Cultura

Festival de curtas-metragens homenageia realizador Asdrúbal Rebelo

Mário Cohen

Jornalista

O cineasta Asdrúbal Rebelo vai ser homenageado na 4ª edição do Festival Internacional de Curtas-metragens da Kianda (FESC-KIANDA), que decorre de 20 a 27 do corrente mês, no Centro Cultural Brasil-Angola, à Baixa de Luanda.

14/01/2023  Última atualização 07H20
© Fotografia por: DR
A informação foi avançada, ontem, em Luanda, pelo director do FESC-KIANDA, Vânio de Almeida, durante a conferência de imprensa realizada no auditório do Horizonte Njinga Mbande.  

Vânio de Almeida revelou que o realizador Asdrúbal Rebelo tem sido dos poucos "kotas” que vêm desde a época áurea do cinema angolano a trabalhar sem vacilar, produzindo documentários à boa moda africana, divulgando e valorizando os traços artísticos e culturais de Angola e de outros povos de língua portuguesa. 

Dono de uma trajectória invejável, acrescenta,  Rebelo foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, edição 2014, na categoria de Cinema e Audiovisuais, pela série "Valeu”, exibida, em Maio, pela Televisão Pública de Angola (TPA), sobre a vida de antigos pioneiros guerrilheiros que participaram na Luta de Libertação Armada em diferentes pontos do país. 

Honrar Asdrúbal Rebelo, afirma, significa que o festival está a reconhecer os feitos do realizador por ser uma das grandes referências na sétima arte em Angola e também nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). 

Deu ainda a conhecer que uma das grandes novidades desta edição do FESC-KIANDA será a vinda da cineasta brasileira Ana Cavazzana, tendo como principal missão ministrar uma formação aos técnicos de cinema angolanos. 

A organização convidou a realizadora brasileira por possuir uma vasta experiencia no cinema, formada em Artes Cénicas e Cinema, além de trabalhar com audiovisual há mais de 22 anos. 

Ainda durante a conferência, o responsável do festival disse que neste edição vão distinguir outras categorias do cinema, respectivamente a melhor trilha sonora, produtor, figurino e entre outras. 

Nas edições anteriores, explica, dentre as áreas que eram premiadas, destacam-se melhor actor, filme, realizador, roteiro e produção. Para este ano, destaca o director, uma das grandes finalidades do evento será brindar os convidados com melhores dos PALOP. 

Apesar da entrada ser livre, assegura, o Centro Cultural Brasil-Angola garante uma capacidade de 250 lugares. Está agendado para exibição de cinco curta-metragens por dia. 

Além do país anfitrião, vão participar na actividade o Brasil, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. No total, o FESC-KIANDA recebeu 447 inscrições, das quais  foram seleccionadas 25 curtas-metragens. 

A representante da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, Alcresia Cavala, apontou que o festival da Kianda enquadra-se dentro da agenda cultural das celebrações do Dia da Fundação da Cidade de Luanda, que  se assinala a 25 de Janeiro.  

Alcresia Cavala garantiu que todos os anos contamos que a Comissão  da Cidade de Luanda vai prestar apoio à festa de curtas-metragens realizada pela FES-KIANDA, parta que o festival seja uma marca da cidade.

Uma referência no cinema

Asdrúbal Rebelo é uma das grandes referências na sétima arte em Angola. Asdrúbal Rebelo nasceu em Luanda a 7 de Janeiro de 1953, tendo passado pela antiga Escola Industrial, onde frequentou o curso de Pintura Decorativa, o que o levou, antes de se dedicar ao cinema, à profissão de desenhador e decorador de interiores, na Junta de Acção Social do Trabalho de Angola (JASTA) em 1973.

Em 1974, quando entra para a TPA, a cenografia foi a sua primeira arte. Depois foi operador de câmara de vídeo e realizador de programas para crianças e fez filmes sobre os problemas dos mais novos.

Depois desta experiência, a marca dos seus filmes e programas de televisão passaram a assentar, na generalidade, no universo real e sonhador das crianças, razão pela qual criou o emblemático "Futuro da Nação”, o primeiro programa infantil da Televisão Pública de Angola (TPA), precedido da história ficcional "A caminho da escola”.

Do conjunto da sua filmografia constam os seguintes trabalhos: "Nascidos na Luta”, "A Luta Continua”, "O Balão”, "Vento de Esperança”, "Filhos da Rua”, "Levanta, Voa e Vamos”, "Velhos Tempos, Novos Tempos”, "Museus” e "Escrever a Vida”.

Asdrúbal Rebelo frequentou em 1975 um curso de Cinema e Televisão, orientado pelos franceses Bruno Moel, Antoine Bonfanti e Marcel Trillat, técnicos da Unicité. Para amadurecer as suas teorias e práticas, ele e seus contemporâneos dedicaram-se bastante à leitura, ao visionamento de filmes e debates com Luandino Vieira, Edmundo Rocha e Ruy Duarte de Carvalho. Como reconhecimento das suas competências profissionais, foi admitido a frequentar o terceiro ano da Faculdade de Cinema, da Universidade Carolina, Checoslováquia, em 1983 e 1984. Entre as distinções internacionais, destacam-se um Globo de Prata para o documentário "Levanta, Voa e Vamos”, em 1988, no Festival de Aveiro, em Portugal. Em 1990 é atribuído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) o prémio de melhor documentário pelo filme "Escrever a Vida” e Menção Especial do júri para "Ilha a Ilha”, na Mostra Atlântica da Televisão dos Açores. Asdrúbal Rebelo participou no Festival Mundial da Juventude e Estudantes em Cuba, 1978, e na Semana do Cinema Angolano, na Bulgária, 1981.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura