A arte “Sona” - desenhos na areia -, uma das mais belas atracções da cultura Lunda Cokwe, vai ser apresentada no Festival Provincial das Tradições Populares, previsto para o fim deste mês, no Dundo, capital da Lunda-Norte.
Além da arte "Sona”, vão ser realizados espectáculos musicais, de dança, mostra de gastronomia e de artes plásticas (esculturas).
O responsável referiu que por se tratar de um bem patrimonial a nível nacional, cuja intenção do Executivo é inscreve-la na Lista do Património Mundial, o "Sona” constitui um dos destaques, com vista a reforçar a sua visibilidade e divulgação.
Com os sinais gráficos do "Sona”, o povo lunda aprendeu a transmitir as posições geográficas, traçando os pontos cardeais, tais como, Norte, Sul, Este e Oeste, incluindo o ensino da geometria aritmética e jogos tradicionais.
Lamentou o facto de que nos últimos tempos existirem poucos executores de "Sona”, correndo risco de extinção desses importantes símbolos gráficos de comunicação do povo lunda.
Segundo o director, o "Sona” constitui um processo educativo que anteriormente servia os lundas em diversas etapas, começando com o "mukanda”, em que o adolescente aprendia a desenhar até à fase adulta.
"Ao todo são quatro etapas que a pessoa passa para aprender o "Sona”, por isso, é considerado uma arte complexa de ser executada”.
Inicialmente, o "mungongue” era uma instituição reservada às mulheres, enquanto o "txiwila” para os homens, tendo em conta o grau de dificuldade que a primeira escola exigia. Por esse motivo, houve necessidade de se inverter a pirâmide.
Reza a história de que existiu um teste em que, para se entrar no "mungongue”, o candidato devia passar por uma linha imaginária, em que a "Nenga” (mulher) se não conseguisse atravessar, ultrapassada pelo "Katchi” (homem) que, por sua vez, passava por um obstáculo.
Sublinhou que a partir daquele momento, o homem começava a frequentar o"mungongue” e a mulher a "txiwila”.
José Fernandes espera que no final do Festival a sociedade esteja sensibilizada para despertar sobre a importância da escrita "Sona", pondo de parte os rituais que são exigidos pelo "mungongue”, de modos a se evitar a evocação dos espíritos malignos.
"A nossa intenção é resgatar os elementos positivos que a grande escola, ‘mungongue’, transmitia para o engrandecimento dos valores culturais do povo, e transportá-la para o mundo moderno”, defendeu.
Durante o certame, de acordo com o director, vão ser realizadas, também, conferências, colóquios e debates sobre rituais e património dos povos da região Leste.
As danças e músicas são de estilos diferentes, com realce ao "kandoa”, "kassecumuna”, "makopo”, "nzanza”, "kundulai”, "maringa”, "kalabula” e "txanga”.
Gastronomia e artesanato
Empreendedores do ramo de hotelaria e restauração vão participar com exposição de pratos típicos da gastronomia local, em representação dos dez municípios da Lunda-Norte.
"Xima” (funge ) com diferentes molhos, como, "macoso” (catato) , "uwa” (cogumelos), entre outros, pratos típicos que os expositores vão apresentar durante o festival aos presentes no evento.
Os rituais feitos durante a actividade de caça vão ser exibidos, com o objectivo de mostrar à nova geração a forma como os seus ancestrais conseguiam alimentos para sustento das famílias, que antes eram transmitidas em escolas tradicionais, em particular no "mukanda” (circuncisão).
Explicou que é intenção do Governo da Lunda-Norte institucionalizar o Festival das Tradições Populares, para que seja anual, visando à promoção da cultura, com destaque do "Sona”, um património material, que carece de preservação e divulgação.
O director da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos afirmou que, vão trabalhar no sentido de conseguir apoios da classe empresarial local, tendo em conta a dimensão do festival. Lembrou que nas décadas anteriores, entre 1970 e 1980, com o suporte da então Companhia de Diamantes de Angola, a Lunda-Norte realizou eventos do género, que culminaram com a criação do Museu Regional do Dundo, em 1936, por José Redinha (1905-1983), etnógrafo e antigo funcionário da administração colonial portuguesa em Angola.
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