Cultura

Feira de produtos culturais incentiva a criação artística

Uma feira de produtos culturais, com a participação de 15 expositores, acontece amanhã, das 9h00 às 18h00, no Largo do Pelourinho, em Luanda, como forma de incentivar a criação artística.

16/04/2021  Última atualização 07H42
Espaço localizado na Ingombota era subaproveitado, apesar da importância histórica © Fotografia por: Contreiras Pipa | Edições Novembro
Inserida nas comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a ser assinalado no domingo, 18, a iniciativa, do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, inclui, ainda, o descerramento, a partir das 9h00, da Placa de Identificação na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré e da Nossa Senhora do Cabo, classificadas, o mês passado, como Património Histórico-Cultural do país. A cerimónia vai ser presidida pelo ministro Jomo Fortunato.

O administrador do Distrito Urbano da Ingombota, Rui Duarte, considera a feira uma forma de promover, preservar e dar a conhecer às novas gerações a importância histórica do Largo do Pelourinho,  classificado como Monumento Nacional, e para a recolha de contributos necessários à maior valorização do espaço.

A feira, disse, está a ser promovida em parceria com o Instituto Nacional do Património Cultural (INPC). "Está tudo garantido para o êxito da iniciativa”, garantiu, além de adiantar que outra meta é promover e incentivar o talento e a criatividade dos jovens artistas.

No decorrer da feira, realçou, os participantes vão poder trocar experiências no domínio artístico e cultural. "É uma forma de desenvolverem as próprias criações, por via das artes. Queremos desta forma reunir as manifestações artísticas dos mais diversos locais do país num único espaço”, disse.
Para esta edição, acrescentou, foi convidado a participar, no âmbito do apoio às pequenas iniciativas empresariais, um grupo de feirantes de várias disciplinas artísticas, inclusive produtores de fruta, que vai fazer uma exposição, com a participação de dez zungueiras.


Valor histórico
O administrador do Distrito Urbano da Ingombota disse que pretendem fazer um ensaio, com a implementação de bancadas provisórias no espaço, como forma de, no futuro, o tornar melhor aproveitado. "Queremos tornar o largo num local de feiras periódicas”, informou.

Rui Duarte vê a iniciativa cultural como uma oportunidade para alargar o mercado de negócios nas imediações. "Estão em curso vários projectos de requalificação dos locais históricos do distrito, que arrancaram com a recuperação da Rua dos Mercadores e agora o Largo do Pelourinho, pelo valor histórico. "Nesses dois locais, na era colonial, os negros eram expostos em feira, onde eram exibidos os mais resistentes ao trabalho forçado”, sublinhou.

A falta de recursos financeiros, lamentou, tem sido um dos maiores entraves para a materialização de outros projectos de recuperação e requalificação de espaços, ligados à brutalidade da escravatura, que têm um simbolismo histórico para o país.


O largo
Nome conhecido desde o século XVII, Ingombota é tida, para alguns, como "local dos escravizados foragidos” e, para outros, como "local dos mercadores de dinheiro”. O Largo do Pelourinho é o local onde se castigavam os escravos fugidos e, sobretudo, as autoridades nativas que se opunham ao processo de implantação do novo poder.

Como uma das artérias calcetadas de Luanda, a partir de 1779, o Largo do Pelourinho, ao lado da calçada Baltazar de Aragão, surge no âmbito das vias abertas para ligar a cidade alta à baixa. As casas da rua dos Mercadores, onde está o largo, com piso térreo para o comércio e piso superior como residência senhorial, possuíam vastos quintalões, que eram utilizados para o armazenamento dos escravos, arrancados do interior da colónia para serem vendidos nas Américas, através do porto de Luanda.

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