Economia

Fazenda no Cunene colhe duas mil toneladas de arroz

Elautério Silipuleni | Ondjiva

Jornalista

Duas mil toneladas de arroz estão actualmente em processo de colheita no projecto agro-industrial de Maquete, na comuna de Mucope, município de Ombadja, província do Cunene, numa área de cultivo que abrange 300 hectares.

27/03/2024  Última atualização 11H30
A fazenda tem três silos com capacidade para armazenar três mil toneladas de cereais cada © Fotografia por: DR
Anteriormente sob propriedade do Fundo Soberano, o complexo agro-industrial (agora é gerido pelo Ministério da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, conforme o despacho presidencial n.º 132/18), a produção de arroz em Maquete é destinada às unidades militares das Forças Armadas Angolanas (FAA).

O director do projecto agro-industrial, tenente-coronel Isaías Veigas, informou ao Jornal de Angola que "os trabalhos estão a progredir bem e as estimativas apontam para uma colheita de cerca de duas mil toneladas de arroz de diferentes variedades até meados do próximo mês de Maio”.

Na fazenda Maquete, o responsável contou que, após um intenso trabalho de correcção em 300 hectares utilizando calcário, gesso e dolomita para neutralizar a acidez do solo, os resultados da produção de arroz foram bastante positivos. "Diariamente, as colheitadeiras colhem cerca de 25 toneladas de arroz de grãos finos em aproximadamente oito horas de trabalho, de segunda a sexta-feira”, sublinhou Isaías Veigas, detalhando que  "o arroz cultivado na fazenda é destinado aos órgãos de defesa e segurança, com o objectivo de reduzir as importações de produtos vegetais”.

Segundo o tenente-coronel, a produção de arroz ocorre em duas safras diferentes: a primeira é plantada de Outubro a Novembro e colhida em Abril, em uma área de 300 hectares; a segunda ocorre em Dezembro, com previsão de colheita em Maio deste ano, numa área de 700 hectares. O foco principal é a produção de arroz em larga escala.

Em 2010, o projecto Manquete foi aprovado pelo Governo angolano através de uma linha de crédito do Banco de Desenvolvimento da China, com um investimento inicial de cerca de 85 milhões de dólares. O objectivo principal era aumentar a produção de cereais no país e reduzir a necessidade de importação, com foco especial no arroz.

A fazenda foi equipada com duas unidades de processamento de arroz, forno de secagem, máquinas de descasque e embalagem, áreas de limpeza, branqueamento do cereal e três silos, com capacidade para armazenar três mil toneladas de cereais cada.

Além disso, o projecto conta com seis estações de bombeamento de água e extensos canais de concreto para irrigação, um laboratório,  de máquinas e oficina, alojamento com 37 quartos do tipo T3 para os técnicos, um posto médico interno, refeitório e outras instalações.

A unidade fabril tem uma área de produção que pode processar até 120 toneladas por dia, uma balança com capacidade para 50 toneladas e armazéns para insumos agrícolas.

Diversificação das culturas

Além do cultivo de arroz, Manquete planeia, para a próxima temporada agrícola,a preparação de 200 hectares de solos aráveis para a produção experimental de trigo e feijão. Isaías Veigas explicou que, no mês de  Maio, o período frio começa, "bem como a abundância de recursos hídricos e solos férteis, factores essenciais para abraçar o projecto e permitir a rotação de culturas de arroz e trigo nos campos de produção”.

"Temos espaço suficiente para cultivar variedades de produtos, como feijão, milho, sorgo, batata e hortaliças, em 2023 plantamos em 100 hectares e obtivemos colheitas acima da média", enfatizou.

Assistência aos camponeses

A empresa também mantém um programa de assistência a centenas de famílias camponesas das aldeias próximas à fazenda, fornecendo sementes de hortaliças, fertilizantes, preparação do solo e suporte técnico para garantir uma boa safra de cereais, tubérculos e hortaliças.

A política de auxílio tem o objectivo principal de garantir que os agricultores tenham não apenas comida para sustentar as suas famílias, mas também para comercializar e investir o dinheiro arrecadado no aumento de suas áreas de cultivo. Além disso, busca-se reduzir a dependência de alimentos de outras regiões da província na comuna de Mukope.

Actualmente, está em andamento o processo de reassentamento da população que vivia dentro da fazenda, a distribuição de merenda escolar para os alunos da educação primária da comuna e a criação de áreas de pastagem ao redor para evitar a invasão de campos de cultivo por gado bovino e caprino.

O empreendimento está localizado numa área de 10 mil hectares, dos quais 2.500 são destinados ao cultivo, enquanto o restante é reservado para infra-estruturas.

A área cultivável é composta por quatro campos  irrigados por inundação, a partir dos canais de irrigação do rio Cunene, além de quatro estações de captação e 21 comportas para irrigação e drenagem das águas dos campos.

O projecto conta com um total de 79 trabalhadores, sendo 52 locais, 27 provenientes de outras províncias e oito desmobilizados das FAA que beneficiaram de formação de base de técnicas de cultivo dos cereais.

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