Cultura

“Fiéis Infiéis” anima fãs no palco da Liga Africana

A peça de teatro “Fiéis Infiéis” do grupo “Jovem da Mulemba” foi exibida, sábado, no palco da Liga Africana, em Luanda, em alusão as celebrações do Março Mulher, um evento marcado pela entrega de diploma de mérito aos parceiros, no início do espectáculo.

15/03/2023  Última atualização 08H50
© Fotografia por: DR

A obra do encenador António Kativa, aborda de forma dramática, acções e comportamentos sobre a questão da mercantilização da fé e da teologia da prosperidade, levando à reflexão de todos os presentes a pensarem de forma profunda na nova realidade que se vive, actualmente, nas igrejas.

Durante hora e meia, os actores Reis Sila, personagem de evangelista Sérgio Fernandes), Feliciana Carlos (esposa do evangelista Sérgio), Círio Cardoso (evangelista Denzu), Jully Dos Santos (mama Adelaide), Suzeth dos Santos (Mimi), Benvindo Ferraz (Man Vena), Isy Sil e Rossana Fortuna (irmãs da igreja), Paciência Nkrumah (reverendo Israel), António Kapangu (profeta Pecossy), desdobram o enredo baseado num drama, que acaba nas barras da justiça.

A exibição da peça "Fiéis Infiéis”, que marcou a abertura do ano cultura do grupo, fez lotar a sala de espectáculo da Liga Africana, deixando o público animado, sorridente e satisfeito pela qualidade da peça e pela encenação dos actores do grupo "Jovem da Mulemba”, que conquistou a confiança da assistência.

O director e encenador do grupo, António Kativa, disse sentir-se satisfeito com a moldura humana que se fez presente para assistir ao espectáculo. "É fruto de muito trabalho, desde a equipa de produção, os actores e o protocolo, todos nos envolvemos e o contributo de todos deu esse resultado maravilhoso. Não estava a espera dessa moldura humana toda, estava receoso, mais é de louvar o apoio de todos os presentes”, frisou.

António Kativa acrescentou que a arte tem como objectivo lançar as sementes, pois como frisou "o artista é como o agricultor, não é certo que todas as sementes brotem, mais é certo que se lança e as mesmas vão para terra e temos a certeza que algumas vão brotar no seu tempo”.

O encenador salientou que foi lançado o repto para a sociedade e do ponto de vista individual, "esperamos que as pessoas colhem as partes boas da peça e reflectam em torno das partes positivas e trabalhar nas partes negativas para que se melhorem essas práticas”.

Loureço Paposseco, uma das pessoas que assistiu a exibição da peça, disse que o espectáculo de teatro "Fiéis e Infiéis” é uma chamada de atenção para a sociedade, face a alguns aproveitamentos que têm-se tido com a mercantilização da fé. "Muitos não vão pregar a palavra de Deus, mais aproveitam-se das dificuldades das pessoas para fazerem um comportamento negativo e não são aceitáveis essas situações, pois, devem ser levadas em conta do ponto de vista social e psicológico”, disse Loureço Paposseco.

Por outro lado, salientou que se deve fazer um estudo sociológico e uma estruturação psicológica da população angolana. "Para os pastores que têm essas práticas devem parar de abusar da bondade da fé das pessoas”.

De igual modo, Adérito Ngadiama, outro jovem que também esteve na plateia, agradeceu a iniciativa do grupo em levar ao espaço cénico a reflexão dessa problemática, tendo afirmado que a peça foi muito sugestiva e não poderia perdê-la. "Devemos ter muito cuidado com as nossas interpretações do comportamento de certos pastores, pois muitas pessoas que dirigem igrejas ou seitas religiosas, muita das vezes usam o nome de Deus para benefício próprio. Devemos prestar mais atenção a isso”.

Aconselhou à todos os líderes religiosos que praticam esse acto a pararem e que vivam da honestidade, porque atitudes como essas torna-nos maus e estaremos a mentir à nós mesmos e nunca à Deus. Por sua vez, a jovem Marta Santos referiu que gostou de assistir a peça e que não se arrepende de perder  hora e meia para se alegrar com a encenação dos actores, tendo ficado satisfeita com o enredo do espectáculo. "Os crentes devem desacreditar os pregadores que tenham práticas como estas que acompanhamos na representação da peça, e devemos denunciar às autoridades de directos comportamento do género”, disse.

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