaginar que há muitos jovens dedicados à música clássica e ao jazz. Portanto, começa a haver uma diversificação”, destacou o músico. 

Filipe Mukenga falou da universalidade do jazz e da importância de se criar um jazz com uma identidade própria no país, tendo observado a ousadia musical dos executantes.

"Tocaram alguns temas internacionais que nós já ouvimos  e juntaram  outros temas angolanos, transformados ao estilo de cada um, e penso que isso é muito bom para a música”, explicou.

Com mais de 50 anos de carreira, o compositor e cantor teceu elogios às bandas Sons de Mayombe, oriunda de Cabinda, e Sul Jazz, proveniente de Benguela, bem como a cantora Angie Napende, proveniente da Huíla.

"Quando estiver com os vossos governadores perguntarei onde vocês andam, porque é importante conhecer os locais onde se exibem. Foi muito bom o que se viu aqui”, prometeu Filipe Mukenga.

A segunda edição do Festival Angojazz iniciou na terça-feira e encerrou ontem, tendo sido realizada nos espaços Palácio de Ferro, Instituto Guimarães Rosa e Fundação Arte e Cultura. Participaram a banda Angojazz, mentora do projecto, que levou como propostas nacionais Jazzversando, The Groove, na interpretação de Dimuka Gourgel, Aylasa Tchipilica, Kaddesh, Angie Napende, Cassilva Band, Ipolite Anderson de Cabinda, Sul Jazz de Benguela, Tuapandula Singers, Sofia Grácio e GM Jazz Band. A americana Aisia Casanova e os franceses Jean Renan e Amandine Jazz foram os estrangeiros presentes.

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